12 por 8” já não é mais o ideal: entenda o que mudou na pressão arterial | Saúde em Dia | F5 News - Sergipe Atualizado

12 por 8” já não é mais o ideal: entenda o que mudou na pressão arterial
A médica Dra. Loren Suyane Oliveira de Andrade explica as novas diretrizes sobre pressão arterial
Blogs e Colunas | Saúde em Dia 02/11/2025 08h12 - Atualizado em 02/11/2025 08h30

Manter a pressão arterial sob controle é essencial para preservar a saúde do coração e prevenir doenças graves, como o infarto e o AVC. Durante muito tempo, o número “12 por 8” foi considerado o padrão de normalidade da pressão arterial, mas os avanços na medicina e novas diretrizes têm mostrado que o conceito mudou. Para esclarecer o que realmente é considerado pressão normal hoje, quais cuidados devem ser adotados e quando o uso de medicamentos é necessário, conversamos com a médica Dra. Loren Suyane Oliveira de Andrade, Geriatra com especialização em Cardiogeriatria e professora universitária, que traz informações importantes e atualizadas sobre o tema.

Dra. Loren Suyane - Por que 12 por 8 não é mais considerada pressão normal?

Saúde em Dia - A pressão arterial de 12 por 8 (ou 120 x 80 mmHg) já foi considerada normal por muito tempo, porém estudos vêm mostrando que valores de pressão acima de 12 por 8 já estão associados a um maior risco de doenças cardiovasculares do que valores abaixo desse ponto, como 11 por 7, por exemplo. Por esse motivo, a nova diretriz brasileira de hipertensão classifica como Pré-hipertenso aqueles pacientes com valores de pressão entre 12 por 8 e 14 por 9 (mais precisamente entre 120x80 e 139 x 89 mmHg). O diagnóstico de hipertensão continua sendo estabelecido quando a pressão está acima de 14 por 9 (140 x 90 mmHg). É importante ressaltar que o valor da pressão varia de um dia para o outro, podendo por vezes o mesmo paciente ter valor de pressão de 13 por 8 em uma consulta e 11 por 6 em uma outra consulta. Por esse motivo, para estabelecer o diagnóstico de pré-hipertensão ou hipertensão de maneira adequada, o ideal é que sejam feitas medidas de pressão arterial no domicílio, que refletem melhor a verdadeira pressão do paciente. Isso pode ser feito através da MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial), que é um exame que serve para medir a pressão arterial da pessoa durante 24 horas, em seu dia a dia, inclusive durante o sono. Quando esse exame não é disponível, podemos fazer uma MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial), onde o próprio paciente vai medir sua pressão ao longo de uma semana e anotar esses valores em uma tabela. Então na consulta, o médico faz a média desses valores da pressão medida em domicílio. A medida da pressão no domicílio deve ser feita, idealmente, através de um aparelho de pressão automático de braço, e não de punho, pois o aparelho de braço é mais preciso na medição. Através desses métodos de medidas domiciliares, consideramos o paciente hipertenso quando a média da pressão está acima de 13 por 8 (130 x 80 mmHg).

Saúde em Dia - Quem tem pressão 12 por 8 precisa tomar remédio de pressão?

Dra. Loren Suyane - Não, quem tem uma pressão arterial de 12 por 8 não precisa, necessariamente, tomar medicação de pressão. Essa mudança na classificação tem como objetivo identificar precocemente indivíduos em risco de desenvolver hipertensão e estimular a implementação mais proativa de medidas não farmacológicas para prevenir a progressão para hipertensão. Se uma pessoa é pré-hipertensa e, portanto, tem a pressão maior que 12 por 8, ela deve ser estimulada a realizar medidas não farmacológicas para controle da pressão arterial e redução do risco cardiovascular. Essas medidas devem ser recomendadas pelo médico e profissionais de saúde, pois devem ser personalizadas para cada perfil de paciente. Exemplos de algumas dessas medidas: restrição de sódio (consumir até 5g de sal por dia), aumento da ingestão de potássio (desde que não haja contraindicação, como doença renal avançada ou pacientes com potássio já elevado), diminuição do consumo de bebida alcóolica, prática regular de atividade física, parar de fumar, meditação e aspectos relacionados à espiritualidade. Indicamos o tratamento com remédios de pressão quando o paciente é hipertenso (tem a pressão acima de 14 por 9) ou quando é pré-hipertenso, tem risco cardiovascular alto e as medidas não farmacológicas não são suficientes para controlar a pressão, mantendo-se abaixo de 13 por 8.

Saúde em Dia - Qual é o valor ideal de pressão arterial para quem já é hipertenso e toma medicação?

Dra. Loren Suyane - Outra mudança importante da nova diretriz brasileira de hipertensão foi com relação às metas de tratamento. Para as pessoas que já são hipertensas e fazem uso de medicamentos, a recomendação e que a pressão seja mantida abaixo de 13 por 8 (130x80 mmHg). Esse é o valor ideal para reduzir o risco de complicações relacionadas à hipertensão, como infartos, derrame, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, alteração cognitiva de demência. Sim, é isso mesmo! O controle adequado da pressão arterial é uma das medidas para prevenção de demência. Essa meta, porém, pode variar dependendo da saúde geral do paciente, idade, comorbidades e a avaliação contínua do médico.

Saúde em Dia - No idoso, o valor da pressão deve ser igual ao de um jovem?

Dra. Loren Suyane - Não, a pressão arterial ideal para um idoso não é necessariamente a mesma que para um jovem. Para idosos saudáveis, com uma boa condição de saúde, vamos recomendar as mesmas medidas dos pacientes jovens e teremos como meta atingir valores de pressão abaixo de 13 por 8. Porém, para idosos frágeis e debilitado, mais propensos a sofrerem efeitos colaterais dos remédios, a pressão mais baixa pode aumentar o risco de quedas, tontura e outros problemas de saúde. Para esse perfil de idosos, o valor recomendado para pressão arterial pode ser um pouco mais alto, dependendo da sua tolerância aos remédios. O objetivo é reduzir os riscos de complicações associadas à hipertensão, sem causar efeitos adversos pela pressão muito baixa.



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André Carvalho é jornalista há mais de 20 anos. Formado pela Universidade Tiradentes (Unit), possui especialização em Marketing pela Faculdade de Negócios de Sergipe (Fanese). Foi apresentador de programa de rádio e televisão, e atuou como assessor de comunicação de vários órgãos públicos e secretarias municipais e estaduais. Atualmente, é editor do Caderno Saúde em Dia.

E-mail: jornalistaandrecarvalho@gmail.com

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