Ser professor no Brasil: entre desafios, amor e transformação | F5 News - Sergipe Atualizado

Dia dos Professores
Ser professor no Brasil: entre desafios, amor e transformação
Educadores de diferentes áreas refletem sobre as diversas realidades e o poder transformador que o professor tem na vida do aluno
Conteúdo Especial | Por F5 News 15/10/2025 10h52 |


Ensinar sempre foi mais do que repassar conteúdos. É um ato de resistência, de amor e de transformação. No Brasil, onde a educação enfrenta constantes desafios, ser professor exige coragem e propósito. Neste 15 de outubro, Dia dos Professores, o F5 News ouviu educadores de diferentes áreas para entender o que significa ensinar nos dias de hoje e o que os motiva a seguir em frente, mesmo diante das dificuldades. As falas revelam diferentes realidades, mas todas se encontram em um ponto comum: a crença de que educar é um dos maiores atos de esperança.

Com duas décadas de experiência em sala de aula, a professora Claudia Evaristo, que atua na rede particular e também já trabalhou em escolas públicas, descreve um cenário preocupante. Para ela, o professor perdeu espaço e respeito dentro da sociedade. “Eu comecei a ensinar em 2005 e nunca vi uma época tão desrespeitosa quanto essa. Perdemos autoridade na sala de aula e somos desvalorizados, tanto na esfera pública quanto na privada”, afirma. Ela relata que a interferência de pais e responsáveis nas decisões pedagógicas tem contribuído para esse cenário. “Hoje o aluno escolhe se quer ir à escola, o que quer vestir e até como deve ser tratado. Isso reflete uma educação permissiva demais. Se os pais continuarem ditando o que a escola deve fazer, a educação entrará em crise nos próximos anos”, alerta.

Mesmo diante das dificuldades, Claudia não pensa em abandonar o magistério. O que a mantém firme é a vocação. “Eu tenho dom para ensinar. O que me motiva é saber que ainda existem alunos que valorizam o professor e reconhecem o impacto que ele tem em suas vidas”, diz emocionada.

Na rede pública, a professora Letícia Santos vive a docência como uma missão de vida. Desde a infância, ela sonhava em estar diante de uma turma, ensinando e aprendendo todos os dias. “Ser professora pra mim nunca foi só uma profissão. É um chamado. É formar pessoas, acreditar nelas, mesmo quando o mundo duvida. É se reinventar diante das mudanças e lutar por valorização sem perder a essência”, afirma.

Letícia reconhece as dificuldades da carreira, mas acredita que o papel do professor vai muito além do ensino de conteúdos. “O professor é o coração da educação. Ele forma consciências, desperta empatia e ajuda a construir o pensamento crítico. Nenhuma tecnologia substitui isso. Para muitos alunos, o professor é a única pessoa que escuta, incentiva e acredita neles”, reflete. Ela reforça que o reconhecimento da profissão deve ir além das homenagens. “Mais do que aplausos, precisamos de respeito, estrutura e voz. O professor transforma vidas e também é transformado todos os dias pela sala de aula.”

Na formação profissional, o papel do educador também é decisivo. No Senac, a instrutora Márcia Vasconcelos, que atua no Programa de Aprendizagem, vê sua função como uma oportunidade de mudar trajetórias. “Ser instrutora de formação profissional é assumir o compromisso de transformar vidas por meio do conhecimento. É orientar, inspirar e preparar pessoas para os desafios do mundo do trabalho”, explica.

Márcia destaca que o principal combustível de sua rotina é ver o aprendizado acontecer na prática. “O brilho nos olhos dos alunos quando eles compreendem algo novo é o que me motiva. Compartilhar conhecimento é deixar um legado, é contribuir para o desenvolvimento da sociedade.” Para ela, o instrutor tem papel essencial na formação de jovens para o mercado. “Somos mediadores entre teoria e prática. Ajudamos o aluno a desenvolver não só habilidades técnicas, mas também valores como ética, responsabilidade e trabalho em equipe. Mais do que ensinar uma profissão, formamos cidadãos conscientes e preparados para o futuro.”

No ensino superior, a professora Roseli Nunes, que leciona na Universidade Tiradentes, destaca que o papel do professor universitário vai muito além da transmissão de conteúdos. “Ser professor no contexto atual significa compreender que o ato de ensinar não pode ser resumido a simples repasse de informações. É preciso mediar diferentes saberes, reconhecer que os alunos já chegam à sala de aula com repertórios próprios e fazer o conhecimento técnico dialogar com o social e o humano”, afirma.

Roseli acredita que o educador precisa ser um elo entre o conhecimento e a vida. “O professor do futuro é aquele capaz de estabelecer diálogos entre diferentes áreas, convidar à criticidade, à criatividade e à interdisciplinaridade. O ensino precisa inspirar, provocar e mostrar que aprender vai muito além de estudar para uma prova. É aprender com a vivência, com a diversidade e com as relações que a universidade proporciona”, explica.

Para ela, o que a mantém motivada é o poder transformador da educação. “O ensino tem um poder transformador. Cada aluno é capaz de aprender muito mais do que aquilo que está nos livros. O que me move é saber que, de alguma forma, minha presença em sala de aula pode contribuir para essa expansão de compreensão e de vivência. A formação universitária ainda depende desse contato humano, desse olho no olho que a universidade proporciona”, diz.

As vozes de Claudia, Letícia, Márcia e Roseli representam milhares de profissionais que, mesmo diante da falta de valorização, acreditam no poder da educação. O Dia dos Professores é, portanto, mais do que uma data de homenagem. É um lembrete da importância de quem dedica a vida a ensinar, formar e inspirar. Ser professor hoje é resistir, é lutar, é acreditar. Mas, acima de tudo, é continuar acreditando que, por meio do conhecimento, é possível transformar o mundo.

De acordo com dados recentes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Brasil enfrenta uma crescente escassez de professores e, até 2030, o déficit pode se tornar alarmante. A pesquisa aponta que milhões de crianças e adolescentes podem ficar sem acesso à educação de qualidade se medidas de valorização profissional não forem tomadas. Diante desse cenário, histórias como as de Claudia, Letícia, Márcia e Roseli reforçam que, apesar de todos os obstáculos, o compromisso com o ensino segue firme. Porque ser professor, em qualquer esfera, é continuar acreditando no poder transformador da educação.

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