Sergipe deve ser 3º estado mais impactado pelo tarifaço dos EUA
Nova taxa ameaça até 0,89% do PIB estadual e pode inviabilizar exportações aos EUA Economia | Por F5 News 26/07/2025 07h00 |Sergipe deve ser o terceiro estado brasileiro mais impactado pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Isso porque, dados do Comex Stat, plataforma do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), revelam que 31,1% das exportações sergipanas tiveram como destino os Estados Unidos no primeiro semestre deste ano. (veja o ranking completo abaixo).
De janeiro a junho, o volume de comercialização dos produtos sergipanos representou 54,5 milhões de dólares. Os setores de petróleo bruto, sucos cítricos e óleos essenciais foram os que mais enviaram produtos aos Estados Unidos.
Segundo análise técnica elaborada pela Desenvolve-SE, o estado pode ter perdas que alcançam até 0,89% do Produto Interno Bruto (PIB), principalmente em decorrência dessa alta dependência das exportações para o mercado americano consolidada desde 2024.
Os principais produtos enviados por Sergipe aos Estados Unidos são o petróleo bruto e o suco de laranja congelado, que juntos representaram mais de 85% das exportações no primeiro semestre de 2025. Apenas nesses dois segmentos, estima-se que as novas tarifas poderiam gerar um custo adicional de até US$ 50 milhões por ano, tornando os produtos sergipanos até 50% mais caros e, portanto, menos competitivos diante de concorrentes como México e Canadá, que enfrentam taxas mais baixas ou isenção tarifária.
No setor de sucos cítricos, o impacto é ainda mais sensível. O suco de laranja congelado, atualmente comercializado a US$ 5,48 por quilograma, passaria a custar mais de US$ 9 com o novo imposto, o que poderia inviabilizar as exportações. Estima-se que a receita anual com esses produtos cairia de US$ 39,7 milhões para apenas US$ 11,9 milhões, caso o aumento tarifário entre em vigor.
O documento também destaca que, mesmo em um cenário otimista de redirecionamento de 70% da produção para outros mercados, a perda para a economia estadual ainda seria relevante: cerca de 0,27% do PIB.
A dependência excessiva de poucos produtos e de um único mercado torna Sergipe vulnerável a mudanças na política comercial dos EUA, sobretudo em setores como petróleo e agroindústria.
A Desenvolve-SE sugere que, para mitigar os riscos, é necessário investir na diversificação da pauta exportadora, com incentivo à agregação de valor em cadeias como a petroquímica e a de cítricos. A atração de indústrias de cosméticos, por exemplo, poderia aproveitar o potencial dos óleos essenciais cítricos já exportados pelo estado.
Com uma economia estimada em R$ 62,5 bilhões em 2025 e crescimento moderado de 2,1%, Sergipe enfrenta o desafio de manter o dinamismo do comércio exterior diante do cenário protecionista que se desenha no horizonte. O estudo alerta que cada mês de atraso na busca por novos mercados pode representar perdas de mais de US$ 2 milhões em receita para o estado.
Tarifaço
A aplicação da alíquota de 50% sobre os produtos brasileiros começa a valer a partir do dia 1º de agosto.
Trump justificou a tarifa bem acima da taxa de 10% inicialmente proposta, citando dentre as razões decisões judiciais brasileiras envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e empresas norte-americanas de tecnologia.
A tarifa elevada para o Brasil surpreendeu muitos especialistas em comércio, uma vez que suas importações de produtos dos EUA excedem as exportações, e porque Trump vinculou a taxa tão claramente ao julgamento de Bolsonaro.
As tentativas de negociação com os EUA estão sendo conduzidas pelo governo federal que ainda não obteve êxito no contato direto com a Casa Branca.
Participação dos Estados Unidos nas exportações de cada estado (2025)
- Ceará: 52,2%
- Espírito Santo: 33,9%
- Sergipe: 31,4%
- São Paulo: 19,5%
- Rio Grande do Norte: 15,3%
- Rio de Janeiro: 15%
- Santa Catarina: 14,5%
- Maranhão: 13,3%
- Paraíba: 12,4%
- Minas Gerais: 11,6%
- Rio Grande do Sul: 10,2%
- Alagoas: 9,079%
- Amazonas: 8,79%
- Bahia: 8,30%
- Amapá: 7,71%
- Paraná: 6,61%
- Mato Grosso do Sul: 5,97%
- Pará: 5,24%
- Goiás: 5,073%
- Rondônia: 4,90%
- Pernambuco: 4,48%
- Piauí: 3,66%
- Distrito Federal: 3,11%
- Tocantins: 2,49%
- Acre: 1,25%
- Mato Grosso: 1,13%
- Roraima: 0,56%





