Na sessão desta quarta-feira (21), a deputada Conceição Vieira (PT), primeira secretária da Casa, fez pronunciamento para fazer uma reflexão sobre temas em destaque na data de hoje, quando se comemora o Dia Mundial da Água, Internacional da Síndrome de Down e pela Eliminação da Discriminação Racial. Segundo a deputada, vivemos hoje o resultado de um processo de organização social, com base no capital, no mercado, com base nas lutas e estamos num momento de redefinições de diretrizes.

Conceição Vieira defende reflexão para eliminação da discriminação

Ela disse que vemos que esse modelo atual está decaído e é preciso reorganizar nossa caminhada, principalmente no mundo ocidental. “Um paradigma novo que diga respeito a essa reestruturação”, disse. A deputada disse que existem três indicativos graves de problemas de opressão e de exploração vigentes ainda hoje em nossa sociedade: a relação de classe, a relação de gênero e a relação racial étnica. “Ainda são esses três pilares representantes na questão da opressão e da exploração do homem sobre o homem”.

Nesse sentido, um dos temas tratados pela deputada em seu pronunciamento foi quanto à comemoração do Dia Mundial da Água. Conceição Vieira disse que a grande preocupação é com a escassez e a melhor utilização desse bem tão necessário à vida da humanidade. A deputada lembrou que hoje sabemos que nosso subsolo é permeado por água, mas estamos fazendo a ocupação do solo, que transformou Aracaju nessa bela cidade que é hoje. “Mas a preocupação com os nossos rios é muito grande. Precisamos devotar uma atenção para a bacia hidrográfica tão rica que existe em Aracaju”, observou, acrescentando que a capital é banhada por quatro rios importantes para Sergipe e o desafio é como reaproveitá-los, torná-los perenes, enfim, como aproveitar essa riqueza que é a água. Segundo a deputada, é importante que seja feita essa reflexão.

Outro ponto abordado por ele em seu discurso foi quando à Síndrome de Down, que também é comemorado no dia de hoje. A deputada disse que quando fez referência que três temas são opressores e de manifestação exploração do homem sobre o homem na sociedade também inclui um pouco as pessoas com diferenças e entre elas estão as com deficiência e aí está a síndrome, ainda não tão entendida. Para ela, é preciso construir uma sociedade mais acolhedora para com as diferenças.

“As pessoas com deficiência precisam a cada instante ter garantia de seus direitos estabelecidos na sociedade, no espaço de educação e de trabalho. Sabemos que algumas coisas têm sido feitas, mas precisam de muito mais para que se descubra o real potencial que têm essas pessoas dentro de si, mesmo com síndrome”, disse, acrescentando que conheceu recentemente uma pessoa com Síndrome de Down que está cursando faculdade, o que mostra o acolhimento familiar e social que ela teve para ter chegado a esse nível. Conceição Vieira disse que isso precisa ser mais extensivo e global.

Discriminação

Em seu pronunciamento, a deputada petista tratou também sobre o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, que, lembrou ela, não diz respeito apenas à discriminação racial com os negros. Conceição Vieira disse que vários outros grupos étnicos não têm a mesma aceitação e os mesmos direitos que os brancos na sociedade, como os judeus, ciganos e ribeirinhos. “Mas no nosso país a maioria dessas diferenças de grupos diz respeito aos negros, que forma mais presentes, até pela chegada de uma quantidade tão grande em nosso país”.

A deputada destacou que os negros vieram ao Brasil sem direito. “Nesse pouco mais de um século depois da assinatura da Lei Áurea, para se conquistar a liberdade, foi necessário fazer essa retrospectiva que anulasse toda aquela deficiência anterior e falta de perspectiva na sociedade, que construísse essa nova condição para estar concorrendo hoje em patamar de igualdade com os demais segmentos da sociedade”, disse. Conceição Vieira disse que quando se fala isso não é revanchismo, não é querer nada especial, mas é quer uma consciência coletiva de entender que é preciso neutralizar essa diferença que foi tão forte. “Todos tiveram um ponto de partida. Esse grupo humano não teve. Chegou aqui sem direito a espaço algum”, disse.

Sobre essa questão da discriminação, a deputada falou também sobre a existência do racismo que existe no futebol, esporte mais popular do país. Ela, que foi uma das palestrantes do Fórum de Racismo no Futebol, que aconteceu na semana passada, fez uma retrospectiva sobre como os times brasileiros, na época com foco no remo, iniciaram as atividades futebolísticas, colocando trabalhadores negros para jogar nos times, sendo o pioneiro o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. “Mas como foi difícil aceitar eles nos jogos, porque só queiram os brancos. Mas eles [os negros] deram conta do recado”, disse.

A deputada lamentou que jogadores negros ainda sejam chamados de “macacos” e sejam atiradas bananas dentro de campo. “E nós temos visto entrevista do rei do futebol, Pelé, dizendo que não existe racismo no futebol brasileiro, que isso é invenção, que estão valorizando demais essa questão. Vejam que peso tem a voz de um homem desse. Então na hora que você vê uma pessoa com uma história de vida que não compreendeu o processo e que ainda quer camuflar a existência do problema, veja a que nível é a nossa dificuldade”, disse Conceição Vieira. De acordo com a deputada, hoje é um dia de reflexão profunda de todos esses temas e de eliminação de discriminação.

Da Agência Alese