O que floresce depois da queda | Amanda Neuman | F5 News - Sergipe Atualizado

O que floresce depois da queda
Blogs e Colunas | Amanda Neuman 03/08/2025  19h34

Nem tudo que surge de uma crise é ruim. Às vezes nossos traumas são a razão pela qual sabemos como ajudar.

Li essa frase outro dia, no novo livro da Abby Jimenez, autora que conheci esse ano, especialista em me fazer querer sublinhar, respirar fundo e continuar. A personagem, marcada pelas perdas, dizia isso com a calma de quem já gritou muito por dentro. E eu parei ali, no meio do parágrafo, só pra pensar: quantas vezes a gente se sente quebrado demais para ser útil, quando, na verdade, é justamente essa dor que nos torna mais capazes?

A verdade é que ninguém sai ileso da vida. Todo mundo carrega suas cicatrizes - algumas visíveis, outras disfarçadas de força, ironia ou silêncio. Só que tem uma coisa que pouca gente fala: as marcas que nos doeram também podem virar mapas. Elas apontam caminhos que só quem passou conhece. E é por isso que tanta gente ferida acaba virando porto.

Você já percebeu que as pessoas mais acolhedoras quase sempre são aquelas que já passaram por algo parecido com o que você está vivendo? Que o conselho mais certeiro às vezes vem de quem já se sentiu perdido? Que o colo mais firme costuma ter tremido um dia?

Tem algo de bonito (e, sim, parece injusto e cansativo também) nisso de transformar a própria dor em cuidado. Não porque sofrer seja bonito, mas porque é possível atravessar a dor e fazer com que ela tenha um propósito. Não um castigo, não uma explicação forçada, mas um significado que a gente constrói. Um “passei por isso e agora entendo melhor o outro”. Um “não quero que ninguém se sinta tão sozinho quanto eu me senti”. Um “eu sei como é e estou aqui”.

Isso não quer dizer que a gente precise romantizar o trauma ou que precise “agradecer” por ele. Nem tudo precisa virar lição. Mas quando a gente percebe que sobreviveu e que, apesar (ou por causa) disso, agora consegue estender a mão, isso muda tudo.

Você não precisa ser inteiro pra ajudar alguém. Você só precisa estar disposto. Às vezes, o que a vida te deu de mais duro, é também o que você tem de mais precioso pra oferecer.

E, no fim das contas, talvez seja isso que a Abby quis dizer. Que quando o chão falta, a gente aprende não só a se equilibrar, mas a amparar quem tropeça depois da gente.

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Amanda Neuman

Jornalista (UNIT) há 10 anos, mestra em Comunicação (UFS), doutoranda em Sociologia (UFS), pesquisadora na área de redes sociais e influenciadores digitais, e mentora de marketing para empreendedores e Influenciadores. Na internet, como mulher plus size que descobriu o amor próprio e auto estima além dos padrões, compartilha sua vida e vivências com outras mulheres e as encoraja a se amarem como são.

E-mail: amandaneuman.an@gmail.com

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