Presidente do Sintasa defende CPI ou uma ação pública dentro da saúde
Política 22/04/2012 10h49 |Por Miriam Donald e Joedson Telles
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde no Estado de Sergipe (Sintasa), Augusto Couto, aponta problemas de falta de gestão, sobretudo no Hospital de Urgência de Sergipe governador João Alves Filho, de material hospitalar e a eterna superlotação asfixiando qualquer projeto para garantir um bom atendimento aos pacientes. Nesta entrevista, Augusto comenta as críticas que estão sendo direcionadas à Empresa Transurh, do empresário Wellington Carioca. Segundo ele, ao não pagar os salários dos servidores, a Transurh desequilibra as famílias destes trabalhadores. O presidente do Sintasa acredita que algo deve ser feito para evitar problemas como a morte de pacientes. “Acho que o governo tem que ter algum diagnóstico. Não sei se gera CPI ou uma ação pública dentro da saúde para que a gente veja onde é que está ocorrendo o “câncer”, a “ferida”. Eu acredito que ele (o governo) tem poder para isso e nós acreditamos no governo. Se ele não quiser é disso para pior. Vai haver mortes, servidores adoecendo por conta da superlotação. Acredito que é necessário que se faça alguma coisa, seja ela CPI, seja uma apuração dentro do próprio governo para avaliar do próprio governo onde é que está errando e aí encontramos uma solução para atender a população e os anseios da categoria”, diz.
F5 News – Nos últimos dias, a Empresa Transurh vem sendo objeto de várias críticas por parte de políticos da oposição – sobretudo acusa da de não pagar os salários de servidores da Saúde. Como o senhor avalia estas críticas? A Transurh corresponde às expectativas do Sintasa?
Augusto Couto – Uma empresa que é contratada pelo Governo do Estado e não corresponde ao pagamento de salário deveria estar fora do mercado. Nós entendemos que o maior legado do trabalhador é o seu salário, sua renda de alimentação. Quando você foge de um patamar desses que começa a atrasar o pagamento, desequilibra qualquer família. Então, o Sintasa entrou com uma ação contra a Transurh e ganhamos de uma forma cautelar, garantindo o salário dos servidores que está bloqueado em uma conta judicial, mas acreditamos que deve sair de todos os contratos firmados no estado. Ela não correspondeu como no início. Ela tinha que ter a responsabilidade de não atrasar salário e também não deixar os Hospitais sem ter material como papel higiênico, papel toalha, que ela ficou responsável, pela limpeza do hospital. De estar no serviço público dando assistência.
F5 News – O deputado estadual Augusto Bezerra define as Fundações da Saúde como um câncer. O senhor vê sentido na comparação?
A.C. – O deputado tem as suas indagações, a gente respeita. Temos o maior respeito pelo deputado Augusto Bezerra e, de fato, têm algumas situações, hoje na saúde, nas fundações, pois elas vieram para resolver a melhoria na assistência. Nós vemos que há problemas na compra de medicamentos, na compra de material e, até então, não está correspondendo. O Sintasa tem visitado não só a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, mas os Hospitais Regionais e o Hospital de Urgência de Sergipe, e a gente vê que, praticamente, as fundações estão deixando a desejar por muitas situações, não a falta de medicamentos, mas material de limpeza, gel, seringa, e outros utensílios estão, sim, faltando em unidades de saúde. A gente vê que quem está gerenciando, de fato, e foi dito para todos os sindicatos e servidores que as fundações viriam para melhorar e, até então, não estão melhorando.
F5 News – Qual a real condição da saúde pública de Sergipe?
A.C. - A gente avalia por um lado positivo que a saúde tem como melhorar, mas neste momento, a saúde não está bem. Quando você vê a população e os profissionais reclamando, de fato, a saúde não está como deveria estar: bem.
F5 News – Quais os principais problemas do Hospital de Urgência de Sergipe governador João Alves Filho?
A.C. – O principal é a superlotação. Enquanto o Governo do Estado não conseguir resolver o problema se superlotação, vai acontecer toda essa situação que aí está. Superlotação e falta de material. E se falta material é porque falta gerenciamento. Então, a gente vê que enquanto o governo não resolver isso a gente terá vários problemas, como entre os profissionais e a gestão colocando para doutor Antônio e a própria Fundação que, se não existir uma relação do gestor com seus profissionais, vai haver problema. É um problema que está ocorrendo não só no Huse, mas em todos os hospitais regionais. A falta de material é constante e isso vai dificultar todo o andamento. Esses encaminhamentos que têm que ser resolvidos. Se não se resolver, vai continuar do mesmo jeito e não trará melhoria para a população.
F5 News – E na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes?
A.C. - Cai no mesmo patamar do Huse. Nós tivemos lá, na semana passada, e identificamos várias situações dos servidores pedindo para sair porque não aguentam mais a superlotação dentro da UTIN (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal), pois já vem há muito tempo, além da falta de matérias também. É necessário que o governo arregace as mangas para que a gente sempre tenha saúde digna para a população e melhorias proporcionais.
F5 News – O Sintasa é favorável a abertura de uma CPI na área da Saúde?
A.C. – Eu acho que o governo tem que ter algum diagnóstico. Não sei se gera CPI ou uma ação pública dentro da saúde para que a gente veja onde é que está ocorrendo o “câncer”, a “ferida”. Ele tem que primeiro sarar a ferida para que depois comece a melhoria da saúde. Eu acredito que ele (o governo) tem poder para isso e nós acreditamos no governo. Se ele não quiser é disso para pior. Vai haver mortes, servidores adoecendo para conta superlotação tanto na UTIN, quanto no Huse, como também nos hospitais regionais. Acredito que é necessário que se faça alguma coisa, seja ela CPI, seja uma apuração dentro do próprio governo para avaliar do próprio governo onde é que está errando e aí encontramos uma solução para atender à população e aos anseios da categoria.
F5 News – Ainda em relação à superlotação, há a questão de pacientes de outros estados utilizarem os serviços do Huse como, por exemplo, os vizinhos Alagoas e Bahia. Como o Sintasa vê esse problema ocasionado das demandas vizinhas, os funcionários dizem não ter como recusar esses atendimentos? Há solução para isso?
A.C. - Se você não está com seus regionais funcionando, vai ocorrer isso. Nas fronteiras tem o Hospital de Itabaiana, o de Lagarto, o de Estância, o de Própria, o de Porto da Folha, enfim... Esses regionais seguravam todo o atendimento das demandas do interior dos outros estados, como Alagoas e Bahia. Fazendo isso, o governo tem como filtrar e fazer com que só cheguem ao Huse os casos graves de urgência como acidentes. Esses regionais seriam uma barreira para filtrar e assim aliviava mais essa superlotação dentro do Huse. O governo deveria ter a iniciativa de conversar com governadores vizinhos. Alguns municípios da Bahia estão mais próximos de Sergipe do que da capital ou de alguma unidade de saúde que esteja à altura da urgência. Eu passei um período trabalhando no Huse e como tínhamos a organização de leitos, ligávamos para estados vizinhos e dizíamos: “Aqui nós temos uma demanda x de pacientes e vocês tem que ajudar”.
F5 News – E eles tentavam ajudar?
A.C. – Tinham alguns municípios que ajudavam com medicamentos, mas é questão de intermediação. Acho que um dos caminhos que poderia ter negociação era com municípios dos estados vizinhos e que o governador diga “estamos dando assistência à sua população, mas você tem que ajudar o nosso estado”.
F5 News – O tratamento oncológico é prioridade no Huse?
A.C. – O tratamento de câncer realmente é uma prioridade do Governo do Estado, mas muitas vezes ocorre falta de medicamentos, e isso o Governo também tem que se manifestar acima disso. Esse caso é uma atividade primordial porque quem está com câncer não pode esperar medicamentos.



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