Projeto para distribuição de absorventes em Aracaju está em fase orçamentária
Para além da Saúde, o Projeto Florir alcança transformações de cunho social Política | Por Laís de Melo 30/10/2021 11h00 |O decreto para regulamentação da Lei nº 5.399/2021, do Projeto Florir, assinado em 15 de outubro pelo prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, segue em fase orçamentária. Após esta etapa, será dado início ao processo licitatório, para em seguida ser realizada a aquisição e distribuição dos absorventes nas escolas municipais da capital.
O projeto visa pôr em prática ações de saúde menstrual para as crianças e adolescentes e, para além disso, é um meio de olhar de forma mais humana para a vulnerabilidade social que faz parte da realidade de muitas mulheres.
A iniciativa, que conta com a parceria do Ministério Público de Sergipe (MP/SE), impactará a vida de 7.272 pessoas que menstruam, matriculadas nas escolas municipais.
O projeto será desenvolvido por meio da intersetorialidade que envolve as secretarias municipais da Educação (Semed), da Assistência Social e da Saúde (SMS), para promoção de ações de orientação sobre a dignidade menstrual e seus estigmas, os quais fazem parte da vivência de alunas como as da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Sérgio Francisco da Silva, situada no bairro Lamarão, zona Norte da capital sergipana.
O que para muitas pessoas é um lado da higiene pessoal e processo natural da vida, para elas e outras tantas alunas da rede pública é motivo para se ausentar de aulas por falta de condições financeiras para adquirir absorvente.
No entanto, na Emef, a atitude da diretora Delma Araújo e da funcionária administrativa Edilene Santos servia como suporte fundamental para as crianças e adolescentes da unidade as quais, por vezes, sofriam com as dificuldades que, com a chegada do projeto Florir, poderão ser encerradas.“Nós, que estamos no chão da escola, sabemos os principais problemas vivenciados pelos alunos e, antes do projeto ser aprovado, muitas vezes eu e Edilene comprávamos absorventes para as alunas, numa tentativa de evitar que as meninas faltassem às aulas porque isso é muito recorrente. Junto a isso, conseguimos enxergar as condições para além dos muros da escola e as dificuldades enfrentadas. Não é só a cólica, é a falta de recursos para comprar um item de higiene”, destaca Delma.
Nesta escola, quem, muitas vezes, faz a ponte é Edilene. É a ela que as alunas recorrem quando precisam de algum suporte. “Foi graças a essa proximidade com as alunas que conseguimos entender quais os principais problemas vivenciados. De fato, doar os absorventes era muito dispendioso para nós, mas, ao mesmo tempo, era gratificante saber que fazíamos algo positivo para elas. O Projeto Florir vai cumprir uma missão muito importante e humana”, acrescenta Edilene.O Florir vai alcançar adolescentes como Yasmim Santos, de 15 anos, Maria de Fátima Santana, 15, Laiane Santos, 16, e Manuelle Vitória, 15. Elas são algumas das alunas que enfrentam as dificuldades no período menstrual.
“Menstruei aos 13 anos. Algumas vezes, quando não tinha absorvente, usava pano e deixava de ir à escola. Eu sempre me senti mal quando via que minha mãe não podia comprar. Agora, me sinto mais aliviada por saber que teremos todos os meses. Ainda tenho algumas dúvidas e vai ser muito bom ter mais informações”, conta Yasmim.
Aos 10 anos, Maria de Fátima sentiu a primeira cólica menstrual. “Fiquei assustada e não sabia direito o que estava acontecendo, pensei que estivesse tendo uma hemorragia. Agora, já sei o que acontece com o nosso corpo, mas ainda tenho algumas curiosidades. Me sinto mais tranquila por saber que terei os absorvente e não vou mais precisar faltar aula”, afirma.
Para Laiane, o projeto vai tirar um peso. “Porque sei que não vou precisar me preocupar se terei absorvente ou não quando a menstruação chegar, sem contar que vai ser bom falar mais sobre o assunto e tirar dúvidas”, frisa.





