Samuel sobre Jonatha: “como anjo pode andar no meio de demônios?” | F5 News - Sergipe Atualizado

Samuel sobre Jonatha: “como anjo pode andar no meio de demônios?”
Ele diz que Estado não pensou em direitos humanos para o policial
Política 02/04/2012 13h05 |


Por Joedson Telles

F5 News – Como o senhor avalia essa história que há deputado oferecendo dinheiro em troca de voto para conseguir uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado?

Capitão Samuel - Se a jornalista que levantou a suspeita falar quem são as pessoas envolvidas, disser quem falou isso, essas pessoas têm que responder por isso. Tem uma comissão aqui (Assembleia Legislativa). Mas nunca participei dessas coisas aqui.

F5. Isso desgastou a Assembleia?

C.S. - Eu tenho que defender um Poder Legislativo independente. Às vezes, a imprensa faz perguntas aqui, mas tem gente que não responde e foge. Não existe essa questão de recolher, porque quando você recolhe parece até que tem alguma coisa de errado. Em relação ao conselheiro, a lei é essa. Que seja eleito um deputado daqui ou não, mas tem que ser com os votos daqui, dos deputados.

F5 O senhor ainda tem esperança que a cúpula da SSP compareça à Assembleia?

C.S. - Eu aprovei a convocação em agosto do ano passado. Já cobrei aqui na Assembleia várias vezes o posicionamento do Poder Legislativo em relação à cúpula da SSP vir aqui, porque a população quer saber de um monte de coisas. Pergunte ao secretário... e aí o secretário vai tapando o buraco. Não tem planejamento. Deveria ter policiais nas ruas. O secretário está com 12 delegacias prontas e não inaugurou porque o governo do Estado não liberou o dinheiro para comprar os condicionadores de ar, birô, a mobília dessas delegacias, e têm policiais trabalhando no interior com a telha caindo na cabeça. Aqui, no Santos Dumont, nós temos uma delegacia linda e não foi inaugurada ainda por falta de mobília. A culpa não é do secretário porque ele não tem dinheiro para isso. A culpa é da Secretaria da Fazendo. Por isso que eu digo que falta uma gestão integrada para as políticas públicas que mais a população sofre, quer seja a saúde, quer seja a educação, a segurança, tem que se integrar esse ramo. Ter uma gestão mais integrada e um planejamento. Qual o planejamento que foi feito para as clínicas de saúde da família? Você chega ao interior do estado e vê aqueles prédios bonitos. Mas a população sem ter assistência? Qual o planejamento que foi feito para fazer uma delegacia em um município e não se planejou colocar mobília para colocar os policiais lá? Qual o planejamento de botar delegacia no interior se não tem polícia, se é a metropolitana? Qual o planejamento para o policial militar passar para um número adequado para servir a toda a sociedade? Policial não tem mais folga. Esse tipo de planejamento que a gente cobra porque se não eu vou ficar falando como fiquei o ano passado todo. Vou estar falando esse ano e mais gente morrendo, mais gente sofrendo com uma segurança pública de péssima qualidade e não se resolve. O papel do parlamentar é ficar cobrando aqui sempre, mas vamos começar a fazer movimentos nas ruas para ver se o Executivo toma providências para resolver os problemas. Não pode se fingir de morto e deixar que as pessoas morram, quer seja na saúde quer seja na segurança, para entrar outro e tentar resolver o problema. Quem está no poder tem que resolver esses problemas.

F5 - Aquela antiga reclamação de policiais sobre falte de combustível e, às vezes até de alimentação, voltou a existir?

C.S. - A licitação de alimentação... passaram quatro meses sem pagar. Eu tive uma grata surpresa com o prefeito Edvaldo Nogueira. Além de valorizar o guarda municipal, ele deu o auxílio uniforme. Ele percebeu que licitação de uniforme da instituição dele era ruim e deu esse uniforme de R$ 900,00 por ano para o guarda municipal se manter fardado. Uma das coisas que nós pedimos, mas que nunca chega a essa Casa é que dê o auxílio uniforme para não ficar como estamos: há três anos que o governo não dá o uniforme do soldado, e ele comprando do bolso. O policial usa a farda se quiser, quem comprou foi ele. Ele pode rasgar e amanhã está tudo certo. A lei diz que o Estado tem que dar uniforme a cada soldado e Edvaldo Nogueira provou como se fazer tranqiuilo sem guerra. Eu quero ver se o governo vai mandar também o nosso auxílio. São exemplos como esse que eu espero que a gestão do Estado vá pegando.

F5 - O senhor também acha que a SSP precisa dar uma resposta rápida sobre a morte do menor Jonatha, até para não respingar na instituição?

C.S. - Para não respingar na instituição? Eu acho que ela deve reagir e dizer o que está acontecendo. Investigar, elucidar o caso e dizer o que aconteceu. Entre o bandido e a polícia, eu sou polícia. A forma pode ter sido equivocada. Agora, como anjo pode andar no meio de demônios? Eu nunca vi anjo do lado de demônios. Mas, independente de ser anjo ou demônio, a forma que estamos falando foi equivocada. Nós não estamos vivendo o filme tropa de elite. O tropa de elite é uma ficção. A sociedade quer uma polícia séria, que siga as leis, mas a polícia que atenda dentro da legislação, e é essa a polícia que eu defendo. Por isso defendo o nível superior para a Polícia Militar como tem a Polícia Civil, porque aumentando o conhecimento desses homens as atitudes deles diante da sociedade vão melhorar. Hoje, o que a sociedade pede e o que se espera da cúpula da SSP é ter elucidação do caso e dizer passo a passo como aconteceu, para a família e a sociedade. É difícil jogar, agora, antes da investigação, toda culpa na polícia. Dizer que foi chacina. Quando se mata um policial, a instituição tem que agir, sim. Se ele mata o policial e a instituição não reage, e você cidadão? Ele vai ter medo como?  Se o vagabundo não tem medo da polícia vai respeitar quem? Aí depois, em Sergipe, é índice de homicídio, de roubo a banco, roubo a ônibus, de furto, de estupro, a sociedade cobra. Fazer o quê, se quando vai fazer e tem uma troca de tiro vem logo todo mundo dizer que é chacina? O policial vai pensar que entre fazer e ser chamado de tanta coisa ruim vai parar de fazer e aí eu quero saber quem vai defender a sociedade. Demagogia disso e daquilo eu já vi muitas, mas eu quero a seriedade, e a seriedade entre o bandido e a polícia que fique 300 vezes o bandido (morra), porque ficando o bandido ele não vai atingir o cidadão de bem.

F5 - Se o garoto estava na companhia dos elementos suspeitos estava sujeito a isso, e o pai deveria saber disso? É isso?

C.S. - Ele poderia ser uma pessoa certa, mas estava fazendo o que lá? Pode ser anjo ou demônio, a forma como dizem que foi feita está equivocada. Nós queremos investigar, descobrir o que aconteceu e falar para a família da criança. E se houver algum culpado, que pague. Mas você satanizar uma instituição policial sem saber o final da investigação em detrimento de pessoas que são acusadas de ter tirado a vida de um cidadão de bem, um policial, que tem uma mãe paraplégica, e quem dava banho nessa mãe era ele, e ele fazia um bico para sustentar a mãe dele, e foi morto por bandidos? Eu não vejo ninguém falando nisso. Deixou mãe, filho, esposa, e a instituição não vai agir não é? É bom botar cada qual o seu quadrado, a investigação tem que ser feita, eu acho que o secretário está correto e se tiver culpado que o faça pagar, mas não vamos satanizar uma instituição sem ter a devida defesa. Sou policial há 20 anos. Já vi várias situações dessa, e depois se descobriu que não foi culpa da polícia. Espero que a imprensa dê o mesmo espaço que satanizou, se não houver culpa. Por que o governador não pediu para o secretário de Direitos Humanos visitar a família daquele policial que estava tirando extra a pedido do governo no Carnaval para garantir a festa da população? Nisso o governador e ninguém se envolveu. Agora, quando chega outro fato, satanizar porque policial é errado. Dois pesos e duas medidas muito complicados. Ser policial é muito difícil. Por isso que exijo formação para a Polícia Militar. O policial militar não é delegado. Não fica na delegacia consultando o computador, a Internet e tem assessor para ajudar a decidir. Não é juiz nem promotor que tem assessores, ar-condicionado e gabinete. O policial militar tem uma viatura, muitas vezes, sem ar-condicionado, e tem que decidir em segundos se atira ou se não atira, se prende ou se não prende, se tira os dois bens mais preciosos que o ser humano tem que é a liberdade e a vida. Será que é fácil tomar essa decisão? Tem um carro com vários bandidos e você é recebido à bala, qual a decisão a ser tomada? Eu quero colocar a discussão de uma forma global e não de uma forma específica no caso. Tem vários casos de assassinatos que vêm acontecendo, principalmente de pessoas humildes, mas ninguém está preocupado em investigar. Por que o governador focou nesse? Será que o povo do Santa Maria, que teve um homicídio semana passada, não merecer que  o governador mande os direitos humanos saber por que houve? É esse tipo de forma da gestão da Segurança Pública que eu rebato aqui na Assembleia. Politizar com a sociedade porque está vindo aí reivindicações nossa, porque o governador assinou um documento e a palavra dele não valeu por dois anos. Aí ele viu que a palavra não ia valer para o Carnaval e assinou um documento. Agora é um cheque. Está chegando dia 21 de abril e vamos botar esse cheque no banco e eu quero ver se vai ter fundo. A assinatura é do governador do Estado. Aí nesse momento você percebe o jogo de cena em cima de um ato só.

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