Apesar do avanço da conectividade no país, o acesso à internet ainda não faz parte da rotina de 20,5 milhões de brasileiros. O número representa 10,9% da população com 10 anos ou mais em 2024, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada nesta quinta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Marcelo Camargo

Quase metade desse grupo, o equivalente a 9,3 milhões de pessoas, afirmou não saber como utilizar a internet. A dificuldade de uso foi o principal motivo apontado (45,6%), seguido pela percepção de que não há necessidade de acesso (28,5%).

A pesquisa, que incluiu um suplemento sobre tecnologia da informação e comunicação, foi realizada no último trimestre de 2024. Os entrevistados responderam com base nos 90 dias anteriores à coleta dos dados.

Entre os idosos, a falta de conhecimento técnico aparece de forma ainda mais acentuada: 66,1% disseram não saber usar a internet. Mesmo assim, o levantamento mostra um crescimento do uso entre essa faixa etária.

Acesso e inclusão

Em contrapartida, estima-se que 168 milhões de pessoas com 10 anos ou mais tenham acessado a internet em 2024. Isso representa 89,1% da população dentro dessa faixa etária.

Além da dificuldade de uso e da falta de necessidade, outros motivos foram citados pelos que continuam desconectados:
    •    Serviço de acesso caro: 7,5%
    •    Outro motivo: 4,5%
    •    Falta de tempo: 4,3%
    •    Preocupações com privacidade ou segurança: 3,8%
    •    Equipamentos eletrônicos caros: 3,4%
    •    Falta de serviço nos locais frequentados: 2,4%

O IBGE observou uma redução nos entraves de ordem econômica. Em 2024, 10,9% apontaram custo como barreira, enquanto em 2022 esse índice era de 16,2%.

O levantamento também revelou que três em cada quatro pessoas que não acessaram a internet (73,4%) tinham, no máximo, o ensino fundamental. Mais da metade (52,1%) eram idosos.

Privacidade preocupa mais os jovens

Entre crianças e adolescentes de 10 a 13 anos, a principal razão para não utilizar a internet foi a falta de necessidade (33,9%). No entanto, a preocupação com privacidade e segurança tem ganhado destaque, passando de 15,6% em 2022 para 22,5% em 2024.

Quando se trata do uso de celulares, 167,5 milhões de pessoas com 10 anos ou mais tinham o aparelho, o que equivale a 88,9% da população nessa faixa.

Por outro lado, entre os 5 milhões de jovens de 10 a 13 anos que não possuíam celular, 24,1% citaram a privacidade ou a segurança como principal motivo. Em 2022, esse percentual era de 17,2%.

Segundo o analista do IBGE, Gustavo Geaquinto Fontes, a preocupação com a segurança digital nessa faixa etária não parte necessariamente das próprias crianças. “Pode refletir também a preocupação dos pais ou responsáveis. Apesar de ser um equipamento importante para a comunicação, os pais demonstram cautela”, explica.

Com informações da Agência Brasil