Por Fernanda Araujo e Will Rodrigues

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) iniciou nesta segunda-feira (6) uma série de reuniões nas diversas regiões produtoras do país para ouvir as propostas dos agricultores na elaboração do Plano Agrícola e Pecuário da safra 2017/2018.

O primeiro encontro foi realizado em Aracaju (SE), na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Sergipe (FAESE), com o objetivo de ouvir as demandas dos produtores, o que permitirá à CNA definir ações prioritárias e estratégicas relacionadas a temas sensíveis como crédito e seguro rural, dentre outros.

Após percorrer as regiões do país, a CNA vai elaborar um documento e apresentar ao Ministério da Agricultura para que adeque o Plano Safra à realidade de cada região.

Segundo o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Dênio Leite, o Plano Safra contempla todas as linhas de crédito que o governo disponibiliza para os produtores. Além disso, envolve a questão de seguro e zoneamento agrícola onde o governo diz que é possível plantar com recursos do governo federal. “Nós nos antecipamos e convidamos os produtores para discutir com eles quais linhas de crédito nós queremos que aumente, onde pode colocar, aonde tem deficiência”, explica Dênio Leite.

O superintendente diz ainda que a queda de produção e a seca têm preocupado os agricultores do país. Em 2016, a produção de cereais em Sergipe teve queda de 34,1%. “Sergipe tem uma particularidade que apenas 47% do estado é semiárido, só que a seca de 2016 e 2017 já entra no estado todo, até o litoral já tem problemas com seca”, disse.

Ele fala também que é preciso abrir novos canais de renegociação de dívidas e estender as linhas de créditos já existentes, com condições mais acessíveis para os médios produtores, que sofrem com a estiagem. “Queremos que exista uma linha Pronamp Semiárido para que os médios produtores, que sofrem com o risco eminente de uma produção ser frustrada, também tenham essa mesma condição de produzir e buscar o recurso”.

Para o superintendente da CNA, Bruno Lucche, o produtor precisa de um seguro eficiente e só vai investir se tiver. “Os produtores já anteciparam que sobre o Pronamp para o perfil da região é necessário ter taxas mais adequadas à realidade, ele teria condições semelhantes ao do Pronaf, que é para o agricultor familiar, mas seria transição para o empresarial. A gente sabe que a tomada de crédito aumenta a exigibilidade, hipoteca, seguro rural, uma série de coisas que tem custo ao produtor embutidos em juros”, explica.

Safra recorde

Apesar do cenário de seca, a CNA faz projeções positivas e diz que a safra no Brasil como um todo vai ser recorde e, que o estado de Sergipe deve recuperar a produção, mas talvez não no volume estimado. “Tivemos uma queda muito grande de mais de 20% na safra ano passado, 21 estados foram acometidos pela seca. A região Nordeste foi muito pior, porque já vem de mais de cinco anos. Em Sergipe a expectativa é de que se recupere a produção, e que seja melhor do que nos anos anteriores”, destacou.

Lucce diz ainda que com as condições de crédito mais adequado o produtor pode ter um ambiente propício para retomar as condições de crescimento.

O produtor Francisco Benjamim trabalha com citricultura, milho e agropecuária em Riachão do Dantas e Cristinápolis, no Sul do Estado. Para ele, planejar deve ser uma das principais ferramentas de qualquer produtor rural hoje. “Com as adversidades que temos passado, com péssimas condições climáticas, falta de chuvas e questão comercial, o planejamento deve fazer parte. É importante para a gente saber para onde está indo o planejamento estratégico”.

Dois dias depois será a vez dos agricultores da região de Luiz Eduardo Magalhães, na Bahia, na sede do Sindicato dos Produtores Rurais da região receberem o encontro.

No dia 13, o encontro será em Curitiba, na sede da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP). E, no dia 20, as discussões ocorrerão em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, na sede da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (FAMASUL).

Fotos: Will Rodriguez