Durante muito tempo, esperei entender tudo antes de agir. Queria ter todas as respostas, prever as dificuldades, planejar cada passo com segurança. Mas percebi que isso só me paralisava. A clareza que eu buscava não estava antes do movimento, ela vinha junto, enquanto eu avançava.

Como Rumi disse: “Quando você começa a caminhar pelo caminho, o caminho aparece.” Essa frase me acompanhou muito nos momentos em que parecia que eu não sabia para onde estava indo, mas precisava seguir em frente.

O caminho, na verdade, se revela ao longo da caminhada. Não é algo que se pode mapear inteiro no começo, porque cada passo muda o cenário, revela novas possibilidades e até traz obstáculos inesperados. Aceitar isso mudou a minha forma de lidar com a incerteza e com o medo.

É como montar um móvel complexo, daqueles que vêm com dezenas de peças e instruções quase indecifráveis. Você não consegue entender o resultado final só olhando para as partes soltas e a caixa fechada. Só ao começar a encaixar uma peça depois da outra, entendendo o encaixe, testando, ajustando, o móvel começa a ganhar forma e sentido. Da mesma forma, o caminho se constrói enquanto eu me movo, e só então faz sentido.

Hoje, entendo que o importante não é ter tudo pronto, mas estar disposta a começar mesmo sem certeza. Ao caminhar, vou aprendendo, ajustando o rumo, ganhando entendimento a partir da prática. A dúvida deixa de ser um bloqueio e vira parte do processo.

O movimento se torna, então, o principal instrumento para construir clareza. É a ação que abre espaço para o caminho existir, não o contrário. Por isso, o passo inicial, mesmo que hesitante, é muitas vezes o mais decisivo.

Caminhe.