Concorrência do comércio caseiro de ovos aumentou, mas procura varia
Mercado incerto vem suprindo expectativas de alguns; mas para outros, piorou Economia | Por Laís de Melo 28/03/2021 06h17 |O que não falta para o povo aracajuano é opção de lojas para a compra do ovo de páscoa esse ano. Muitos novos empreendimentos online e locais começaram a surgir de 2020 para cá, transformando a oferta em um vasto catálogo de escolhas para os clientes. Mas paira uma dúvida no setor: a demanda será satisfatória?
A pandemia do novo coronavírus atingiu não só a saúde das pessoas, como também seu perfil financeiro. Sergipe é o terceiro estado com a maior taxa de desemprego do país, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse cenário, segundo a confeiteira Letícia Mendonça, fez com que muitas pessoas sem trabalho buscassem outras fontes de renda, a exemplo de comercializar doces caseiros. Para ela, esse ano a concorrência está muito maior do que na Páscoa anterior.
“A expectativa estava muito alta quando comecei a me programar. Mas, pelo menos até agora, as metas ainda não foram alcançadas em relação ao ano passado. As vendas baixaram, apesar de ainda ter muita procura. Acho que o mercado foi visto e várias pessoas que perderam emprego, e estão com o tempo ocioso, também passaram a fazer ovo de páscoa para vender. A concorrência está muito maior do que o ano passado”, avalia Letícia.
Além disso, a confeiteira acredita que em 2021 os clientes estão mais comedidos em comprar ovos de Páscoa para presente. “Em 2020 a Páscoa foi logo no início da pandemia, e as pessoas não faziam ideia de que iria durar tanto. Então estavam dando mais presentes naquela época. Agora, depois de um ano de pandemia, as pessoas ainda estão sem perspectivas de quando isso irá acabar, não estão priorizando presentar”, disse.Let´s Confeitaria, como é chamado o seu negócio, tem produtos para todos os tipos de clientes. Os ovos de Páscoa variam de R$ 4 a R$ 65, entre mini ovos recheados, infantis, de colher e ainda barras de chocolate. “Tem para todos os gostos e tamanho de bolso também”, acrescenta Letícia.
O delivery ganhou força na pandemia e até mesmo os ovos de Páscoa poderão ser entregues dessa maneira pela maior parte dos empreendedores. A confeiteira Katharina Ribeiro, por exemplo, oferece a opção de entrega ou retirada no local, com horários agendados, para evitar aglomerações. Ela também tem observado que este ano a procura pelos chocolates caseiros está menor do que nos anos anteriores.
“Acredito que como para todos, pra mim também está sendo complicado. As vendas não estão tendo a mesma intensidade que teriam se estivemos num período comum de Páscoa e é compreensível, apesar de ser decepcionante”, disse ao F5 News.
Katharina passou a vender ovos de Páscoa no ano passado, quando a pandemia do novo coronavírus estava ainda começando. “Arrisquei mesmo sabendo do cenário em que nos encontrávamos. Mas esse ano está sendo mais complicado ainda. Em 2020 tivemos uma onda maior de empatia sobre ajudar os pequenos negócios e esse ano as pessoas já não estão ligando tanto, porque continuam saindo e consequentemente compram ovos em grandes mercados, como antes”, aponta ela. Mesmo com a procura tímida, Katharina não perdeu as esperanças e espera que tudo melhore daqui para a próxima semana, quando acontecerá a Páscoa. Afinal, a confeiteira investiu em produtos para a comercialização do material. Os produtos dela possuem apenas dois preços, de R$ 45 e R$ 50 para o ovo de colher, no entanto o cardápio é bastante variado, com diversas opções de sabores e recheios.“Falta apenas uma semana para a Páscoa e as vendas não estão como eu esperava. Para a maioria dos confeiteiros, os planejamentos e investimentos começam muito antes do público pensar nesse período, cerca de três ou até quatro meses antes, para a compra de embalagens pela internet, leite condensado em promoção, chocolate, porque tudo isso sobe de preço absurdamente nesse período. Então, eu fico receosa de não vender”, disse.
Essa preocupação é compartilhada pela confeiteira Márcia Júlia, que diz ter investido em material antecipadamente, até mesmo para evitar se deslocar mais de uma vez para locais de compra durante a pandemia. “Às vezes ficamos um pouco tensas, por conta do período. Teve o custo do material, que inclusive aumentou". Mas a empreendedora não tem reclamações. "Graças a Deus, a procura tem superado as minhas expectativas e até agora tem dado tudo certo. Apesar de ficar bastante assustada desde o ano passado”, disse Márcia ao portal.
Esse o quarto ano em que ela vende chocolates caseiros, e tudo começou com a venda de trufas na faculdade. “Aos poucos a coisa foi se espalhando, o pessoal do condomínio já comprava, e depois pessoas de fora. Aí coloquei a cara para fazer o ovo de Páscoa. Esse ano estou vendendo ovo de colher e também caixas de trufas. A faixa de preço varia, mas o ovo de colher tem um valor único para qualquer sabor, que é de R$ 40.A confeiteira Rayssa Helena também está satisfeita com a procura este ano e conta que o segredo foi apresentar o cardápio para os clientes de maneira antecipada. “Eu divulguei bem antes para que as pessoas pudessem se programar, e eu também. No dia 2 de março eu lancei o cardápio e fui postando as fotos dos produtos. Então, as vendas estão ótimas”, conta.
O negócio dela, chamado Supremo Sabor, existe há apenas 11 meses, sendo esta a sua primeira Páscoa. “Os valores dos ovos estão de R$ 8 a R$ 40 e estamos trabalhando com entregas. Apesar desse momento difícil de pandemia, estamos tendo todos os cuidados, passando álcool em tudo, usando máscara e lavando as mãos sempre”, assegura Rayssa.





