Não existe nada tão elegante quanto a coerência entre o que você mostra e o que você realmente é. Li essa frase no Instagram um dia desses e ela ficou ecoando em mim. Talvez porque, sem perceber, a gente se acostumou com a contradição disfarçada de personalidade. Com discursos que soam bonitos, mas não se sustentam na prática. E o tempo vai nos ensinando a identificar quando algo - ou alguém - não combina consigo mesmo.

A coerência não chama a atenção num primeiro olhar. É uma qualidade que se revela aos poucos, quando as palavras e as atitudes começam a se alinhar, e o que se vê é o mesmo que se sente. Não tem espetáculo. Tem consistência. E essa constância, que antes parecia comum, hoje soa quase revolucionária.

Mas não é simples. Ser coerente dói. Porque implica dizer “não” quando seria mais confortável ceder. Implica sustentar decisões que nos afastam de pessoas e lugares, renunciar a aprovações rápidas, perder espaços onde o aplauso é garantido. É escolher o silêncio em vez da justificativa. E nem sempre há recompensa imediata.

Com o tempo, porém, a coerência devolve algo que nenhuma aparência oferece: paz. Aquela tranquilidade de deitar a cabeça no travesseiro e saber que não há dívidas com a própria verdade. Que o que se mostra é só um reflexo do que realmente se é, sem maquiagem, sem pose, sem edição.

Talvez seja isso que torna a coerência tão elegante. Não o esforço de parecer certa, mas a serenidade de não precisar provar nada. É uma forma de beleza que nasce do dentro para fora e que, quando aparece, não precisa de legenda. A coerência talvez não impressione, mas, sinceramente, é o que me faz dormir cada vez mais em paz.