Por Fernanda Araujo

Prefeitos pedem ações emergenciais para a seca do Nordeste

Agricultores e criadores estão assistindo seus cultivos e rebanhos serem dizimados no sertão nordestino. E mais uma vez este ano, são 28 municípios de Sergipe em estado de emergência, passando pela pior seca dos últimos 50 anos, segundo o presidente da Federação dos Municípios do Estado de Sergipe (Fames), Antônio Fernandes (foto).

“Municípios estes localizados no alto sertão sergipano, agreste, centro sul, inclusive as pessoas que vivem em beira de praia, que também estão passando dificuldades, e podemos dizer que não temos nenhum tipo de apoio”, diz ele, prefeito de Monte Alegre, uma das regiões afetadas.

Baseados nisso, os presidentes das entidades das federações que representam prefeitos dos nove estados do Nordeste decidiram no último final de semana, em Canela (RS), fazer uma mobilização nacional para pedir ações imediatas em favor do homem do campo. No próximo dia 30, em Maceió (AL), haverá um novo encontro para detalhar ações no dia 13 de maio, quando as portas das prefeituras estarão fechadas em protesto.

As chuvas que poderão cair até o início de maio, segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos, não serão suficientes para diminuir o déficit hídrico em Sergipe. E a situação ainda é mais caótica. Conforme conta o prefeito, por não poderem produzir, alguns pequenos produtores estão tendo seus pequenos pedaços de terra leiloados pelo Banco do Nordeste (BNB), fato que tem gerado indignação no país, como aconteceu na Paraíba, onde recentemente agricultores jogaram restos de animais em frente a uma agência.

“Não entendo o porquê de o Governo Federal não priorizar esse homem do campo, são eles que trazem o leite, o feijão, o arroz à mesa das famílias. O próprio Governo Federal na gestão de Lula perdoou dívidas de diversos países que contraíram empréstimos aqui no Brasil. E os nossos pequenos produtores, por que não perdoam também essas dívidas? O que aconteceu na Paraíba vai acontecer em Sergipe, não vai ser diferente. Esse protesto vai acontecer também em outros estados”, alerta.

De acordo com o prefeito, são necessárias medidas inovadoras e imediatas para evitar a seca, ou pelo menos, possibilitar a sobrevivência dos sertanejos nesse período. Com o entendimento que carros pipa são um meio atrasado e deveria ser extinto, Antônio Fernandes acredita em outros mecanismos. “Nós temos em Sergipe o projeto Canal de Xingó, um sonho da população em ser realizado e até então não foi feito sequer projeto executivo para a viabilização dessa obra. É de fundamental importância para a sobrevivência, o desenvolvimento, geração de emprego. Já em Alagoas, o canal com mais de 60 km de extensão está em fase de execução. Por outro lado, temos as obras para a Copa do Mundo andando a todo o vapor, gastando milhões e bilhões”, contesta.

É esperado que no ato do dia 13 de maio os representantes federais e deputados estaduais apóiem a causa e deliberem, em breve, medidas com a presidente Dilma Rousseff. “Vai acontecer em todas as capitais do Nordeste, e os prefeitos estarão nesse ato, mostrando a realidade de cada município. É um fato histórico, sem dúvida, dos prefeitos de outras regiões se unirem em favor do Nordeste. Todos estão sensibilizados com essa situação. Enquanto isso, nós, prefeitos, observamos que outros setores que não necessitam ser priorizados, e os municípios afetados com a seca estão vivendo de promessas", diz.