Subvenção: Justiça Eleitoral divulga depoimentos de envolvidos | F5 News - Sergipe Atualizado

Subvenção: Justiça Eleitoral divulga depoimentos de envolvidos
90% do dinheiro voltavam para os deputados
Política 28/07/2015 15h48 |


Da Redação

O Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE) divulgou para a imprensa o conteúdo dos depoimentos do empresário Nollet Vieira Feitosa e de Antônio Arimateia Rosa Filho, que é vereador no município de Capela, agreste Sergipano. As oitivas foram realizadas nos dias 16 e 20 de julho, a portas fechadas.

Em depoimento Nollet revelou como funcionava o esquema de desvio das verbas de subvenção indicadas pelos deputados Augusto Bezerra (DEM), Paulinho das Varzinhas (PTdoB) e pela ex-deputada Suzana Azevedo - hoje conselheira do Tribunal de Contas de Sergipe. Em seguida foi a vez do vereador Antônio Arimateia, detalhar como era realizado o desvio das verbas indicadas pelo deputado estadual Adelson Barreto (PTB), atualmente deputado federal.

Segundo Nollet Vieira 90%, ou seja, a maior parte do dinheiro retornava para os próprios deputados. As verbas de subvenção foram indicadas à Associação Amigos da Nova Veneza (Amanova).

Confira trechos dos depoimentos:

Augusto Bezerra

“Ele me disse que, inicialmente, seria repassado um valor de R$ 500 mil e 10% desse valor seria dividido entre os membros que fizessem parte da associação e que 90% seria devolvido (ao deputado) para que futuramente fossem realizadas algumas benfeitorias. Eu ficaria com 3%, dona Clarice, presidente da Associação Amigos da Nova Veneza (Amanova), receberia 2,5% e passaria 1% para a irmã, (que nunca aconteceu, a irmã não tem conhecimento de nada). E 3,5%  Edelvan dividia com a tesoureira Sandra.

O empresário relatou também como eram realizados os saques nas agências bancárias. “Quando entrou algo em torno de R$ 200 mil, recebi uma ligação do gabinete, informando para ir ao banco e assim foi feito, foi eu Edelvan, Sandra e dona Clarice, em uma sala reservada a presidente sacou e fez a divisão em dinheiro. E em seguida, ela saiu com o dinheiro para devolver ao deputado. Na segunda remessa, recebemos o telefone do gabinete e fomos direto ao banco onde foi sacado com cheque. Depois disso, foram realizadas mais duas remessas e os nossos pagamentos”, revela.

Nollet revelou que após ter acesso a verba de Augusto Bezerra foi procurado pelos assessores dos deputados Paulinho das Varzinhas e da deputada Suzana Azevedo, que diziam querer também fazer doações para a Amanova.

Paulinho das Varzinhas

Segundo o depoimento o contato foi com a assessora Cristina, e não houve contato com o deputado. “Eu estranhei os valores, que era para ser R$ 500 mil e depois passou desse valor.  Não tive contato com o deputado somente com ela”. Nollet disse ainda que ficou desconfiado com o comportamento da assessora e começou a fazer fotos dela recebendo e contando o dinheiro, as fotos foram apresentadas durante o depoimento.

Susana Azevedo

O contato também foi com uma assessora, o empresário disse que nunca teve contato direto com a deputada. “Fiz repasse para uma assessora que dizia ser dela, tinha o nome de Rose. Na época, ela já era conselheira, acredito ter feito quatro entregas para Rose, uma na Praça da Imprensa, próximo a Biblioteca Pública e outra naquelas redondezas”, disse.

Novo depoimento 

No dia 20 de julho foi a vez de Antônio Arimateia dar um novo depoimento, onde revelou o destino das verbas de subvenção, para  duas associações no interior, a Associação Lira Nossa Senhora da Conceição em Capela, e Associação José Augusto dos santos, em Muribeca.

O vereador relatou que o contato foi direto com o deputado Adelson Barreto, que teria R$ 300 mil para cada uma das associações. “Sendo que desses R$ 300, R$ 200 mil teria que retornar para ele e 100 ficaria para as operações, como serviço feito, nota fiscal tirada e pra repartir entre as pessoas envolvidas”.

Antônio disse ainda que para justificar os gastos a Lira de Capela criou uma reforma fictícia em um espaço de convivência que já existia. “Existia um espaço de convivência feito pela própria associação, não sei como foi eles fizeram, porque não tive acesso a isso, mas utilizamos essa ideia junto com o presidente, para fazer uma reforma fictícia, uma construção fictícia dessa área, emitindo notas fiscais de empresas devidamente com certidões, regular, apta a fazer o processo e recebe o pagamento”

Já a associação de Muribeca informava que usava a verba com distribuição de cestas básicas e gás. Mas o vereador revela que o tudo não passava de uma farsa. A empresa Sorriso Gás, contratada para distribuir o gás de cozinha, era de um irmão dele, chamado Leozírio, que se encarregava de emitir as notas fiscais como se estivesse entregando os botijões, que nunca chegaram a população. Já a distribuição de cestas básicas era com Maria Rosenilde, responsável por superfaturar as notas.

Em depoimento o vereador disse que ficava com 10% de cada remessa, um total de R$ 60mil e que a maior parte era entregue diretamente ao deputado. “Eu entrava em contato com ele e marcava sempre na Colina do Santo Antonio ou no estacionamento do hospital São José, sempre a noite, entre 19h e 23h.

De acordo com o depoimento de Antônio Arimateia, após os fatos se tornarem públicos, o deputado procurou os representantes das associações de Capela para oferecer dinheiro para os custos jurídicos, na tentativa de evitar que o escândalo chegasse até ele. O valor oferecido foi de R$ 40 mil. “Ele nos procurou e ofereceu uma quantia, pediu que oferecesse uma quantia aos envolvidos e também a mim, para que pudesse custear questões de advogados e segurasse a onda para não deixar a coisa chegar até ele”.

Os parlamentares não foram encontrados para falar sobre o assunto.

*Com informação dos depoimentos divulgados pelo Justiça Eleitoral

Foto: Elsângela Valença

 

 

 

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