Estudo prevê substituição de roedor em testes antiveneno de serpentes
Projeto poderá ser colocado em prática a partir de março de 2026 Brasil e Mundo | Por Agência Brasil 22/10/2025 09h22 |Assim, isso se explica porque é necessário um número muito grande de roedores criados no Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB/Fiocruz) e chegam até a fase adulta para que possam ser utilizados em pesquisas.
Renata Norbert explicou que o teste para antiveneno causa muito sofrimento aos animais usados em grande quantidade, e que, após esse método, são sacrificados. “Trata-se de um teste longo e doloroso, sem anestesia”, esclarece. Daí a razão de a pesquisa buscar sua substituição por ensaios in vitro.
O método desenvolvido pela bióloga no INCQS “é simples e rápido. A gente libera o resultado em uma semana, enquanto os camundongos levam pelo menos um mês na produção até chegarem à fase adulta. Depois, ainda vão para o INCQS para aclimatar e ficam dias no laboratório, antes de serem experimentados. O nosso método é simples, então dá uma diferença grande. Após a validação, vai ser um ganho muito grande”, assegura.
O INCQS já utiliza a metodologia de células para liberação de vacinas. Para venenos, o estudo de Renata é pioneiro. Ela pretende estender a pesquisa internacionalmente para outros tipos de serpente Bothrops “porque, se ela é efetiva para Bothrops jararaca, também pode ser para Bothrops Asper, encontrada na América Central e no norte da América do Sul. Na Costa Rica, por exemplo, seria muito importante”.
Envenenamento
Para o INCQS, as serpentes Bothrops são responsáveis por cerca de 90% dos casos de envenenamento por cobras em humanos no Brasil. Além da possibilidade de levar a pessoa a óbito, a peçonha desses répteis pode causar hemorragia, necroses ou mesmo amputações dos membros afetados.
Apesar disso, o envenenamento por Bothrops não desperta o interesse comercial da indústria farmacêutica privada, informou o Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde. Daí, a Organização Mundial de Saúde (OMS) o classifica como doença tropical negligenciada.
O antiveneno e os ensaios para verificar sua qualidade são feitos pelas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), como o INCQS/Fiocruz, Instituto Vital Brasil, Instituto Butantan e a Fundação Ezequiel Dias.





