Estudar, Trabalhar e Viver: O Desafio de Jovens que Equilibram Sonhos e Realidades
Como conciliar esse tempo? Cotidiano | Por F5 News 01/05/2025 08h00 |De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 8 milhões de jovens no Brasil, com idades entre 15 e 29 anos, estavam estudando e trabalhando em 2022. O número representa 15,7% da população nessa faixa etária. Os motivos que levam essa parcela da juventude a conciliar duas jornadas variam da necessidade de garantir uma renda ao interesse em entrar no mercado de trabalho. Apesar das diferenças, uma realidade é comum: a rotina intensa e desafiadora.
A seguir, relatos de experiências de estudantes e profissionais que lidam diretamente com essa rotina intensa, evidenciando os desafios e as estratégias que permitem conciliar essas duas realidades.
Rotina intensa
Rívia Oliveira, estudante de Jornalismo e funcionária de uma empresa, tem uma rotina que começa nas primeiras horas da manhã e se estende até a noite. “Entro às 8h no trabalho e saio às 17h. Após o expediente, sigo para a faculdade, onde fico até as 22h. Acordo cedo, mas é muito difícil conciliar o trabalho e os estudos. Muitas vezes, não consigo me dedicar à universidade como gostaria, e a vida social fica bem comprometida”, relata.
Essa realidade também é vivida por Rebeca Kaillane, Jovem Aprendiz e estudante de Administração. Ela diz que também encara uma rotina intensa: começa o dia às 6h, trabalha das 8h ao meio-dia, cuida da sua loja online à tarde e, à noite, vai para a faculdade. “O maior desafio é conseguir focar nas duas coisas e ter um bom desempenho em ambas”, conta. Apesar da correria, Rebeca tenta reservar momentos de descanso durante a tarde ou nos finais de semana, como forma de manter o equilíbrio.
Sala de aula
Jaqueline Moreira, professora universitária, acompanha de perto a realidade desses estudantes. Ela destaca que o cansaço é um dos principais obstáculos enfrentados pelos alunos. “Ele atrapalha o processo de concentração e aprendizado. Mas, ao mesmo tempo, os alunos que já vêm do mercado trazem experiência, o que pode facilitar a inserção em estágios”, afirma.
Para tornar o ambiente acadêmico mais acessível, Jaqueline defende medidas como horários mais flexíveis, ensino online, apoio financeiro e orientação profissional. Segundo ela, essas mudanças são possíveis com planejamento e investimento.
Janaína Machado, gerente do Unit Carreiras, desenvolvido pela Universidade Tiradentes, revela que cerca de 2.200 alunos estão atualmente em estágio, e há um equilíbrio entre os turnos procurados. “A Unit oferece programas como o PROUNI, estágios, bolsas de iniciação científica e o suporte do Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (NAPPS)”, explica.
Além disso, a instituição mantém parcerias com empresas e utiliza plataformas digitais para facilitar o acesso a oportunidades. O ensino a distância (EAD), que já era procurado antes da pandemia, se manteve como alternativa viável para quem busca mais flexibilidade.
Mercado
Andréia de Morais, analista de RH da empresa Multserv, afirma que a maioria dos jovens contratados são universitários, e que o programa Jovem Aprendiz é fundamental para o desenvolvimento desses profissionais. “Aqui, eles trabalham quatro horas por dia e têm tempo para se dedicar aos estudos. O maior desafio é o cansaço mental, mas com boa gestão do tempo, eles conseguem”, destaca.
A empresa também promove avaliações de desempenho e está atenta às necessidades dos jovens. “Queremos desenvolver talentos e capacitá-los para o mercado de trabalho. Temos exemplos de aprendizes que foram contratados e hoje são efetivos no setor de RH”, conta.
Apesar dos obstáculos, os jovens compartilham o mesmo sentimento de esperança e persistência. A rotina pode ser desgastante, mas o desejo de transformação social e profissional os impulsiona a continuar. E assim, milhões de brasileiros se desdobram em seu dia a dia com a certeza de que, ao final, o esforço valerá a pena.





