8 de Julho: como se deu a Emancipação Política de Sergipe?
Data relembra o fim da submissão à Bahia Cotidiano | Por F5 News 08/07/2025 07h00 |Oficialmente, em 8 de julho de 1820, o rei D. João VI assinou a Carta Régia que separava Sergipe da dependência administrativa da Bahia, criando uma nova Capitania com autonomia política. Esse ato jurídico é lembrado até hoje como o marco simbólico da Emancipação Política de Sergipe. No entanto, a história por trás dessa conquista é mais complexa e se estendeu por alguns anos, envolvendo disputas políticas, interesses econômicos e personagens decisivos para a consolidação do estado.
De acordo com a historiadora e jornalista Cândida Oliveira, a emancipação significou o rompimento com a dominação administrativa da Bahia, o que possibilitou a criação da Capitania de Sergipe d’El Rey, com um governo próprio. “Foi um fato importante, onde o ato jurídico e político separou Sergipe da dependência administrativa da Bahia”, explica.
Por que 8 de julho?
Apesar de a emancipação ter sido formalizada anos depois, a data de 8 de julho se tornou simbólica por ser o momento em que a Carta Régia foi assinada por D. João VI. “Foi o marco fundacional da autonomia política, mesmo que apenas em 1822 D. Pedro I tenha confirmado esse status com a Carta Imperial”, afirma Cândida.
Essa escolha tem um valor histórico e emocional para os sergipanos. “O 8 de julho é símbolo da sergipanidade — sentimento de pertencimento e identidade cultural. A data reforça a narrativa de autonomia política, cultural e econômica e está consolidada como o principal marco histórico do estado”, pontua a historiadora.
As razões por trás da separação
Entre os principais fatores que motivaram a separação de Sergipe da Bahia estavam os interesses econômicos. Os produtores de açúcar da região desejavam ter controle sobre suas rendas e não depender mais da intermediação baiana. No campo político, a fidelidade dos sergipanos ao governo português durante a repressão à Revolução Pernambucana de 1817 também contou pontos. Como recompensa, D. João VI concedeu a autonomia administrativa ao território.
Personagens históricos
Vários nomes estão diretamente ligados à história da emancipação sergipana. D. João VI, claro, por ter assinado a Carta Régia. Carlos César Burlamaqui foi o primeiro governador nomeado da nova Capitania, embora tenha sido forçado a deixar o cargo pouco depois, numa manobra da Bahia para manter o controle sobre a região. Já D. Pedro I, após a Independência do Brasil, ratificou a separação em 1822, consolidando de vez a autonomia de Sergipe.
Dois períodos, um mesmo processo
Para entender melhor esse processo histórico, é importante considerar o contexto em que ele ocorreu. A emancipação de Sergipe está diretamente ligada a dois momentos distintos do Brasil: o Período Joanino (1808–1821), em que D. João VI governava o país e assinou a Carta Régia; e o Período Imperial (1822–1889), em que D. Pedro I confirmou a separação com a Carta Imperial de dezembro de 1822.
“São fases complementares do mesmo processo”, afirma Cândida Oliveira. “A emancipação começou no Reino Unido com Dom João VI e foi reafirmada pelo Império sob Dom Pedro I, removendo definitivamente os obstáculos colocados pela Bahia”.
É preciso destacar, também, que a emancipação política de Sergipe só foi efetivada quando o Brasil também se tornou independente de Portugal. Ou seja, a autonomia de Sergipe estava condicionada à independência da própria nação brasileira, ocorrida dois anos depois da assinatura da Carta Régia.





