Bastidores: saiba como atuam instrutores de bandas marciais em Sergipe | F5 News - Sergipe Atualizado

Independência do Brasil
Bastidores: saiba como atuam instrutores de bandas marciais em Sergipe
O trabalho desses profissionais começa meses antes do desfile de 7 de Setembro
Cotidiano | Por Emerson Esteves 07/09/2023 07h00 |


Pensar repertório, organizar os ensaios, coordenar os alunos, essas são apenas algumas das funções dos instrutores das bandas marciais. Antes do brilho e do glamour do desfile cívico-militar da Independência do Brasil, tradicionalmente realizado no dia 7 de Setembro, o trabalho e a entrega desses profissionais começam meses antes. 

Por trás da execução das bandas marciais, fanfarras e desfiles, estão os coordenadores e maestros. Para entender como funcionam esses bastidores e investigar o que move esses profissionais, F5 News conversou com dois maestros sergipanos.

Ewerton Courinho está há 12 anos à frente da banda do Colégio de Excelência Rollemberg Leite, no bairro José Conrado de Araújo, na Zona Oeste de Aracaju. No entanto, seu contato com as bandas marciais é ainda mais antigo.

“Eu participo de bandas já faz muito tempo, desde os meus dez anos. Minha irmã estudava no Senai e ela me levava para olhar a banda. Eu gostava e minhas irmãs também. Ela me viu brincando com uma caixa de papelão e eu terminei puxando a banda do Senai na Barão de Maruim nessa época”, contou Ewerton ao portal.

Por influência de seu pai, ainda jovem ele escutava o programa “Hoje é Dia de Retreta”, de Jairo Alves, na Rádio Cultura e, através dele, nasceu a paixão por participar das bandas marciais, que já dura mais de 30 anos. 

“Na banda eu já toquei de tudo um pouco - caixa, bumbo, prato, marcação, tambor, a única coisa que eu nunca toquei desfilando foi lira. Como eu tenho um pouco de aptidão para pegar fácil os toques, então os professores e instrumentadores me pediam para ajudar”, detalhou ao F5 News.

Do outro lado de Aracaju, no bairro Farolândia, na Zona Sul, outra pessoa que contabiliza uma vasta experiência nesse quesito. À frente da banda marcial do Colégio Estadual Petrônio Portela há mais de 20 anos, Silvia Valesca conta que seu envolvimento nasceu com a paixão pela percussão. 

“Aqui no Portela tenho 20 anos, mas no total, 30. A paixão é de família e, na verdade, é pela percussão. Já fui em quase todos os instrumentos, mas principalmente os bumbos sempre foram meu destaque”, disse Silvia ao F5 News

Os dois instrutores afirmam que, por conta da realização do Desfile da Primavera, em abril, os ensaios para o desfile do Dia da Independência foram antecipados. O evento reuniu 39 fanfarras de escolas públicas na cerimônia de abertura da 39ª edição dos Jogos da Primavera. 

“Tem muitos finais de semanas e muitos feriados que eu, o pessoal que me ajuda na coordenação e os componentes têm que deixar de lado. Às vezes, festas, às vezes, praia, e a gente está aí ensaiando. Tem que fazer ordem unida, tem que fazer convenção, a marcha, a cobertura, o alinhamento, tudo isso tem que estar impecável. Por isso que a gente tem que começar cedo”, afirma Ewerton Courinho. 

A definição do repertório precede tudo. De acordo com Silvia Valesca, a decisão envolve não apenas a opinião dela, mas as de todos que compõem a banda.

“Olho as músicas que mais se encaixam com a banda. Peço sugestão da banda para sabermos e só depois definirmos quais as melhores músicas”, disse ao F5 News. Além disso, Sílvia destaca que precisa lidar com outro desafio: “É uma luta por reconhecimento e respeito por ser uma mulher à frente da banda. As batalhas em busca da qualidade dos instrumentos e, principalmente, a questão de lidar com pessoas”, ressalta a maestrina.

Do lado de Ewerton Courinho, quando perguntado sobre as dificuldades que têm enfrentado à frente da banda do Rollemberg Leite, ele destaca o desafio de atrair os jovens sem perder a principal característica de uma banda marcial: seu aspecto cívico. 

“As dificuldades são grandes, até porque os tempos são outros. Esse ano ainda melhorou. A dificuldade é manter o regime cívico nas bandas. A gente tem que tentar e fazer com que as pessoas, os jovens, entendam que tem que ter o regime cívico antes de tudo. A música ainda pode nos levar a vários lugares e abrir várias portas”, disse ao F5 News.

Satisfação acima de tudo 

Embora precisem vencer desafios diários, os dois instrutores não escondem a satisfação em fazer parte de uma banda marcial. A emoção gratificante os conduz a continuar desempenhando essa função ano após ano. 

“É sempre uma satisfação. É o que eu gosto, é o hobby. Muita gente vai jogar bola, vai para praia, vai beber, e a gente tira o final de semana, mesmo sacrificando nossa família, para fazer ensaio. É isso que dá satisfação, quando chega na avenida, olhar no palanque e ver as autoridades aplaudindo ou então dando aquele sinalzinho de joinha, ver as pessoas vibrando quando a banda vai passando, ver a cara de satisfação dos componentes porque se passou vários meses ensaiando e quando tudo dá certo. É isso que nos conduz", diz Ewerton Courinho. 

“É sempre um misto de emoções; independente de tempo, sempre é emocionante, cansativo mas satisfatório. Somente a agradecer aos prós e contras que fazem a banda ser tão bem reconhecida e servir de inspiração”, analisa Silvia Valesca. 

Desfile 2023 

O Desfile de 7 de Setembro reunirá 318 escolas que integram a rede pública estadual de ensino de Sergipe. Tanto o Centro de Excelência Rollemberg Leite quanto o Colégio Petrônio Portela desfilam no bloco da tarde, a partir das 13h, na avenida Barão de Maruim, no centro da capital sergipana.

Confira um "glossário" para entender melhor o espetáculo: 

Banda marcial = grupo de músicos instrumentais que geralmente apresentam-se ao ar livre e incorporam movimentos corporais - geralmente algum tipo de marcha - à sua apresentação musical;

Fanfarra = tipo de banda musical, inicialmente composto por instrumentos de sopro de metal, ao qual foram incorporados outros, com estilo marcial e para exibição pública;

Maestro/Maestrina = considerado o líder de uma orquestra ou banda, responsável por controlar o ritmo, a direção e o tom geral do grupo;

Caixa = Tambor feito de madeira ou metal recoberto de membranas em ambas as extremidades;

Bumbo = coração da bateria, é ele quem dá as batidas mais graves e constantes que ajudam na formação do ritmo;

Prato = instrumento utilizado na percussão;

Marcação/Surdo = tambor cilíndrico de grandes dimensões e som profundamente grave;

Tambor = instrumento de percussão oco, feito de bambu ou madeira;

Lira = instrumento de cordas.

Corneta lisa - instrumento de sopro 

Edição de texto: Monica Pinto
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