O conceito de Guerra Civil é caracterizado pela ideia de um conflito armado com diferentes grupos de pessoas que ocupam um mesmo território, podendo ser motivados por diversos fatores, como econômicos, pautas sociais, religiosas, posições geográficas, política, entre outros.   

O termo é uma palavra originária do latim, a partir da expressão "bellum civile". Na época passada, essa expressão era utilizada para fazer referência a guerras internas que aconteciam na república romana.  

Por mais que não seja algo para celebrar, justamente por estar acompanhado de problemas como fome, pobreza, destruição e alta taxa de mortalidade, os conflitos civis podem ser lembrados, mas de forma ressignificada, isto é, a ideia implantada no imaginário do ser humano desde criança de que é preciso aprender com os nossos erros, também pode ser vinculada a acontecimentos de cunho social que geraram grandes perdas. 

“É importante lembrar dos conflitos não apenas para que não ocorra uma repetição de erros do passado, mas também como forma de entender o tempo presente, o que constitui nossa identidade e como nos enxergamos socialmente”, disse o historiador e filósofo José Roberto da Silva Jr. ao F5 News. 

O Brasil é um território marcado por diversos conflitos civis, entre eles a Guerra dos Farrapos, de 1835 a 1845, também chamada de Revolução Farroupilha, em alusão ao nome com que era chamados os revoltosos - farroupilhas. O conflito teve início pela insatisfação dos estancieiros quanto ao imposto cobrado pelo governo sobre o charque, também chamado de carne-seca. No Século XIX, era vendido como principal alimento para os escravizados, especialmente no Sudeste e Nordeste do país.

Os estancieiros vendiam a carne bovina aos denominados charqueadores, diretamente afetados por essa carga tributária imposta a uma das principais produções gaúchas. Em paralelo, o charque exportado do Uruguai e da Argentina recebia taxação muito menor. 

A insatisfação econômica tomou proporções políticas na província do Rio Grande do Sul. O seu caráter foi separatista e resultou na assinatura do Tratado do Ponche Verde, acordo que colocou fim ao conflito, com o governo anistiando os revoltosos e aumentando o imposto sobre o charque importado, entre outras medidas. 

Já em território nordestino, um conflito relevante foi a chamada Guerra de Canudos, que ocorreu no sertão da Bahia, entre 1896 e 1897. A principal figura que representava o conflito na época foi Antônio Conselheiro. A também conhecida historicamente como Revolução de Canudos, apesar de ter caráter messiânico, estava imersa na luta contra a fome, a miséria e os demais efeitos da seca nas terras nordestinas. 

Sergipe

O historiador José Roberto da Silva Jr. pontua que Sergipe se relaciona a conflitos civis importantes na história do Brasil, mesmo que de forma indireta. “No contexto nacional, Sergipe teve uma relevância no período do processo de Independência do Brasil, época essa em também lutava pela sua independência da Bahia. Houve uma movimentação por parte de D. Pedro I, que colaborou e edificou a Independência sergipana politicamente”, disse ao F5 News. 

“No contexto internacional, temos como marco a participação na Segunda Guerra Mundial, não exatamente uma guerra civil, mas com um escopo mais amplo. Sergipe foi um dos poucos locais da América afetados diretamente pela guerra, tendo navios, repletos de pessoas, torpedeados por um submarino alemão na época e, devido ao ataque na costa sergipana, o Brasil entrou no conflito como resposta”, lembra.