Por Fernanda Araujo

Fala Povo: cresce o medo da violência no bairro Siqueira Campos

Casos de violência no bairro Siqueira Campos, Zona Norte de Aracaju (SE), têm deixado moradores e comerciantes assustados. Em agosto deste ano, o jovem David Feitosa Ribeiro, 22 anos, foi assassinado em uma pizzaria no momento em que a casa estava sendo assaltada. Já na manhã desta segunda-feira (27), um homem sofreu tentativa de homicídio na Praça Dom José Tomaz. Ele foi atingido com dois tiros em um dos bares do local.

O F5 News conversou com membros daquela comunidade, que se mostram apreensivos e queixosos quanto à carência de apoio policial.

José dos Santos, 75 anos, morador

 “Toda a vida foi desse jeito. Nunca teve segurança, há 28 anos que eu moro aqui. A polícia só vem na hora do ocorrido ou quando alguém liga, mas depois some de novo. De noite eu não ando aqui por opção, porque prefiro ficar em casa, mas também eu sei que a partir das 18h a situação piora”.

Eraldina Melo, comerciante

“Quando o carro da polícia aparece já mataram, isso quando aparece. Aqui é perigoso em todos os horários, principalmente no período da noite. Há nove anos que tenho esse ponto de comércio aqui e antes existiam mais policiais. Agora, a cada dia tem piorado. Até quando precisamos de um policial nós vamos ao posto do outro lado da praça, mas está fechado”.

José Carlos, morador

“Até o momento que eu fico pelo dia aqui não tem perigo de nada, a não ser à noite. Eu sempre estou viajando e fico aqui de semana em semana, mas, quando eu volto sempre há comentários de amigos reclamando da violência, que teve assassinato, roubo, essas coisas”.

Joaquim Almeida, morador

“A segurança aqui é muito precária, a violência é grande em todas as ruas principalmente nesta praça. Dificilmente eu vejo policial por aqui. Hoje de manhã passei pela praça e fui à padaria, de repente, um monte de gente correndo por causa dos disparos da arma. É perigoso andar sozinho aqui, principalmente mulher. Os piores horários são a partir das 21h em diante, hora que eu não aconselho a ninguém andar. Até quando a pessoa sai de casa e volta nesse horário é bom tomar cuidado. Parece que a violência está num lugar determinado, os policiais chegam e a violência se transfere para outro local. Quando as coisas apertam, é só a polícia aparecer e os marginais mudam de lugar. Só sei que aqui não tem policiamento ostensivo”.

Comerciante que pediu para não ser identificada

“A gente viu piorar de quinze dias pra cá. Enquanto estou aqui na minha loja, de repente quando a gente vê é o povo correndo e os vagabundos atirando e esfaqueando. Quando não é esfaqueando, quebram umas garrafas e empurram no pescoço dos outros. Sábado atrasado um cara quebrou uma garrafa e empurrou no pescoço do outro, quarta-feira outro marginal esfaqueou um. Quando é hoje de manhã um cara leva três tiros? Quer dizer, não tem nenhuma segurança no bairro e nem na praça. O posto policial que tem na praça é a mesma coisa de não ter. Todos os horários são ruins, você pode rodar a praça inteira não tem um policial andando por aqui. Isso não é de agora, vai fazer nove anos que estou aqui. É triste, mas daqui a um tempo acho que vou fechar a loja e procurar outro local porque não dá mais pra mim”.

Foto: Fernanda Araujo