Hospital de Cirurgia muda realidade do tratamento de infarto em Sergipe
Após anos de alta mortalidade na rede pública, unidade se consolida como referência em cardiologia pelo SUS, com atendimento rápido, estrutura moderna e reconhecimento nacional Cotidiano 06/06/2025 15h23 |Sofrer um infarto em Sergipe, anos atrás, era enfrentar uma verdadeira “via-crúcis” para conseguir atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O acesso ao diagnóstico e ao tratamento era demorado, e a taxa de mortalidade dos pacientes infartados na rede pública era o dobro da registrada na rede privada – 10,3% contra 4,9%, segundo estudos de 2017. Esse cenário começou a mudar a partir de 2018, com o fortalecimento do Serviço de Cardiologia do Hospital de Cirurgia (HC), fruto da gestão da Intervenção Judicial. Hoje, a assistência é completamente diferente: ágil, eficiente e de excelência, colocando o Cirurgia como referência no tratamento de infarto para os pacientes do SUS.
“É importante relembrar as dificuldades que Sergipe já enfrentou na assistência aos pacientes cardiológicos. Em 2017, o marcante estudo chamado ‘Via-Crucis’, amplamente divulgado na mídia nacional, inclusive internacional, evidenciou que a rede pública apresentava 50% a mais óbitos do que a rede privada. Além disso, o Cirurgia viveu a sua pior crise. Diante desse cenário, foi importante que se realizasse a Intervenção Judicial”, relembra Dr. Wersley Araújo, cardiologista do Serviço de Hemodinâmica do Cirurgia e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia – Regional Sergipe.
Com investimentos em estrutura, equipamentos, profissionais qualificados e com mudanças operacionais, o Cirurgia transformou o Serviço de Cardiologia. Um dos principais indicadores da qualidade da assistência prestada atualmente pelo HC é o tempo entre a chegada do paciente ao hospital e a realização do tratamento do infarto no Serviço de Hemodinâmica, que ocorre em até 90 minutos – intervalo fundamental para garantir a preservação do músculo cardíaco e salvar vidas, sobretudo de pacientes com infarto com supra, o tipo mais grave.
“O Cirurgia voltou a ser referência. Prova disso é o reconhecimento pelo Ministério da Saúde. Hoje, como presidente da Sociedade de Cardiologia, tenho orgulho em viver esse momento dos pacientes do SUS tendo um atendimento digno, rápido, de altíssima qualidade, com o que há de melhor em estrutura física, tecnologia e profissionais renomados”, ressalta Dr. Wersley.
Preferência pelo SUS
O nível de excelência do Cirurgia é tanto que atrai até pacientes que poderiam ser atendidos na rede privada, como José Antonio de Oliveira Costa, 59 anos, morador de Nossa Senhora do Socorro. Mesmo com plano de saúde, ele e a família optaram por ser atendidos no HC após sofrer um infarto.
“Eu estava em casa, de noite, e começou um enjoo no peito. Depois, veio a dor. Como só estava eu e minha esposa, dirigi até o Zé Franco. Se eu fosse para o hospital do plano, ia demorar mais. Lá, o médico já ligou para o Cirurgia e disse que eu estava infartando e seria transferido. Falei que tinha plano, mas ele disse: ‘Vá para lá que lá é melhor’”, conta José Antônio. Ele chegou ao HC por volta das 2h da manhã e às 2h30 já estava fazendo o cateterismo.
Ele não economiza elogios ao atendimento do Cirurgia. “Só tenho a agradecer, porque foi o que salvou a minha vida. Não quero passar por isso nunca mais, mas, se acontecer, quero estar aqui. Fui muito bem tratado. Médico? São seis médicos por dia. Aqui é um SUS que funciona e muito bem”, declara.
José Antônio também destaca a estrutura do hospital: “Não imaginava que tinha essa ala nova, tudo bem arrumado. É uma maravilha”, elogia. E reforça a importância da rapidez na assistência. “Por causa do atendimento ágil, graças a Deus, não tive nenhuma sequela no coração. Se eu fosse para o hospital do meu plano, lá não fazem esse procedimento. Iam me transferir para outro, e talvez nem conseguisse fazer no mesmo dia”, afirma.
Tempo é vida
Quando o assunto é infarto, o tempo faz toda a diferença. É o que explica Dr. Luiz Flávio Prado, chefe do Serviço de Cardiologia do Cirurgia: “Na cardiologia, existe um jargão que diz: ‘tempo é músculo’. O coração é um músculo e, quando está infartando, cada minuto que passa significa perda de uma parte dele. Por isso, nossa prioridade é agilizar o diagnóstico e tratamento, para reduzir ao máximo as sequelas e garantir que o paciente saia do hospital sem nenhuma”.
O protocolo adotado no HC garante que o paciente realize um eletrocardiograma em até 10 minutos após a chegada na Unidade Cardiovascular Avançada do hospital. Confirmado o diagnóstico, ele é levado imediatamente à Hemodinâmica para desobstrução da artéria. “Lá também é uma luta contra o tempo. Precisamos abrir rapidamente essa artéria que provocou o infarto. Todo o processo deve ser concluído em, no máximo, uma hora”, esclarece Dr. Luiz Flávio.
Segundo o chefe da Cardiologia, a estrutura do Cirurgia faz toda a diferença. “Nossos técnicos, enfermeiros e médicos trabalham com muita segurança e agilidade. O paciente chega e tudo funciona de forma automática”, reforça. E o resultado aparece na recuperação: “Com esse atendimento ágil, conseguimos dar alta para a maioria dos pacientes em 48 a 72 horas”, destaca o especialista.
Pioneirismo
Essa trajetória de excelência acompanha a história do Cirurgia desde a fundação. O hospital é sinônimo de pioneirismo na Cardiologia em Sergipe, sendo responsável pelo primeiro transplante cardíaco do Norte e Nordeste do Brasil, pela primeira cirurgia cardíaca, pela implantação do primeiro Laboratório de Hemodinâmica no estado, no início da década de 1980, e, mais recentemente, pela realização do primeiro Tavi (Implante Percutâneo de Válvula Aórtica) pelo SUS.
Infraestrutura de excelência
O HC conta com uma linha completa de cuidados e infraestrutura de ponta para diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares. São quatro salas de Hemodinâmica, Unidade Cardiovascular Avançada para pacientes infartados, tomografia e ressonância magnética que permite exames do coração, ambulatório de especialidades, entre outros serviços voltados para a cardiologia. Em abril deste ano, uma nova sala de Hemodinâmica entrou em operação e permite que o serviço atue de forma ainda mais eficiente.
Em 2024, os números comprovam a força do serviço: foram 5.173 procedimentos hemodinâmicos, incluindo 2.397 cateterismos, 1.130 angioplastias coronarianas e 262 implantes de marcapasso. No atendimento ambulatorial, o hospital realizou 8.134 consultas em cardiologia clínica e 1.339 consultas em cardiologia cirúrgica.
Para a interventora judicial do Cirurgia, a enfermeira Márcia Guimarães, todos esses avanços só foram possíveis graças a um trabalho conjunto e comprometido. “A transformação que vemos hoje no HC é fruto, sim, da Intervenção e do empenho de nossos colaboradores, mas também do apoio fundamental do Governo do Estado, da Secretaria Estadual da Saúde, do Ministério Público, do Tribunal de Justiça e dos demais órgãos de justiça e controle. Sem esse suporte não teríamos conseguido alcançar esse nível de excelência e salvar tantas vidas”, ressalta.
Fonte: Ascom





