Por que agora é indicado rastrear diabetes tipo 2 a partir dos 35 anos? | F5 News - Sergipe Atualizado

Saúde
Por que agora é indicado rastrear diabetes tipo 2 a partir dos 35 anos?
Documento publicado pela Sociedade Brasileira de Diabetes também traz novas orientações sobre os exames laboratoriais usados para diagnóstico da doença
Cotidiano | Por Agência Einstein 17/05/2025 16h00 |


A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) atualizou as diretrizes para o rastreamento e diagnóstico do diabetes tipo 2 no Brasil. Entre as principais mudanças estão a redução da idade para início da triagem em adultos assintomáticos, a inclusão de alerta para rastreio em crianças e adolescentes e a alteração em alguns critérios nos exames usados para diagnóstico. O documento foi publicado em março na revista científica Diabetology & Metabolic Syndrome.

A atualização ganha relevância diante do crescente aumento de casos de diabetes tipo 2, em grande parte, devido às altas taxas de sobrepeso e obesidade na população global. Segundo a 11ª edição do Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF), cerca de 589 milhões de adultos entre 20 e 79 anos vivem com a doença no mundo.

No Brasil, a estimativa da SBD é de que cerca de 20 milhões de pessoas convivam atualmente com diabetes, o que representa aproximadamente 10,2% da população.

Uma das principais mudanças nas novas diretrizes para o rastreamento do diabetes tipo 2 é a ampliação da faixa etária e dos critérios para início da triagem. A nova recomendação é de que todos os adultos a partir dos 35 anos sejam submetidos ao rastreio, mesmo que não apresentem sintomas ou fatores de risco conhecidos. Antes, essa indicação era a partir dos 45. 

Já para pessoas com menos de 35 anos, o rastreamento também é indicado caso tenham sobrepeso ou obesidade, desde que associado a pelo menos um fator de risco adicional. Entre esses fatores estão: histórico familiar de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, níveis baixos de HDL (inferiores a 35 mg/dl), triglicerídeos elevados (acima de 250 mg/dl), síndrome dos ovários policísticos, presença de acantose nigricans (pequenas manchas escuras em tons de marrom na pele) e sedentarismo. Também devem ser considerados antecedentes como pré-diabetes detectado em exames anteriores ou histórico de diabetes gestacional.

O endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca a importância da atualização. “Cada vez mais vemos pessoas jovens com alterações na glicemia associadas a fatores como obesidade e sedentarismo. O diabetes é uma doença silenciosa e, quando a glicemia começa a subir, o risco de complicações cardiovasculares já está presente. Diagnosticar cedo é essencial para prevenir problemas futuros”, afirma.

No caso de crianças e adolescentes assintomáticos, a recomendação da diretriz é iniciar o rastreamento após os 10 de idade ou depois do início da puberdade (o que vier primeiro) naqueles com sobrepeso ou obesidade e com pelo menos um fator de risco adicional – entre eles, a mãe ter tido diabetes gestacional.

Exames diagnósticos

As novas diretrizes para o rastreamento do diabetes tipo 2 mantêm os exames de glicemia de jejum e hemoglobina glicada (A1c) como padrão inicial de triagem. A recomendação é que ambos os exames sejam realizados em conjunto para confirmação diagnóstica. 

“Se a hemoglobina glicada estiver igual ou acima de 6,5% e a glicemia de jejum for igual ou superior a 126 mg/dl, não há necessidade de exames adicionais — esses níveis já são compatíveis com o diagnóstico de diabetes. Mas, se apenas um deles estiver alterado, é preciso repetir os testes para confirmar”, explica a endocrinologista Melanie Rodacki, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), membro do Departamento de Diretrizes da SBD e uma das autoras da atualização.

Rodacki ressalta ainda que, em casos sintomáticos – como sede excessiva, urina frequente, fome aumentada e perda de peso não intencional –, a presença de glicemia igual ou superior a 200 mg/dl (mesmo sem jejum) já é suficiente para fechar o diagnóstico, sem a necessidade de novo exame. Para situações em que os níveis de glicose em jejum e da hemoglobina glicada estejam fora da faixa considerada normal, mas ainda não configurem diabetes, a diretriz recomenda o teste de tolerância à glicose oral (TTGO).

E é justamente nesse exame que surge uma das principais novidades: antes realizado com uma segunda coleta duas horas após a ingestão de glicose, o TTGO agora passa a ter essa etapa feita após apenas uma hora. O objetivo é identificar precocemente casos de pré-diabetes, seguindo orientações da Federação Internacional de Diabetes. O teste continua exigindo jejum prévio e uma primeira coleta de sangue. Depois, o paciente ingere uma solução com 75g de glicose diluída em água, e a nova coleta é feita uma hora depois. 

“Não estamos dizendo que o teste de duas horas não é válido, ele também é um critério para diagnóstico. A diferença é que o exame de uma hora é mais simples, rápido e menos custoso, o que facilita sua realização em centros de diagnóstico e amplia o acesso. Ele consegue prever o risco de diabetes de forma mais precoce em pessoas de alto risco. Por isso, optamos por incluí-lo nas diretrizes brasileiras”, afirma a especialista da SBD.

Sobre a mudança no TTGO, Rosenbaum reforça que o novo protocolo tem potencial de aumentar em até 40% a detecção de casos de pré-diabetes. “Mesmo antes do diagnóstico de diabetes em si, quando a glicemia está apenas discretamente elevada, já existe um processo inflamatório em curso que favorece a aterosclerose. Isso aumenta o risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e outras complicações. Detectar alterações discretas nos níveis de glicose permite iniciar precocemente intervenções preventivas, sobretudo não farmacológicas, como dieta e atividade física, medidas simples que podem evitar a progressão da doença e suas consequências a longo prazo”, destaca.

Outra inovação importante é a criação de um fluxograma clínico que orienta profissionais de saúde sobre quais exames solicitar, em que momento e para quais perfis de pacientes. “Sempre houve dúvidas sobre como conduzir o rastreamento, então desenvolvemos um material baseado em evidências científicas, para ajudar médicos de todo o país a agir com segurança, no tempo certo, e de forma prática, facilitando o diagnóstico precoce em diferentes contextos do sistema de saúde”, conclui Rodacki.

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