Preservação cultural ameaçada: os desafios das quadrilhas juninas em Sergipe | F5 News - Sergipe Atualizado

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Preservação cultural ameaçada: os desafios das quadrilhas juninas em Sergipe
Ausência de políticas públicas efetivas resulta em uma diminuição dos investimentos
Cotidiano | Por F5 News 28/06/2023 13h06 |


Sergipe é conhecido como um dos principais berços das tradições juninas no Nordeste do Brasil, sendo inclusive classificado como “País do Forró”. Mas uma das mais belas manifestações culturais culturais do ciclo junino - as quadrilhas que tradicionalmente encantam o público com suas coreografias elaboradas, músicas típicas e figurinos coloridos - estão perdendo espaço e reconhecimento, prejudicando não apenas os próprios grupos, mas também a cultura e a identidade do estado.

A origem da quadrilha remonta à Inglaterra do século XIII. No entanto, ao longo do tempo, ela foi adaptada à cultura francesa e se desenvolveu nas danças de salão a partir do século XVIII, quando foi ganhando popularidade entre os membros da nobreza europeia. Com a disseminação da quadrilha pela Europa, ela também chegou a Portugal.

A partir do século XIX, a dança começou a se popularizar no Brasil devido à influência da corte portuguesa, especialmente no Rio de Janeiro, que era então a sede da Coroa. Inicialmente, a quadrilha foi bem recebida pela nobreza, mas posteriormente conquistou o povo e adquiriu um novo e mais popular significado.

A dança da quadrilha se difundiu nos meios rurais brasileiros como uma forma de festejar e agradecer pela colheita, além de prestar homenagem aos santos populares, como São João, Santo Antônio e São Pedro. Assim, a quadrilha se tornou uma expressão cultural bastante apreciada, unindo a alegria das festividades populares com suas raízes aristocráticas.

A tradição das quadrilhas juninas em Sergipe remonta a tempos antigos, passando de geração em geração. A ausência de políticas públicas efetivas para promover e preservar essa manifestação cultural e identitária no estado resulta que os grupos enfrentem dificuldades para ensaiar, montar seus figurinos e, se as apresentações, mantém qualidade, é por força do empenho dos integrantes das quadrilhas, exclusivamente. 

O jornalista Gilson Sousa, assessor de Imprensa da quadrilha junina Século XX, explica que o governo de Sergipe apenas paga alguns cachês por apresentações, não suprindo o valor gasto. “Para a produção da quadrilha, confecção dos trajes, cenário, produção musical, não existe nenhuma ajuda de governo, nenhuma, e é um custo altíssimo. A Século XX esse ano, por exemplo, a gente estima um custo de R$ 250 mil”, disse ao F5 News.

Gilson ainda detalha que em 80% dos casos, cada quadrilheiro paga os seus trajes, e nos 20% que restam, esse investimento é obtido pelas ajudas que os grupos conseguem. “Durante o ano a quadrilha faz rifa, bingo, vende camisa, vende produtos para fazer fundo com o objetivo de ajudar alguns quadrilheiros, que geralmente não tem condições porque é tudo muito caro”, disse o jornalista ao portal. 

A quadrilha Século XX chegou a cinco finais de campeonatos sergipanos, sendo que foi campeã de três, e vice de duas.

Quadrilheira há mais de oito anos, Rayane Alencar atualmente dança na quadrilha Rosa dos Ventos, e também diz que falta incentivo por parte do poder público. “Nós que dançamos temos que arcar com tudo, desde as vestimentas até muitas vezes o transporte, essas dificuldades fazem com que muitas pessoas não consigam dançar por falta de condições financeiras”, disse ao F5 News.

Da mesma forma que a quadrilha Século XX, a Rosa dos Ventos recebe muito mais incentivo da população do que governamental. “[O público] nos ajuda comprando rifa, indo nos assistir e nos dando apoio, em parte a prefeitura também nos ajuda, mas não é como o desejado”, disse Rayane.

Ao ser questionada o que a move a continuar, nem cenário de tão escasso apoio, ela responde: “Pela cultura em si, de não deixar ela morrer, isso me faz continuar em meio às dificuldades. A partir do momento que você entra no arraiá você consegue viver toda uma história que ali está em meio à quadrilha, ver a felicidade e energia de quem assiste é muito emocionante”, relatou Rayane.

 

Edição de texto: Monica Pinto
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