A história de Alzineide de Jesus Santos Carvalho, ou simplesmente Neide, é daquelas que inspira. Mulher de fé, de sorriso sereno e coragem inabalável, ela descobriu em março de 2013 que carregava dentro de si um desafio que mudaria sua vida para sempre. Durante um exame de rotina, um ultrassom mamário apontou um nódulo suspeito na mama esquerda. Pouco tempo depois, veio o diagnóstico: carcinoma ductal in situ, um tipo de câncer não invasivo.

O susto foi grande, mas a esperança foi maior. Neide passou por uma cirurgia para retirada de um quadrante da mama e iniciou o tratamento com o medicamento tamoxifeno, que tomou durante cinco anos, sempre acompanhada por exames de rotina a cada seis meses. A fé e o amor à vida a guiavam em cada etapa.

Mas, em março de 2023, o destino lhe impôs uma nova prova. Durante o autoexame, ela sentiu um nódulo grande. “Eu já estava com ultrassom marcada. Fiz e foi confirmado um nódulo grande. Fiz duas biópsias”, lembra. A segunda confirmou o que ela mais temia: carcinoma ductal in situ positivo para HER2, um tipo mais agressivo da doença, com risco de se espalhar para outras partes do corpo.

Ao lado do esposo, Anderson Carvalho um companheiro para todas as horas. Foto: Arquivo Pessoal

“Eu não chorei, não fiquei desesperada. Fiquei paralisada. E pela minha cabeça passou um sentimento de que tudo iria dar certo”, conta. Ao lado do mastologista Dr. José Valdercides Amaral, Neide tomou uma das decisões mais difíceis de sua vida: optou pela retirada das duas mamas. A cirurgia aconteceu em 14 de julho de 2023. Pouco tempo depois, o resultado da biópsia confirmou que o câncer era invasivo. Em 30 de agosto, começava uma nova batalha — a quimioterapia.

“Foram dias muito dolorosos. Depois da segunda sessão, meu corpo começou a ficar mais debilitado. Eu sentia dificuldade para comer, andar e até para ficar de pé. Tinha dias que eu não sentia o meu corpo. Mas, mesmo assim, eu só pensava: vou ficar boa”, relembra com os olhos marejados.

A cada sessão, Neide se fortalecia na fé. O apoio da família foi essencial. “Um dos meus maiores desafios foi ser forte por eles. Eu queria passar confiança, mostrar que estava bem, para que todos sofressem menos. A fé me sustentava, e eu transformava o medo em esperança.”

Foram seis sessões de quimioterapia, seguidas de 12 sessões preventivas e 15 sessões de radioterapia. O tratamento, acompanhado pelo médico oncologista Dr Ricardo Emanuel de Oliveira Ramos, terminou em 21 de agosto de 2024, marcando o fim de uma fase dolorosa e o início de um novo capítulo. “Hoje faço exames e consultas de rotina a cada três ou seis meses. Tenho uma rotina de paciente oncológica, mas sigo confiante, vivendo um dia de cada vez.”

Mesmo curada, Neide ainda sente alguns incômodos físicos, especialmente na região abdominal. Para aliviar os sintomas, ela encontrou no Pilates um novo aliado. “Está me ajudando muito”, diz com gratidão.

Ao lado dos filhos Thiago e Gabriel. Foto: Arquivo Pessoal

Ao relembrar tudo o que viveu, Neide transforma sua experiência em um recado cheio de amor para outras mulheres que recebem o diagnóstico de câncer de mama: “Não se desespere, não se pergunte ‘por que eu’. Aceite o momento, tenha fé e seja positiva. Com o acolhimento da família, o apoio dos amigos e a confiança em Deus, é possível atravessar a dor e alcançar a cura.”

Hoje, Neide é símbolo de esperança e uma voz ativa durante o Outubro Rosa. “Essa campanha é essencial. Ela chama a atenção das mulheres e das autoridades para uma doença que ainda tira muitas vidas e cresce a cada ano. O Outubro Rosa é um alerta para todas, inclusive para aquelas que acham que nunca vai acontecer com elas”, afirma.

Entre lágrimas, fé e amor, Neide aprendeu que o câncer não foi um ponto final — foi um recomeço. Um novo olhar sobre a vida, sobre a força que habita em cada mulher e sobre o poder da esperança que cura.