Por Márcio Rocha

Professor é acusado de chamar 32 alunos de preguiçosos e vadios

Exatamente 32 alunos do Colégio Estadual Atheneu Sergipense estão revoltados contra um professor de educação física, Gustavo Rocha, que reprovou os estudantes por critérios pouco convencionais – como aplicar questões do ENEM em provas de alunos da 2ª série do ensino médio, ou argumentando que os estudantes são sedentários, preguiçosos e até vadios. Na manhã desta sexta-feira (6), revoltados, os alunos foram à Diretoria de Educação de Aracaju (DEA) levar a queixa.

De acordo com o estudante Mateus Santos, o professor aplicou provas com conteúdos confusos em seu programa de disciplina. O professor destaca que o aluno só será reprovado se não alcançar a “medíocre média” de cinco pontos no total das avaliações.

“Esse professor não nos ensinou quase nada, perseguia os alunos nas atividades físicas e aplicou questões que não têm a ver com a disciplina nas provas. Com o outro professor nós tínhamos conteúdo e aula prática de exercícios, com esse ficou tudo uma bagunça”, destacou Mateus.

Nas provas, o professor aplicava testes de exercícios físicos, com algumas aplicações de conteúdo de nível superior. Segundo Mateus Santos, até conteúdo de fisiologia, matéria ensinada para alunos de universidade, foi aplicado nas aulas de Gustavo Rocha. No conteúdo do relatório da disciplina, o professor destaca que os alunos não têm interesse em aprender coisas relacionadas à saúde, apenas questões aplicadas em exames vestibulares.

Em uma das provas aplicadas, segundo o estudante Ronnie Max, o professor chamou os alunos de vadios, preguiçosos e anormais. Em uma das provas mostradas pelos alunos à direção da DEA, há uma questão que diz: “Pela lógica social, “preguiçosa” é uma pessoa (normal) que não quer aprender (ou decorar) 03-04 páginas de conteúdo em quatro meses”, numa referência direta aos alunos.

O professor também tece várias críticas ao sistema educacional vigente, ao referir em prova que o “sistema (educacional) não busca uma população saudável”. Questões sem nenhum embasamento lógico para o aprendizado do aluno. Max foi além. Disse que foi reprovado por perseguição do professor. “Ele me reprovou por perseguição, pois tirei 6,0 na recuperação e ele me descontou 1,5 ponto com o argumento que sou sedentário”, reclamou o estudante.

Segundo Mateus Santos, o professor é contratado e substituiu o hoje secretário adjunto de Esporte e Lazer de Aracaju, Antônio Hora Filho. Os alunos haviam feito queixas sobre seu comportamento ao diretor da escola e nenhuma providência foi tomada.

A Secretaria de Estado da Educação disse ter tomado conhecimento do problema hoje, com a manifestação dos alunos na DEA, convocou o diretor da escola para comparecer junto com o professor, com objetivo de dar explicações sobre o problema com os alunos.

O professor apresentou o conteúdo programático e destacou que foram aplicados todos os assuntos, inclusive com um termo de concordância assinado pelos alunos, no dia da aplicação da última prova. Sobre os assuntos relacionados ao ENEM, o professor mostrou que a disciplina de educação física ganhou status como educacional, não recreativa e que ela é cobrada no exame.

Dos 320 alunos que estão sob responsabilidade do professor, apenas os 32 alunos reprovaram o que está na média de reprovação total. A respeito dos alunos que se sentiram desrespeitados ou perseguidos, a SEED se posicionou de forma a atender os alunos, desde que os pais ou responsáveis procurassem a secretaria ou a direção da escola para fazer a reclamação. Nenhum aluno procurou ao longo do período em que o professor está em atividade.