“Há grandes desafios para manter resultados positivos em 2025”, prevê economista
Rodrigo Rocha defende um planejamento estruturado e de longo prazo como estratégia Economia | Por Monica Pinto 08/12/2024 13h55 |Em que se pese um cenário de incertezas – realidade corriqueira em meio às nuances complexas da macroeconomia nacional -, 2024 trouxe muitas boas notícias nesse campo ao país. No aspecto da justiça social, sobressaiu uma da maior relevância prática sobre a qualidade de vida da população: 8,7 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza no país. “Numericamente, essa população recuou de 67,7 milhões para 59 milhões, seu menor contingente desde 2012”, diz o IBGE.
Mas, de modo geral, o que pode nos reservar 2025? F5 News conversou com o economista Rodrigo Rocha, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) Sergipe. Doutor em Ciência da Propriedade Intelectual e mestre em Desenvolvimento Regional e Gestão de Empreendimentos Locais, ele antecipa perspectivas vislumbradas para o Brasil e especificamente para Sergipe. Confira.
“Os fatos econômicos mais fáceis de serem vistos interferindo diretamente na vida das pessoas estão relacionados ao emprego, renda e inflação, mas esses fatos influenciam e são influenciados por diversos outros dados/fatores”, ressalva o economista.Ele cita crescimento do PIB projetado para 2024, bem acima do previsto pelo mercado no início do ano e que, na prática, impacta a geração de emprego e de renda para a população. “PIB crescendo possibilita mais empregos surgindo, em especial os empregos com carteira assinada - trabalho formal -, pois as empresas precisam contratar mais colaboradores e com isso mais dinheiro circula, estimulando o consumo e gerando uma espiral positiva na economia”, disse Rodrigo Rocha ao F5 News.
Há, porém, riscos e tendências associados a essa espiral a princípio positiva, mostra o economista: “Quando aumenta o emprego e o consumo, isso pode ter impacto significativo no aumento da inflação, indicador este que também é impactado pelo dólar, pois compramos muitos insumos e bens e serviços diversos no mercado internacional”. Prossegue ele: “se o valor do dólar fica mais alto, também fica mais caro adquirir tudo que precisamos importar para atender à demanda da economia brasileira”.
Rodrigo Rocha classifica como outro desafio para a economia brasileira o ajuste nas contas públicas. “Quanto maior a dívida do governo, em relação ao que arrecada (receita oriunda de tributos e de outras fontes diversas), maior a dificuldade de realizar investimentos públicos e atrair investimentos privados internacionais, fundamentais para manter, de forma sustentável, o crescimento do emprego e da renda”, explica.
Ele reforça o apagar das luzes de 2024 como um momento positivo, porém antecipa “grandes desafios para manter esses bons resultados em 2025”.
Quadro de Sergipe
Rocha lembra que Sergipe não é uma ilha e também fica à mercê dos efeitos de questões macroeconômicas, como a inflação e o dólar. Porém, ressalva o economista, o Estado tem conseguido atrair investimentos relevantes e gerar muitos empregos formais.
“São dados muito importantes para os sergipanos”, avalia, situando que o momento favorável também é reforçado pelos bons resultados nas contas públicas. “Isso possibilita ao Estado ter um papel relevante nos investimentos públicos, que possuem papel estratégico para o desenvolvimento estadual”, diz.
Como encaminhamentos estratégicos, Rocha diz ser necessário reforçar políticas públicas relevantes como o estímulo à Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). “Isso possibilita o aumento da competitividade das empresas sergipanas e, consequentemente, um crescimento mais rápido e de forma sustentável ao longo do tempo, permitindo, assim, a geração de mais empregos e com melhores remunerações”, disse ao F5 News.
Segundo Rodrigo Rocha, tudo isso deve fazer parte de um planejamento estruturado, de longo prazo, a exemplo da iniciativa do governo chamado "Sergipe 2050". “Ela tem potencial para direcionar programas e ações que possibilitarão ao Estado conseguir manter uma trajetória de crescimento, sofrendo menos com as crises cíclicas, normais em qualquer economia”, prevê.




