Saiba porque inovação é fundamental no mundo dos negócios
Professor da Unit especialista em Empreendedorismo aponta caminhos para inovar Economia | Por Monica Pinto 11/08/2021 07h30 |F5News - Inovação é um conceito ainda bastante associado a avanços tecnológicos. Como ele se aplica a negócios fora desse perfil?
Wellington Silva - Fora desse conceito, a inovação está associada à novidade, invenção, algo novo que gera valor agregado e que atende a alguma necessidade ou resolve algum problema existente. Assim, quando atendemos a uma necessidade real através de uma aplicação, um produto ou serviço, a maneira inédita de fazer alguma atividade, pode ser considerado inovação.
F5News - O senhor já disse que usualmente se confunde inovação com processos internos de melhoria nas empresas. Qual a principal diferença?
Wellington - Quando uma empresa recebe, por exemplo, uma reclamação ou um feedback do cliente, e os gestores percebem que o cliente tem razão, decidem melhorar as condições de atendimento. Neste caso houve melhoria dos processos internos.
A inovação atende a uma necessidade, resolve um problema, porém, de forma inédita, que torna a gestão empresarial e as operações mais ágeis, produtivas e eficazes, trazendo benefícios e gerando novas soluções para o cotidiano da empresa, ou até mesmo gerando novas demandas, mercados.
F5News - No âmbito das micro e pequenas empresas, o custo de inovar chega a ser um obstáculo concreto ao processo?
Wellington - Para o micro e pequeno empresário todo e qualquer custo além do esperado é considerado um obstáculo e dificulta a gestão. Porém, no meu entendimento, é uma questão de visão e prioridade.
Se o entendimento do empresário for investir, mesmo que seja o mínimo de recurso financeiro possível, para inovar, significa que ele tem uma visão empreendedora focada nas oportunidades. Pois uma inovação, quando aceita pelo mercado consumidor, pode alavancar seu negócio e o elevar para patamares financeiros nunca imaginados.
Inovação, quando é priorizada, torna-se uma habilidade muito importante que gera competitividade pelo ineditismo. Além de outras vantagens como ter acesso a conhecimento e incorporar novas tecnologias.
F5News - O que o senhor recomenda como ponto de partida para empreendedores dispostos a inovar em seus negócios, porém sem conhecimento dos caminhos para chegar a essa meta?
Wellington - Muitas vezes "virar a chave" para inovar na empresa é melhorar a gestão de pessoas ou capacitar a equipe, trazendo conhecimento para o negócio. Todas as pessoas envolvidas podem contribuir com insights. Também, existem cursos de criatividade e inovação (muitos gratuitos pela internet) que ajudam na construção de uma cultura de inovação na empresa. Outra fonte, de baixo custo, é fazer parcerias com instituições e centros de pesquisa, além de concorrer a financiamento através de editais.
F5News - Pessoas físicas - profissionais liberais, por exemplo - devem buscar inovação no mesmo patamar das empresas? De que formas podem fazê-lo?
Wellington - Muitos produtos ou serviços que existem no nosso cotidiano surgiram do processo de inovação de pessoas "simples", a partir da dificuldade que elas enfrentam nas atividades comuns do dia-a-dia. Por exemplo, a dentista aposentada Beatriz Alves de Andrade, na época com 60 anos, inventou um utensílio que facilita até hoje o trabalho na cozinha de muitas casas: o escorredor de arroz. Sua invenção foi produzida pela primeira vez pela empresa Trol S/A, que pagou à inventora durante 15 anos para obter a licença e patente da criação. A ideia surgiu porque ela não via sentido em usar um pote para lavar e outro para escorrer o alimento. Assim, criou um único acessório em que podemos lavar e secar o arroz.
A grande diferença entre empresas e pessoas físicas é o recurso para prototipagem, testes, degustação, validação. Mas o processo da criação e inovação é o mesmo para ambos.
F5News - No contexto da pandemia de covid-19, se verificou forte impulso ao comércio online, que já vinha em curva ascendente contínua. Há outros exemplos de inovação gerados pela circunstância da crise sanitária?
Wellington - Sim, muitas empresas inovaram na forma de atendimento ao seu público, muitas delas passaram a ser 100% digitais. Outros exemplos configuram na verdade uma aceleração na maneira de consumir alguns produtos/serviços, como shows (que substituiu o ingresso pelo cachê solidário e participativo), visitas a museus (passou a ser virtual), muitos restaurantes passaram a atender somente delivery, ou ainda, grandes empresas que transformaram clientes em vendedores autônomos, que comercializam produtos através do site da empresa ou por aplicativos.
A plataforma digital de vendas ajudou autônomos, micro e pequenos varejistas a continuarem a vender mesmo durante a crise.





