A aplicação da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos pode reduzir em até US$ 2,8 milhões o valor das exportações de Sergipe em 2025. Convertido para o real, o montante ultrapassa R$ 15,5 milhões.

Arthuro Paganini/Agência Sergipe

A medida, que entrou em vigor esta semana, pode provocar uma queda de até 0,03 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB) de Sergipe ainda em 2025. A estimativa consta em estudo do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE), vinculado ao Banco do Nordeste.

Segundo o relatório, em 2024, o estado exportou mais de US$ 72 milhões para o mercado norte-americano. Desse total, cerca de 23,8% dos produtos seriam diretamente afetados pela nova tarifa, caso a medida estivesse em vigor desde então. Isso corresponde a aproximadamente US$ 17,1 milhões em exportações impactadas — principalmente em setores que não foram incluídos na lista de exceções da ordem executiva americana.

Com base em cenários de curto prazo calculados a partir da elasticidade-preço da demanda externa, a estimativa é de que Sergipe perca entre US$ 1,7 milhão e US$ 2,8 milhões em exportações para os EUA apenas em 2025.

Esse recuo, ainda que aparentemente modesto frente ao total do comércio internacional do estado, tem potencial de gerar efeitos em cadeia sobre a atividade econômica, especialmente por atingir setores intensivos em mão de obra, como a fruticultura e a indústria de calçados.

No cenário mais conservador, o impacto estimado no PIB sergipano seria de -0,02 ponto percentual neste ano. Em uma projeção mais pessimista, essa retração pode chegar a -0,03 ponto percentual. Para 2026, caso as sobretaxas permaneçam e os exportadores não consigam direcionar sua produção a novos mercados, a redução do PIB estadual pode alcançar -0,07 ponto percentual.

O relatório também alerta que os impactos reais podem ser ainda mais expressivos. Isso porque, além da perda direta de receita com exportações, os efeitos secundários incluem possíveis aumentos na desocupação, na inadimplência e na redução do consumo.

Apesar de Sergipe não figurar entre os estados nordestinos mais prejudicados em termos absolutos, a proporção de sua pauta exportadora afetada indica que o estado deve seguir atento às movimentações do comércio internacional, especialmente quando se trata de seu segundo principal parceiro comercial, aponta a análise.

O total projetado de perdas para o Nordeste em 2025 chega a US$ 324,4 milhões, o equivalente a 11,6% das exportações da Região para os EUA, considerando o cenário de maior sensibilidade de demanda.

Ranking dos estados mais afetados

Veja abaixo o ranking dos estados nordestinos conforme o impacto estimado em valores absolutos (US$ FOB):

Ceará – US$ 108.884.514
Bahia – US$ 108.324.412
Pernambuco – US$ 28.897.415
Maranhão – US$ 37.352.404
Rio Grande do Norte – US$ 10.370.871
Alagoas – US$ 13.210.155
Paraíba – US$ 5.833.372
Piauí – US$ 6.109.160
Sergipe – US$ 2.859.809

*Com informações do Diário do Nordeste