
Orquestra Sanfônica de Aracaju volta ao Forró Caju com 14 sanfoneiros no palco
Formado por músicos de várias idades, grupo promete espetáculo vibrante no reencontro com o evento que marcou sua estreia em 2007 Entretenimento | Por Agência Aracaju 03/06/2025 15h49 |Se com uma sanfona já se mantém a essência do forró, imagine a interação de 14 instrumentos tocando ao mesmo tempo. O talento nas mãos e um tino aguçado para a música formam a sanfonia envolvente que vai transportar a alma do São João para o Forró Caju 2025.
De volta ao espaço onde realizou sua primeira apresentação, a Orquestra Sanfônica de Aracaju, formada em 2007, se apresenta no Palco Clemilda, na Praça Acrísio Garcez, localizada no Conjunto Augusto Franco, nesta quarta-feira, 4.
Sob a regência do professor de música Evanilson Vieira da Silva, a orquestra se mantém como um dos maiores símbolos da capital sergipana. Para o maestro, se apresentar no Forró Caju representa a realização de um desejo latente e remete à própria história da orquestra.
“Significa o que a gente mais deseja, porque o Forró Caju é uma vitrine, foi nesse evento maravilhoso que a orquestra surgiu tocando para cerca de 100 mil pessoas, foi um momento muito importante, não só pra nós, mas para todo o público aracajuano e sergipano, que quando soube da criação desse projeto, amou de verdade, o público criou expectativa e foi uma festa linda, não sai da nossa lembrança”, lembrou Evanilson.
Composta atualmente por 14 sanfoneiros, 4 percussionistas e 1 baixista, a orquestra reúne músicos de diferentes idades. Para o maestro Evanilson, essa diversidade é uma oportunidade constante de aprendizado.
“A orquestra é um laboratório excelente, por aqui já passaram diversos músicos, senhores, senhoras, jovens, e a pegada é essa, a gente não pode perder essa coisa boa que temos. O trabalho de todos os colegas aqui, dos monitores de naipe, faz esse projeto crescer, sempre com a intenção de renovar, trazer pessoas novas para participar, aprender conosco e também ensinar, porque a gente ensina e aprende o tempo todo. E aqui nós temos jovens de 15 anos, tem pessoas de 20 e poucos anos, 30, 40, tem até de quase 80 anos, então é muito bom”, destacou.
Evanilson afirma que a orquestra surgiu com o objetivo de divulgar a cultura nordestina e o seu principal ritmo musical: o forró. Esse compromisso, em suas palavras, será transmitido no repertório montado para o Forró Caju.
“A gente escolhe os maiores clássicos da música nordestina e algumas coisas da música brasileira mesmo. Claro que numa festa junina a gente vai tocar forró, a gente vai tocar chorinho, que é o que tem de melhor no nosso Nordeste e que gera expectativas sempre positivas nas pessoas que vão curtir a festa, dançar, brincar, se divertir de verdade”, comentou.
O maestro também adianta que a orquestra preparou um espetáculo vibrante e culturalmente rico.
“Tenho certeza que faremos de tudo para tocar o que há de melhor na nossa cultura e, principalmente, tocar o coração de todas as pessoas que estão aqui para curtir nossa festa”, disse ele.
Katarina Camilo, de 34 anos, se destaca como uma mulher integrante da orquestra e afirma que a apresentação no Forró Caju será uma oportunidade para inspirar outras mulheres a se envolverem com a música.
“A gente carrega a alma do São João nos dedos, por meio da sanfona. Então, ser uma mulher na orquestra sanfônica é uma responsabilidade grande, e ao mesmo tempo a gente está levando cultura e inspirando outras mulheres também, porque é um ambiente muito dominado pelos homens. Graças à sanfona, ser uma mulher é um destaque, e é maravilhoso”, destacou Katarina.
Sanfoneiro da Orquestra Sanfônica de Aracaju há mais de 10 anos, Lucas Campelo também compartilha sua empolgação para a apresentação no Forró Caju.
“É muita alegria, muita honra, sobretudo por estar com a Orquestra Sanfônica, que eu acho que é o grupo que a gente tem aqui em Sergipe que reúne mais sanfoneiros, numa época onde o sanfoneiro é a peso de ouro. Então estamos ali juntos, tocando músicas de Sergipe, músicas do cancioneiro nordestino, é a realização de um sonho”, comemorou Lucas.
Cidadão de maestria
Ao longo de seus 38 anos de carreira, Evanilson se tornou um dos 200 mestres da Cultura Popular, título reconhecido pelo Ministério da Cultura (Minc). Nascido em Simão Dias, foi naturalizado cidadão aracajuano em 2018.
Pessoa com deficiência visual, Evanilson tem uma ligação profunda com a música desde a infância. Seu primeiro instrumento foi um triângulo e, embora tenha estudado piano, nunca abandonou sua paixão pelo acordeon.
“São 38 anos de carreira e estudei piano, me formei, mas o sonho era tocar acordeon. E fui tocando triângulo, e consegui comprar com o dinheiro desse instrumento pequeno, mas importante, comprei o primeiro acordeon. E investi minha vida, eu tinha 18 anos e comecei a estudar, eu nunca mais parei. É a realização de um sonho, colocar esse instrumento no peito e tocar, levar alegria às pessoas”, afirmou.





