Setembro Amarelo: CVV reforça importância da escuta e do acolhimento | Saúde em Dia | F5 News - Sergipe Atualizado

Setembro Amarelo: CVV reforça importância da escuta e do acolhimento
Antero Alves da Cunha Neto, coordenador do CVV em Aracaju, explica como o serviço atua na prevenção do suicídio e no apoio emocional gratuito à população.
Blogs e Colunas | Saúde em Dia 22/09/2025  11h55

Em entrevista especial, Antero Alves da Cunha Neto, coordenador do CVV – posto Aracaju, destacou a relevância do Setembro Amarelo como um momento de ampliar o diálogo sobre saúde mental e valorização da vida. Ele ressaltou que o Centro de Valorização da Vida oferece atendimento anônimo, gratuito e disponível 24 horas por dia, com voluntários preparados para ouvir e acolher quem atravessa momentos de fragilidade. Para Antero, falar sobre os sentimentos é um passo essencial na prevenção do suicídio, e o CVV está sempre de portas abertas para cumprir essa missão.

Saúde em Dia - Qual é a principal missão do CVV?
Antero Alves - A principal missão é oferecer apoio emocional. Ofertar às pessoas que estão precisando, que tem um desconforto emocional uma boa conversa, um bom bate papo, para que, ao colocar pra fora aquilo que está ne verdade, deixando-as tristes elas possam se sentirem cada vez melhor.
 
Saúde em Dia - Como funciona o atendimento prestado pelos voluntários?
Antero Alves - A pessoa liga o número 188. É um número nacional, e mesmo ligando daqui de Aracaju essa ligação poderá cair em qualquer lugar do país.  E um voluntário do CVV irá atender, ele está treinado, qualificado para conversar com a outra pessoa, que está triste, depressiva, ansiosa, estressada. O CVV vai dizer: bom dia, boa tarde ou boa noite, e a pessoa vai se identificar se quiser, e a pessoa vai dizer que quer conversar. E a partir daí um bom diálogo é desenvolvido para que possa oportunizar àquela pessoa que ligou um desabafo, e isso vai fazer com que ela se sinta cada vez melhor. 


Saúde em Dia - Quais canais a população pode utilizar para entrar em contato com o CVV?
Antero Alves - Através do e-mail, através do chat e através do número 188, o mais utilizado hoje. No site do CVVjá tem um chat e as pessoas que se sentem melhor teclar, podem ir pra lá e conversar com um voluntário 24 horas.


Saúde em Dia - Em média, quantas pessoas procuram o CVV por dia?
Antero Alves - Por dia são 15 mil ligações nacionalmente.


Saúde em Dia - O CVV atua apenas em situações de crise ou também presta apoio contínuo?
Antero Alves - Atua como um pronto socorro 24 horas. As pessoas que estão em crise, que ligam para o CVV, que querem conversar. Esse atendimento contínuo depende da pessoa. Quem procurar sempre vai ter alguém para conversar. 


Saúde em Dia - Quem pode se tornar voluntário do CVV?
Antero Alves - Pessoas a partir de 18 anos e tenham uma disponibilidade de 3 horas semanais. Se eu tenho 18 anos e esse tempo para ajudar alguém, para servir alguém nessa missão do bem, então eu posso ser candidato a voluntário do CVV. Esse processo nós chamamos de Processo Seletivo de Voluntário (PSV). A pessoa se inscreve através do site, aqui geralmente é em março. Nós divulgamos nas redes sociais, televisão e emissoras de rádio. 


Saúde em Dia - Qual é o preparo ou treinamento que os voluntários recebem?
Antero Alves -Os voluntários recebem um treinamento de acolher o outro, de serem empáticos, de estar alí disposto para ouvir com empatia, com profundamente, pessoas que ligam para o CVV com o objetivo de desabafarem, porque muitas vezes não são ouvidos na família, na sociedade, são pessoas que estão na solidão, que estão se sentindo tristes. Então o voluntário recebe um treinamento para acolher essas pessoas, sem julgamentos, porque a sociedade está cheia desses julgamentos. Ligou para o CVV, lá o voluntário vai estar qualificado e treinado para lhe atender sem esse julgamento.


Saúde em Dia - O que motiva as pessoas a se engajarem como voluntários?
Antero Alves - A gente tem observado um índice cada vez maior de pessoas que cometem suicídio. O que motiva as pessoas é justamente contribuir para uma sociedade que cada vez mais precisa desse acolhimento, e ao perceber isso as pessoas resolvem participar do CVV justamente para acolher essas pessoas, que é uma  missão do bem e uma missão muito bonita.


Saúde em Dia - Qual é a importância da escuta ativa para quem está em sofrimento?
Antero Alves - O que motiva as pessoas a se engajarem como voluntários?
Antero Alves - No CVV a gente atende pessoas que ligam muitas vezes chorando de soluçar, muitas vezes de madrugada. E a importância da escuta para essas pessoas é justamente saber que elas não estão sozinhas. A partir do momento que a pessoa está ligando para o CVV o voluntário diz: a partir de agora você não está só! Eu estou aqui para lhe acolher! A importância da escuta ativa de quem está em sofrimento é saber que existe alguém para lhe ouvir, para estar com ela naquele momento difícil sem julgar ela. Existe alguém para acompanhar passo a passo aquela situação que ela está vivendo. Por isso que os índices de ligações só aumenta. 


Saúde em Dia - O que motiva as pessoas a se engajarem como voluntários?
Antero Alves - Como identificar sinais de que alguém próximo pode precisar de ajuda?
Você conhece uma pessoa que é extrovertida, que está ali participando das brincadeiras, uma pessoa sempre alegre, sempre ativa, de repente você percebe que essa pessoa agora está triste, cabisbaixa, já não fala mais, passou a faltar no trabalho, não conversa mais, ou quando fala coloca palavras como: queria sair e não voltar mais! Eu tô me sentindo tão triste! Essa vida não vale a pena! Esses sinais são um alerta e você pode chegar para essa pessoa e pedir para conversar? Quer falar sobre algo? Estou percebendo que você está triste... Esse simples gesto cria uma simpatia e faz com que a pessoa possa até s aproximar e colocar para fora aquilo que está angustiando. Basicamente são esses os sinais. 80% dos casos de suicídio poderiam ser evitados, basta que a gente possa ter um contato com essas pessoas e possamos conversar com elas. O suicida não quer tirar a vida, ele quer matar a dor. Ele precisa na verdade de uma conversa, uma terapia, pois o CVV não substitui a terapia, mas o CVV oferta essa parceria e escuta profunda. Então, são pessoas que mudaram o comportamento. 

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André Carvalho é jornalista há mais de 20 anos. Formado pela Universidade Tiradentes (Unit), possui especialização em Marketing pela Faculdade de Negócios de Sergipe (Fanese). Foi apresentador de programa de rádio e televisão, e atuou como assessor de comunicação de vários órgãos públicos e secretarias municipais e estaduais. Atualmente, é editor do Caderno Saúde em Dia.

E-mail: jornalistaandrecarvalho@gmail.com

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