As discussões sobre o Projeto de Lei 139/2021, que implanta a exclusividade do bilhete eletrônico no transporte coletivo da Grande Aracaju, seguem divergindo entre classe trabalhadora, patronal e a esfera legislativa.

Enquanto o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Aracaju (Sinttra) afirma que haverá demissão em massa de cobradores com a aprovação do PL, o vereador Vinicius Porto (PDT), autor do projeto, rebate e diz que, na verdade, 90% dos ônibus da região metropolitana já não operam com cobradores. 

“Eu não entendo como é que o sindicato diz que vai ter uma demissão em massa, se 90% dos ônibus já não têm cobrador atualmente. Esses trabalhadores foram deslocados para outras áreas das empresas. Não houve demissão em massa”, afirma o vereador.

F5News questionou a comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp) sobre o percentual informado pelo vereador, no entanto, não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

De acordo com o parlamentar, o principal objetivo do PL da bilhetagem é reduzir o número de assaltos aos ônibus, que já apresentam queda desde 2020. “Lá atrás se dizia que Aracaju estava com uma quantidade enorme de assaltos, e perguntavam o que poderia ser feito para reduzir. Disseram para colocar um sistema interno de tv em cada ônibus, ou um sensor para o motorista avisar que está sendo assaltado. Ou retirar o busdoor. Mas o que aconteceu e teve resultado extremamente positivo, diminuindo e muito o número de assaltos, foi tirar o dinheiro de dentro do ônibus”, destaca Vinicius. 

Ainda segundo o vereador, será solicitada uma reunião com o Sinttra, para que possa haver diálogo com a categoria e entendimento sobre o PL. “Eu só quero que as pessoas de Aracaju consigam andar de ônibus de maneira moderna, apenas com um cartão eletrônico. Eu não tenho autoridade de apresentar um projeto para determinar que empresa contrate e demita funcionário. Esse projeto vai beneficiar as pessoas que andam de ônibus”, ressalta Vinicius. 

Setransp 

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp) se manifestou novamente sobre o assunto ao dizer que a informação de possibilidade de demissão em massa é inverídica. Segundo a entidade, o transporte em Aracaju enfrentou o primeiro ano de pandemia sem acompanhar a grande redução de postos de trabalho. 

“Ao contrário, entre agosto de 2020 e de 2021, o setor realizou mais de 200 promoções de colaboradores, e todos estes eram da função de cobrador, que evoluíram para os cargos de agentes da bilhetagem eletrônica, motoristas e outros, tendo em vista a necessidade do serviço no momento. E colaboradores seguem passando por capacitações diante das oportunidades oferecidas pelas empresas prestadoras para evoluírem profissionalmente”, destaca o sindicato por meio de nota. 

E continua: “Infelizmente, o que se vê é uma distorção de informações e uma falta de contribuição para o desenvolvimento e sustentabilidade do setor de transporte e da mobilidade urbana. Essa situação tem gerado preocupação no setor que já tem acompanhado as empresas prestadoras dando sinais de entrar em colapso e encerrar suas atividades”, afirma. 

A Comunicação do Setransp reitera que a capital sergipana está evoluindo na expansão da bilhetagem eletrônica, com percentual superior a 85% dos passageiros já utilizando o cartão Mais Aracaju para pagar a passagem. 

“Com os mais de 80 agentes da bilhetagem itinerantes e o aplicativo Recarga Pay, que facilita a compra da passagem sem nenhuma taxa adicional e de qualquer lugar e horário, o acesso à população ao cartão eletrônico tem aumentado, e a estimativa é de que até o final do ano esse percentual de uso já esteja em 90% dos passageiros. A bilhetagem traz diversos benefícios e é uma via de proteção individual e coletiva, facilitando a mobilidade no ônibus, o acesso a todo o veículo, evitando a espera para o troco, além de dar mais agilidade e fluidez ao tempo de viagem e ser um objeto de fácil limpeza”, aponta.