“Querer aprovar no grito não é atitude que combina com a democracia” | F5 News - Sergipe Atualizado

“Querer aprovar no grito não é atitude que combina com a democracia”
“Pressão não é o modo correto de se tentar aprovar”, diz Zeca da Silva
Política 11/11/2012 11h40 |


Por Joedson Telles

Ex-secretario do governo Marcelo Déda, exonerado em meio à efervescência da eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Zeca da Silva (PSC) diz nas entrelinhas que a oposição não aprovará o Projeto de Lei que autoriza o governo do Estado a contrair três empréstimos que juntos somam R$ 727 milhões, junto ao governo federal, caso não apenas a pressão dos governistas continue, mas também não sejam apresentados todos os projetos, todos, explicando como cada centavo será gasto. “Caso os deputados aprovem sem que os projetos estejam definidos, daqui a um ou dois anos, se as obras não estiverem prontas ou em andamento, os deputados serão responsabilizados por permitirem que Sergipe se endivide ainda mais e sem que os benefícios cheguem até a população. Temos que ter responsabilidade...”, justifica. O deputado também lamenta que o próprio governador não tenha conduzido o processo com a habilidade que o caso requer. “Cada um tem seu estilo e eu respeito o de Marcelo Déda. Mas esse projeto demonstra que há, sim, uma falta de tato para tratar de assuntos delicados e importantes como é o aumento das dívidas contraídas pelo governo estadual... querer aprovar qualquer coisa à força, no grito, não é uma atitude que combina com a democracia”, ajuíza. A entrevista:         

O senhor fez recentemente uma reclamação envolvendo a Deso. O que aconteceu?

Estive no povoado Tanque Novo, em Riachão do Dantas, para verificar estragos provocados por um temporal, no último final de semana. Fui chamado por amigos para prestar solidariedade e também auxiliar no que fosse possível. Mas, ao chegar lá, depois de conferir os estragos que, graças a Deus, foram basicamente de ordem material, fui informado que o povoado vem sofrendo com falta de água há 15 dias. Como o abastecimento é de responsabilidade da Deso, e como água é um bem essencial para a vida, entrei com uma indicação na Assembleia Legislativa para que a Deso dê explicações e, principalmente, resolva o problema imediatamente, pois uma comunidade com cerca de 3  mil moradores não pode ficar nessa situação.

Já houve deputado ajuizando que a Deso é a pior empresa do Estado, O senhor concorda?

Não diria a pior. Mas como ela lida com um bem essencial para a vida, ela deveria ser a melhor. Sei da competência de seu diretor, Sérgio Ferrari, mas o que sempre vimos foi o atual governo dizer que a Deso tinha problemas que vinham do governo anterior. Mas com problemas como esse em Tanque Novo se repetindo, a atual gestão vai pôr a culpa em quem, no governo anterior? Já se vão quase seis anos e os problemas de abastecimento seguem se repetindo. O que cobro são providências para que isso não se repita, pois quem sofre é o povo.

A oposição vem se queixando da forma como os governistas estão conduzindo essa questão do empréstimo de R$ 727 milhões que o Estado almeja. Falam em pressão pela aprovação. Em que os governistas estão errando?

Primeiro que essa dita pressão por parte do governo não é o modo correto de se tentar aprovar qualquer que seja o projeto. Os poderes são independentes e, de forma republicana, o Legislativo tem o direito de cobrar explicações sobre um projeto, assim como é nossa obrigação fiscalizar a aplicação de recursos. Então, na minha opinião, o que falta é mais clareza por parte do governo, detalhando os projetos não apenas para os deputados, mas para toda a sociedade, dizendo o que, de fato, pretende fazer com esse montante que é o maior pedido único de empréstimo já feito por um governo em toda a história de Sergipe.

A oposição cobra também projetos para cada centavo almejado pelo governo. As explicações dos secretários João Andrade e Oliveira Júnior – e do próprio governador Marcelo Déda, quando concedeu entrevista ao radialista George Magalhães- , não convencem?

Mas aí é que está: tanto os secretários como o governador mostraram, até agora, intenções de obras e ações. Mas os projetos, efetivamente, não foram apresentados. Aí começa uma espécie de guerra na mídia, com o governo dizendo que sem o dinheiro não fará investimentos. Mas, de forma clara, falta ao governo mostrar o que pretende fazer. Não basta dizer o que quer fazer, tem que mostrar claramente. Imagine a situação: caso os deputados aprovem sem que os projetos estejam definidos, daqui a um ou dois anos, se as obras não estiverem prontas ou em andamento, os deputados serão responsabilizados por permitirem que Sergipe se endivide ainda mais e sem que os benefícios cheguem até a população. Temos que ter responsabilidade com uma decisão dessas, que se não for devidamente detalhada e explicada, coloca o Estado em risco, já que aumentaremos muito o endividamento, o pagamento de juros e a amortização. Isso tudo pelos próximos 20 anos.

Quando o líder do governo, o deputado Francisco Gualberto, diz que os irmãos Eduardo e Edvan Amorim estão orientando os procedimentos dos deputados de oposição em torno do empréstimo tem razão?

Respeito muito o líder do governo. Mas acho que ele precisa respeitar os deputados e a Assembleia, pois mesmo que a oposição seja do mesmo agrupamento político, não devemos nossas cabeças e atitudes a ninguém que não seja o povo. O que está em jogo agora é justamente a capacidade do governo de atender as demandas futuras da população. Se o Estado ficar com a corda no pescoço por conta de altas dívidas, é o povo que vai sofrer. E isso é o que tem guiado as atitudes dos deputados.

O Poder Legislativo ganha ou perde com os acalorados debates registrados em plenário com a polêmica do empréstimo?

Ainda que alguns considerem que há desgaste para o Legislativo, creio que o poder ganha por estar exercendo sua função. Ruim seria um Legislativo que só diz amém, sem questionar e sem pensar na população, privilegiando o governo de plantão, sem exercer a sua função constitucional de exigir que os projetos apresentados pelo governo sejam explicados em detalhes e que, nesse caso, haja uma vinculação clara dos valores e suas respectivas obras e ações, através da apresentação dos projetos de cada uma delas.

Na sua opinião, o governador Marcelo Déda peca na relação com os deputados estaduais? Ele não sabe tratá-los ou existe muita falácia em torno deste assunto?

Cada um tem seu estilo e eu respeito o de Marcelo Déda. Mas esse projeto demonstra que há, sim, uma falta de tato para tratar de assuntos delicados e importantes como é o aumento das dívidas contraídas pelo governo estadual. Se um pai de família decide assumir uma dívida de longo prazo, com certeza ele conversa com a esposa, com os filhos, se eles já forem adultos, há diálogo, se analisa as possibilidades e se avalia como a vida da família ficará dali em diante. Mas o governo fez assim: mandou o projeto e começou uma campanha na mídia dizendo que esse empréstimo é a única solução. Como assim? Não se pode discutir e nem debater? Oposição não significa ser inimigo. E Déda sabe disso, pois ele foi oposição por muito tempo e não creio que ele se considerasse inimigo de ninguém. Parte da imprensa, inclusive, tenta jogar a população contra os deputados. Mas o povo é sábio e entende exatamente o que estamos fazendo, que nada mais é do que cobrar do governo seriedade e explicações para que precisa de tanto dinheiro assim, ainda mais quando se trata de aumento da dívida. Isso é da democracia. Depois que tantos lutaram para que vivêssemos num país democrático, deixar de exercer esse direito seria uma grande contradição. Ou seja: querer aprovar qualquer coisa à força, no grito, não é uma atitude que combina com a democracia.

O PSC terá, necessariamente, candidato em 2014 ao governo do Estado, ou as insinuações dos  governistas sobre essa possibilidade não têm sentido?

O PSC é um partido que faz parte de uma grande aliança. E todos os partidos que estão conosco têm o direito justo de pleitearem uma candidatura ao governo do Estado. E todos serão ouvidos no momento certo, que acredito ser a partir de outubro do ano que vem, quando o prazo para filiação dos que pretendem se candidatar em 2014 expira. De minha parte, posso dizer que, quando eu for ouvido pelo nosso grupo, lutarei por uma candidatura própria do PSC, assim como penso que os demais integrantes do nosso agrupamento também farão. Mas asseguro que defenderei, sim, uma candidatura ao governo do PSC, pois sei que nosso partido está pronto para mais esse desafio em busca de um Sergipe cada vez melhor e mais justo para com sua população.

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