"Sem intermediação ineficiente do Estado, todos ganham", diz Flávio Rocha | F5 News - Sergipe Atualizado

"Sem intermediação ineficiente do Estado, todos ganham", diz Flávio Rocha
Política 20/03/2018 09h19 - Atualizado em 23/03/2018 11h50 |


Por Márcio Rocha

O empresário Flávio Rocha, CEO do Grupo Riachuelo, vem à Sergipe para apresentar o projeto político Brasil 200, que visa a ampliação da oferta de emprego e renda para a população por meio do livre mercado e estímulo ao empreendedorismo no país. Para ele, o Brasil é um país hostil à atividade econômica e isso deve mudar. Conheça um pouco mais do empresário que está cotado como um dos postulantes à presidência da república nesta entrevista exclusiva concedida ao F5 News.

F5 News – Flávio Rocha, empresário e ex-deputado federal, se afastou da vida pública. Por que decidiu voltar?

Flávio Rocha – O Brasil 200 tem se revelado uma forma extremamente eficiente para influir e pautar o debate político. O movimento pautou temas que estavam virtualmente abandonados pela classe política apesar de dizerem respeito a vida do brasileiro, alguns com forte apelo popular, mas vinham sendo suprimidos por uma classe política temerosa da ditadura do politicamente correto. Apenas para firmar posição, o movimento faz isso muito melhor do que uma candidatura heroica. Agora, pelo fantástico crescimento do Brasil 200, e pela constatação desse enorme vazio na política brasileira de um candidato que seja um liberal na economia e conservador nos valores, se isso evoluir para uma candidatura viável e competitiva, eu sou um soldado deste ideário e me coloco à disposição. Aprendi que vida pública é chamamento, é convocação. Tive dois mandatos como deputado federal e fui o mais jovem deputado constituinte. O Brasil 200 é um movimento que nasceu de uma angústia. Vi meu sonho ser ameaçado pela aristocracia burocrática e resolvi pôr a boca no trombone. O Pró-sertão (programa privado de inclusão social criado no Rio Grande do Norte a partir de oficinas de costura que abastecem a indústria têxtil), que considero minha missão de vida, é uma porta de saída para o Bolsa Família. Há pessoas, hoje beneficiadas, que nunca tiveram carteira assinada.  O programa já poderia ter 300 oficinas e 30 mil colaboradores, não fosse a injusta ação do Ministério Público do Trabalho que nos obrigou a desacelerá-lo (O MPT multou em R$ 38 milhões a Guararapes, alegando irregularidades trabalhistas que não se comprovaram). Conversando com tanta gente em viagens que temos feito pelo país, descobri que todo mundo tem uma história de horror para contar sobre a burocracia estatal.

F5 – Hoje, você é voz ativa na política brasileira, encabeçando o movimento “Brasil 200”. Por que é necessário promover a reconstrução do país para os próximos anos?

FR – Vivemos quinze anos de um passado recente retrógrado. Foram anos perdidos em termos de crescimento. As bolhas acabaram estourando, como sabemos. O resultado é um desastre: a distribuição de renda se revelou apenas uma caridade estatal ineficiente, o país perdeu milhões de empregos, o PIB encolheu. O Brasil perdeu 50 pontos no ranking de competitividade em cinco anos. O ambiente foi se tornando extremamente hostil ao investimento. Prosperidade está intimamente ligada à liberdade econômica. Com o Estado agigantado, crescimento exponencial de gasto público, uma hiperregulação e mais o cerco burocrático, tudo isso transformou o País num ambiente hostil à atividade econômica. Nós podemos reverter este quadro rapidamente e a curto prazo. O caminho, para isso, são as reformas. É necessário um governo comprometido com o destravamento da economia. O exemplo disso foi a reforma trabalhista. As reformas vão melhorar o ambiente de negócios. Tornarão o Brasil mais atrativo ao investimento, pacificarão o investidor assustado com o ambiente hostil do Brasil. Isso significará ainda mais emprego. Os países prósperos são economias livres, e nós estamos perfilados entre os países de economias menos livres. Quanto menos livre a economia, menos próspero o país. Com quatro reformas fundamentais, nós podemos tirar o Brasil deste pelotão dos países hostis ao investimento. E podemos rapidamente colocar o País entre os países mais receptivos ao investimento.

F5 – Para você, o empresário participa suficientemente da vida política?

FR - Os empresários, num sistema de livre mercado, são os guardiões da economia. Tenho criticado muito o que chamo de empresário-moita, aquele que se esconde atrás de sua empresa e não dá a cara à tapa no debate público. O momento exige participação. Não podemos nos omitir, sob pena de permitirmos que o Brasil volte à situação gerada pelos governos anteriores, que provocou a maior crise econômica da história contemporânea.

F5 – Por que menos Estado é fundamental para o crescimento do país e da economia?

FR – Sem a intermediação ineficiente do Estado, todos ganham. Menos evidentemente aquele grupo que se beneficia de seu gigantismo. As vantagens de um Estado mínimo são imensas: a economia se torna mais competitiva, há mais prosperidade e menos oportunidade de corrupção, apenas para citar algumas das consequências da redução do tamanho do Estado.

F5 – O mercado brasileiro sofre há três anos com uma forte depressão na economia. Qual a receita de um empresário que quer mudar a forma de fazer política no país para reverter o quadro tenebroso em que ela se encontra?

FR –  Acredito que todos esperamos um país diferente do atual, marcado pela estagnação, pela burocracia, pela corrupção. Em quatro anos não será possível resolver tudo, mas poderemos fazer grandes avanços rumo à modernização. A corrupção está tão entranhada nas relações entre o governo e o setor privado devido ao tamanho da máquina estatal. Se o governo não produzisse petróleo, se os bancos oficiais não fossem onipresentes na concessão de crédito, o escopo da corrupção seria reduzido, como acontece em outras economias ocidentais, onde ela pode ser residual, mas nunca sistêmica. Como mudar isso? Mais uma vez: reduzindo drasticamente o tamanho do Estado.

F5 – O que fazer para reverter o alto nível de desemprego no Brasil?

FR –  O desemprego é o primeiro impacto da perda de competitividade, que afugenta o investimento. E quem paga o preço mais alto é o braço mais frágil, que é o trabalhador. Não existem conquistas sociais sem prosperidade. A luta por uma economia mais livre e destravada é a prosperidade. Aumenta a demanda por mão-de-obra, fazendo subir os salários e garantindo as conquistas sociais.

F5 – Como resolver o problema de desigualdade social e econômica dos cidadãos e estados brasileiros?

FR – O livre mercado é não somente a melhor forma de criar riqueza, mas é também, de longe, a forma mais eficiente e meritocrática de distribuir a renda. A riqueza gerada se transforma em mais investimento, que significa mais demanda por mais mão-de-obra, mais geração de emprego, pela simples lei do mercado, a procura por mais mão de obra garante melhores salários e melhores condições de trabalho. Há uma crença que um país pobre e desigual precisa ter um Estado grande. Isso é um grande engano. O Estado brasileiro é um Robin Hood às avessas. Ele prejudica os pobres para concentrar os privilégios mais inomináveis. O Estado brasileiro, que se apodera de 50% do esforço de produção nacional, não tem dinheiro para por gasolina numa viatura policial ou anestésico em um hospital. Mas tem dinheiro para pagar contracheques de 300, 500, um milhão de reais. Tem dinheiro para os privilégios, mas não tem dinheiro para os serviços mais essenciais. O livre mercado, que garante a prosperidade, é a forma mais automática e inteligente de distribuir riquezas. Quando começou o capitalismo moderno, a humanidade tinha 90% de excluídos. Bastou nascer a economia livre para a humanidade, em 200 anos, sair de 90% de excluídos para 10% de excluídos no sistema mais genial que a humanidade criou, que é o capitalismo.

F5 Com ações neoliberais e desenvolvendo políticas de favorecimento do mercado, Chile e mais recentemente o Paraguai, passaram de “patinhos feios” para grandes propulsores econômicos. O Brasil pode fazer isso?

FR – Sem sombra de dúvida. Isso é a prova de tudo o que eu estou falando. O desafio é sair do pelotão das 30 economias menos livres do mundo para o pelotão dos países prósperos. O Chile é o único país da América Latina que está neste pelotão das economias mais livres. Nós podemos fazer isso com quatro reformas a curto e médio prazo. Com a reforma trabalhista, estima-se que o Brasil vai ganhar 30 degraus no ranking de competitividade. A reforma tributária vai nos fazer galgar mais 50 degraus. A reforma da previdência vai diminuir o tamanho da carruagem estatal. A reforma do estado, de modo a torná-lo mais eficiente, vai nos fazer subir ainda mais nesse ranking da liberdade econômica e da prosperidade. Portanto, em um ou dois anos, poderemos sair deste pelotão dos países menos prósperos para os países das economias mais livres e mais atraentes para o investimento, numa economia que gerará mais empregos e mais conquistas sociais.

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