Inflação desacelera para 0,24% em junho com queda nos alimentos
Alimentos caem após 9 meses, com recuo no arroz, frutas e ovos Brasil e Mundo 10/07/2025 10h57 |A inflação do país foi de 0,24% em junho, ligeiramente abaixo da taxa registrada em maio (0,26%). O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (10) pelo IBGE, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No ano, a inflação acumulada é de 2,99% e, nos últimos 12 meses, chega a 5,35%.
O principal impacto no índice de junho veio da energia elétrica residencial, que subiu 2,96% com a entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 1. O subitem foi o de maior peso individual, contribuindo com 0,12 ponto percentual (p.p.) no IPCA do mês. No acumulado de 2025, a energia elétrica já subiu 6,93% e representa o maior impacto individual (0,27 p.p.) no ano até agora. Segundo o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, trata-se da maior alta para um primeiro semestre desde 2018.
A trajetória da energia elétrica em 2025 tem sido marcada por variações frequentes. Em janeiro, houve queda com o bônus de Itaipu. Em fevereiro, a tarifa subiu. Desde então, o sistema passou por bandeiras verde, amarela e agora vermelha. Além disso, em junho, ocorreram reajustes em cidades como Belo Horizonte (8,57%), Porto Alegre (4,41%), Curitiba (3,28%) e uma redução no Rio de Janeiro (1,29%).
Primeira queda nos alimentos em 9 meses
Na contramão da energia, o grupo Alimentação e bebidas registrou recuo de 0,18%, a primeira queda em nove meses, contribuindo com -0,04 p.p. para a taxa geral. O resultado foi puxado pela alimentação no domicílio, que passou de 0,02% em maio para -0,43% em junho. Itens como ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%) apresentaram quedas significativas. Por outro lado, o tomate subiu 3,25%.
A alimentação fora do domicílio também desacelerou, passando de 0,58% em maio para 0,46% em junho. O subitem lanche subiu de 0,51% para 0,58%, enquanto a refeição caiu de 0,64% para 0,41%.
Essa redução nos preços dos alimentos impactou o índice de difusão, que mede o percentual de subitens com variação positiva. O índice geral caiu de 60% em maio para 54% em junho. Entre os itens alimentícios, a taxa foi de 60% para 46%. Foi o menor índice de difusão desde julho de 2024, quando a alimentação também teve queda (-1,00%).
Segundo o IBGE, se os alimentos fossem excluídos do cálculo, a inflação de junho seria de 0,36%. Se fosse retirada apenas a energia elétrica, o índice cairia para 0,13%.
Outros grupos influentes no mês
O grupo Habitação subiu 0,99% e contribuiu com 0,15 p.p. no índice geral. Além da energia elétrica, o aumento da taxa de água e esgoto (0,59%) também influenciou esse resultado.
O grupo Transportes subiu 0,27%, após recuar 0,37% em maio, e teve impacto de 0,05 p.p. Apesar da queda nos combustíveis (-0,42%), houve alta nos serviços de transporte por aplicativo (13,77%) e no conserto de automóveis (1,03%). A passagem aérea, que havia caído no mês anterior, subiu 0,80% em junho.
No Vestuário, a alta foi de 0,75%, com destaque para roupas masculinas (1,03%), calçados e acessórios (0,92%) e roupas femininas (0,44%), contribuindo com 0,04 p.p. no IPCA de junho.
As demais variações foram:
• Saúde e cuidados pessoais: 0,07% (0,01 p.p.)
• Despesas pessoais: 0,23% (0,02 p.p.)
• Comunicação: 0,11% (0,01 p.p.)
• Educação: 0,00% (0,00 p.p.)
• Artigos de residência: 0,08% (0,00 p.p.)
Serviços aceleram e monitorados desaceleram
O índice agregado de serviços acelerou de 0,18% em maio para 0,40% em junho, impulsionado pela alta no transporte por aplicativo e na alimentação fora de casa. Já os preços monitorados pelo governo desaceleraram de 0,70% para 0,60%, influenciados por uma alta menor na energia elétrica e na tarifa de água e esgoto, além da queda nos combustíveis, especialmente a gasolina (-0,34%).
Variação regional
Entre as regiões pesquisadas, Rio Branco teve a maior inflação (0,64%), impulsionada por aumento nos preços de cinema, teatro e concertos (77,22%), devido ao fim da promoção de meia entrada, e na energia elétrica (3,99%).
Campo Grande registrou a menor variação (-0,08%), devido à queda nos preços das frutas (-5,15%) e da gasolina (-1,38%).
INPC também sobe
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,23% em junho. O acumulado no ano é de 3,08% e, nos últimos 12 meses, chega a 5,18%, ligeiramente abaixo dos 5,20% registrados nos 12 meses anteriores.
Os produtos alimentícios no INPC passaram de 0,26% em maio para -0,19% em junho. Já os não alimentícios mantiveram variação estável, passando de 0,38% para 0,37%.
Belo Horizonte teve a maior variação no INPC (0,55%), impulsionada pela alta na energia elétrica (8,54%) e na gasolina (1,56%). Porto Alegre apresentou a menor taxa (-0,10%) com queda na gasolina (-2,56%) e em produtos de higiene pessoal (-1,79%).
Sobre a pesquisa
O IPCA considera famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. Já o INPC contempla famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, nas principais regiões metropolitanas e em cidades como Aracaju, Goiânia, São Luís e Rio Branco. O próximo resultado será divulgado no dia 12 de agosto.
Fonte: Governo Federal





