I Seminário Beatriz Nascimento é realizado em Sergipe
O Evento marcou o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha Cotidiano | Por Agência Sergipe 26/07/2023 08h51 |Em alusão ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), por meio do Observatório da Mulher 'Maria Beatriz Nascimento' e da Diretoria de Proteção e Combate à Violência contra as Mulheres, promoveu o I Seminário Beatriz Nascimento. O evento ocorreu nesta terça-feira, 25, no Auditório da Escola da Secretaria de Estado da Administração (Sead).
A secretária Danielle Garcia fez a abertura do seminário e ressaltou a importância do evento. “Essa é uma data em que a SPM e nós mulheres não poderíamos deixar passar sem uma reflexão. Estamos diariamente planejando e promovendo diversas ações para vencer as barreiras e desafios enfrentados pelas mulheres, principalmente pelas mulheres negras, para que possamos ter uma sociedade mais justa. Precisamos fazer esse resgate histórico e trazê-las para os locais que lhes cabe, de fala e de decisão”, pontuou.
Para a psicóloga da Diretoria de Proteção e Combate à Violência contra as mulheres da SPM, Elizângela de Melo, é necessário que aconteçam esses movimentos. “Contribuindo assim para garantia de espaços, fala, luta, comemoração e discussão permanente que garantam ações afirmativas para o empoderamento das mulheres pretas. A nossa história foi e ainda é marcada por várias violências, exploração e apagamento, e os nossos corpos foram e ainda são objetos de uso, abuso e abandono”, afirmou.
De acordo com a assistente técnica do Observatório ‘Beatriz Nascimento’, Luana Barroso, a data é muito importante para lembrar o poder das mulheres e da resistência contra o racismo que as mulheres negras enfrentam no dia a dia. “Para reforçar o quanto nós, mulheres negras, lutamos todos os dias contra o racismo, contra a misoginia, contra o feminicídio e o epistemicídio que ocorre contra a mulher negra brasileira”, salientou.
Iniciando as palestras, a Yalorixá Josie Mara Ferreira Santos, que integra o Comitê das Relações Étnicas e Raciais do Conselho Regional de Psicologia de Sergipe, abordou a temática ‘Racismo Religioso nos Espaços Institucionais’. “Um evento de suma importância para trabalhar essa perspectiva do Julho das Pretas nesta data significativa para todas as mulheres negras do Brasil. O chamamento de hoje deveria ser diário, para o reconhecimento e validação dos nossos corpos. Estar aqui para falar para outras mulheres sobre o racismo que envolve a perspectiva religiosa nas instituições é avançar e nós compreendemos que a luta é a passos lentos, mas mesmo a passos lentos nós seguimos avançando”, salientou.
A segunda palestra do seminário destacou o ‘Racismo Estrutural e as Implicações no Contexto Jurídico’, com a procuradora autárquica aposentada Gilda Diniz. “Viemos tentar dar uma contribuição e diálogo com as servidoras da Secretaria e foi muito interessante que das falas já brotaram vários desdobramentos e trabalhos que podem ser realizados em função da defesa da mulher e em defesa da mulher negra. Falamos muito aqui sobre invisibilidade da mulher, em acesso, e estamos muito felizes em estar construindo um novo momento”, afirmou a procuradora.
Encerrando o ciclo de palestras, a gerente de Igualdade Racial da Prefeitura de Aracaju, Thaty Menezes, abordou o tema ‘Letramento inicial, invisibilidade negra e (des)construção do imaginário racista’. Para ela, a data é um dia de mobilização e luta. “Para que a gente lembre das nossas ancestrais que antecederam essa resistência por igualdade de direitos. O corpo da pessoa negra, ora é invisibilizado, tido como feio, ora é hipersexualizado, tido como o corpo da cor do pecado. Essas e outras questões a gente trouxe à tona nesta data para trabalhar em prol de uma sociedade mais justa e igualitária”, enfatizou.
Sobre a data
A data teve origem em 1992, ano do I Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana. Além de propor a união entre essas mulheres, o evento visava também denunciar o racismo e machismo enfrentados por mulheres negras, não só nas Américas, mas também em todo o mundo. Desse encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, que, junto à ONU, lutou para o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.





