Estrela do programa eleitoral, o Santa Maria continua sem estrutura | F5 News - Sergipe Atualizado

Estrela do programa eleitoral, o Santa Maria continua sem estrutura
Cotidiano 09/09/2012 22h40 |


Por Joedson Telles

Quem assiste ao horário eleitoral na TV e atesta a polêmica criada entre os candidatos a prefeito de Aracaju, João Alves e Valadares Filho, envolvendo a Zona de Expansão pode nutrir a ideia de que ali é a menina dos olhos dos políticos, e que os demais bairros da capital estão em segundo plano. O caso já foi parar na Justiça Eleitoral, que até proibiu atribuir ao vice de João, José Carlos Machado, a ideia de querer dividir Aracaju. Um passeio pelo bairro Santa Maria, no entanto, serve como prova irrefutável de que, na ótica da maioria dos políticos, o morador do Santa Maria só é levado em conta no momento que vai às urnas votar. Fora isso, está entregue à própria sorte. Imunda e sem a mínima estrutura para abrigar seres humanos, a antiga Terra Dura mudou de nome, nos últimos anos, mas os problemas são os mesmos. Ou piores.

Homicídios, roubos, furtos, brigas, ônibus assaltados e estupros espelham a violência que soa banalizada no local. Somando-se a esta realidade, a droga, o desemprego, a dificuldade para encontrar atendimento no posto de saúde, o lixo espalhado pelas ruas, o mal cheiro como cartão de visita e ruas sem calçamento e com fossas expostas compõem o cenário.

Sem condições financeiras de mudar dali para um bairro decente, onde sua dignidade não seja afrontada da forma mais violenta possível, o morador do Santa Maria demonstra não acreditar mais que algum político possa, simplesmente, cumprir a palavra dada a cada eleição e, se não resolver tudo em um só mandato, ao menos, minimizar o sofrimento através de ações que justifiquem o dinheiro pago pelo contribuinte.

Há mais de 10 anos moradora do Santa Maria, a feirante Evaneide dos Santos conta o que sente na própria pele, mas parece não existir nos discursos vistos no programa eleitoral. De acordo com ela, sem a construção de um mercado, "o jeito" é improvisar o comércio a menos de um metro da pista principal do bairro onde passam carros e motos a todo instante. Ali o tomate, a cebola, a batatinha e as demais verduras estão expostas ao consumidor a um palmo de uma poça de lama alimentada por um entre os vários esgotos a céu aberto encontrados no bairro. E olha que isso sob o sol forte. Se chover...

"A dificuldade maior (para comercializar) aqui é o mal cheiro e quando os carros passam aqui, passam de qualquer jeito: molham a gente e as mercadorias ficam todas meladas. Levo banho de cima pra baixo. Eu trabalho aqui doente por causa do fedor dessa rede de esgotos escorrendo a céu aberto. Eu queria que Edvaldo Nogueira fizesse alguma coisa por nós aqui. Porque para ele precisar de nós só no tempo da eleição, não pode. Aqui é atropelamento todo hora. Quando chove, as ruas Fábio Anchieta e a da Rua da Paz são as mais prejudicadas", lamenta.

Dona de uma barraca de roupas, Gleide Selma de Santana também tem mais de 10 anos que reside no Santa Maria. Ela parece já ter jogado a toalha. "Eu vendo roupas aqui e sempre foi assim. Nunca mudou. As ruas cheias de buracos, os carros quebram. Neste instante, ali teve um acidente. Quando chove, é pior (para comercializar os produtos) as meninas têm que colocar um negócio para levantar (as barracas). Pedras para á água não entra. Aqui fica tudo cheio. Aqui político só vêm em ano de eleição. Não é para falar a verdade, mesmo? Prometem tudo, mas não vejo nada. Dizem que vão arrumar a cidade...", observa.

Segundo Gleide Selma, quando o assunto é tratar a saúde, a situação não é muito diferente. "O posto médico está do mesmo jeito do começo. Não vi nada de reforma ali. A gente fica direto na fila, e pegar uma ficha só Jesus mesmo. A gente tem que acordar 5 horas da manhã, e olha lá que, às vezes, não consegue. Remédio, quando tem, às vezes falta. Médico tem", disse, apontando um resto de feira que, segundo ela, está no chão desde a semana passada. "Eles não recolhem o lixo da feira todas as semanas, não", assegura.

"A dificuldade são as ruas esburacadas e com esgotos a céu aberto e a saúde precária. Para conseguir um médico, só agendado para seis meses. Cobraria vergonha na cara dos políticos e olhar para o Santa Maria, que é o bairro que elege qualquer vereador em Aracaju. E está entregue à marginalidade. Segurança não tem. Quem faz somos nós mesmos", diz o estudante e morador do bairro, Mário dos Santos.

Dona Leninalva dos Santos, a Nalva, que reside no local há mais de 20 anos, lamenta que a Prefeitura de Aracaju, além de "não ter feito o serviço" (esgotamento sanitário e pavimentação), ainda destruiu a obra que ela mesma pagou para fazer com recursos próprios. "Esbagaçaram as ruas todinhas do conjunto e, até agora, não fizeram nada.Eu comprei cano para colocar na minha porta para o esgoto não ficar correndo a céu aberto, porque tenho uma criança especial e uma velha de 99 anos, para poder sair de casa e não pisar nos esgotos, mas vieram e arrebitaram tudo, e está lá arrebentado. A água entra por uma casa e sai pela outra. Meteram a máquina. Se adoecer um, só sai de carro de mão. Se de um pé d'água federal a gente nada na lama, e dentro de casa na água. Agora, todo mundo é bonzinho: aparece na televisão dizendo que no Santa Maria vai fazer isso e aquilo, mas quando ganha não faz nada", lamenta.

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