José Narbone: um judeu argelino em Sergipe, século XIX
Historiador Amâncio Cardoso revela como viveu um personagem singular Cotidiano 26/08/2023 18h43 - Atualizado em 26/08/2023 19h01 |Por Amâncio Cardoso(*)
Relativamente poucos estrangeiros fixaram moradia em Sergipe no século XIX. A província possuía menor atratividade econômica se comparada, por exemplo, com a Bahia ou Pernambuco. Mesmo assim, encontramos nos oitocentos imigrantes que aqui assentaram negócios e firmaram residência. Um deles foi José Narbone.[1]
Nascido em 1811 na cidade de Argel (Argélia), norte da África, Narbone chegou ao Brasil, pelo Rio de Janeiro, em 1840.[2] Em Sergipe, ele aportou na cidade de São Cristóvão em 1842.[3] Na antiga capital sergipana, o argelino passou a morar na casa número 05, na rua da Matriz, onde viveu como “negociante”.[4]
Narbone era de etnia hebraica. Porém, em termos de crença religiosa, ele se convertera ao protestantismo. Pois seu necrológio afirma, enfaticamente, que ele era “protestante”, mas sem declarar de qual denominação.[5] Porém, sua ascendência foi veiculada por várias fontes, confundindo origem étnica com religiosidade mosaica.
Neste sentido, o Correio Mercantil, jornal da Corte, por exemplo, noticiando sua ajuda aos pobres numa comissão durante a epidemia de cólera de 1855, o classificou, com certo ranço preconceituoso, de “Judeu caridoso”, e também de “um homem da religião de Moisés”.[6]
Já o Correio Sergipense, o denominou de “israelita”, que se refere tanto a quem pratica a religião judaica quanto aos descendentes de Jacó.[7]
Quanto ao Imperador D. Pedro II (1825-1891), que conheceu Narbone pessoalmente, o identificou como “argelino judeu”.[8] E numa relação de estrangeiros que viajavam num vapor da Bahia a Sergipe, ele foi registrado como “Hebreu”.[9]
Por fim, na sua certidão de óbito, de 1876, consta que o argelino foi enterrado numa área do cemitério de Aracaju para “acatólicos”, como soe ocorria quando o falecido não professava religião católica; o que seria o caso do negociante judeu-protestante.[10]
A partir de 1848, José Narbone intensificou suas viagens a Salvador-BA, para tratar de negócios. Ele também era agente representante da Companhia Santa Cruz de Paquetes a Vapor, sediada na capital baiana, que fazia o transporte de passageiros e mercadorias entre a Bahia e os portos de Sergipe.[11]
Sobre o estabelecimento de Narbone em Sergipe, há fortes indícios de que ele veio morar em São Cristóvão para representar a Companhia Santa Cruz, cujo diretor era o empresário baiano comendador Antonio Pedroso d’Albuquerque.[12]
Aqui na província, o agente Narbone teve participação efetiva durante a mudança da capital de Sergipe, de São Cristóvão para Aracaju, em 1855. Ele vendeu passagens no vapor Santa Cruz aos empregados provinciais que vieram da antiga para a nova capital. Bem como enviou, na mesma embarcação, a mobília do Palácio e da Secretaria da Presidência da Província, e seus respectivos funcionários.[13] Além disso, o argelino também transportou os livros e mobília da Biblioteca Provincial que veio de São Cristóvão para Aracaju.[14]
Além de sua participação na mudança da capital, Narbone também foi protagonista noutro episódio marcante na história nosológica de Sergipe. No segundo semestre de 1855, a epidemia de cólera grassou na província. O município de São Cristóvão, dentre outros, foi atingido. Então, José Narbone foi escolhido comissário do governo provincial para intermediar despesas com alimentos, medicamentos, doentes e mortos. Ele “fez mui importantes e valiosos serviços” e foi “sempre dedicado e humano”, relatou o Barão de Maruim (1809-1890), vice-presidente que administrou a província durante a calamidade.[15]
A bem da verdade, José Narbone foi um dos que mais se desdobraram nos serviços da Comissão de Socorro aos coléricos, através de um ponto sanitário - hospital improvisado nos salões do Convento do Carmo. Para levantar recursos em favor dos pacientes desvalidos, Narbone e demais membros da Comissão andaram “de porta em porta com uma bolsa a esmolar”. O dinheiro recolhido foi aplicado no levantamento e manutenção do ponto sanitário.[16]
Na função de comissário do governo provincial, o imigrante além de ajudar os enfermos de São Cristóvão e da Aldeia de Água Azeda[17], também distribuiu alimentos, tais como farinhas de mandioca e de trigo; carne; arroz; bolacha; além de lençóis de algodão, de baeta e roupas.[18]
Por conta disso e por “carregar doentes em seus ombros”, um certo “Imparcial de São Cristóvão” escreveu nota no jornal elogiando o argelino de “estrangeiro benemérito”, por sua “incansável” luta contra a epidemia.[19]
Ademais, ele foi distinguido entre os membros da Comissão de Socorro Público de São Cristóvão por fazer do hospital “quase sua morada”, abrindo “sua bolsa largamente à caridade”.[20] Outra contribuição de Narbone durante a quadra colérica foi emprestar dinheiro ao governo, sem juros, para enterramento das vítimas fatais da antiga capital.[21]
Três anos após o surto epidêmico, José Narbone ganhou o título de Oficial da Ordem da Rosa do governo imperial, pelo reconhecimento de suas ações contra o cólera.[22] A benevolência do argelino foi mais uma vez colocada em prática em 1872, quando ele participou do grupo que fundou em Aracaju a Loja Maçônica Cotinguiba, cujas atividades incluíam práticas filantrópicas.[23]
Em junho de 1856, o judeu saiu de São Cristóvão e passou a morar, investir e negociar em Aracaju.[24] Ele foi um dos primeiros investidores na construção e aluguel de imóveis na então recente capital, acreditando no crescimento imobiliário da nova urbe.[25] Aliás, seu propósito foi acertado. Pois, depois de vinte anos residindo na capital, o negociante acumulou 16 (dezesseis) casas: sete na rua da Aurora (atual rua da Frente), cinco na rua de São Cristóvão; duas na rua de Laranjeiras e duas na rua Japaratuba (atual João Pessoa).
Todas as casas de Narbone estavam localizadas na área projetada, ou quadrante Pirro, onde os imóveis adquiriam maior valor locativo. Dentre esses bens, no ano de 1876, dez estavam alugados; dois “em obra”; um “arruinado”; um “fechado”; um ocupado pelo proprietário e outro “dado a morar a Felippa Maria da Conceição”, sua segunda consorte.[26]
Em 1872, o argelino judeu ainda tentou construir um trapiche na rua da Aurora. Contudo, um grupo de moradores denominado “os Verdadeiros Sergipanos” reclamou à Câmara Municipal que negasse a petição de Narbone para levantar o trapiche em frente a uma de suas residências na Aurora. Eles alegavam que a obra prejudicaria a estética da via; o que já ocorria, por exemplo, com “um trambolho chamado trapiche Chagas, que muito a desfeia (sic) e tira-lhe grande parte da vista”.[27] O pedido dos moradores foi acatado. Ainda hoje, a Aurora (atual rua da Frente) é uma das mais belas avenidas da capital.
Em janeiro de 1860, durante a visita de Suas Majestades Imperiais, Narbone se fez presente como membro da comissão para a recepção dos augustos visitantes. Essa comissão era composta “pelos mais ricos proprietários e negociantes da província”. Neste sentido, o argelino doou 1:000$000 (um conto de réis). Oferta considerável para um estrangeiro estabelecido em Sergipe.[28] Só por comparação, a empresa alemã A. Scharamm & Cia., a mais sólida casa comercial na província, doou à dita comissão a metade do valor concedido por José Narbone.[29]
Ele também participou da cerimônia do beija-mão do Imperador D. Pedro II, como vice-cônsul do Uruguai e da França em Sergipe.[30] Rendendo homenagens aos ilustres visitantes, o negociante argelino se ofereceu “para servir de porta-bandeira na guarda do Paço, e aí permaneceu no seu posto de honra”. O gesto “espontâneo” foi considerado uma “prova de afeto” do imigrante ao soberano do país que o acolheu.[31]
Devido à disposição e generosidade durante a recepção de Suas Majestades, Narbone foi agraciado com o título de Comendador da Ordem da Rosa, adquirindo mais um grau depois do Oficialato.[32]
Sendo um empresário do seu tempo, o judeu possuía mão de obra escravizada. Mesmo com olhos “demasiadamente espertos”, como registrou o Imperador ao conhecê-lo, Narbone não foi suficientemente sagaz para evitar a fuga de alguns escravos. Assim, quando ele ainda morava em São Cristóvão escaparam-lhe os cativos Manoel (16 anos), fugiu em 1848; Tertuliano (30 anos) e João (28 anos), em julho e novembro de 1849 respectivamente; outro Manoel (42 anos), em maio de 1853. E quando o comendador passou a morar em Aracaju, fugiram-lhe Carlos e Antônio, em dezembro de 1858.[33]
Mas houve um de seus cativos que se manteve prestando-lhe serviço durante pouco mais de uma década. Foi Evaristo, seu “escravo de ganho”. Talvez, por sua relativa autonomia de transitar pelas ruas, Evaristo tivesse mais condições de se manter distante da tutela, ou do olhar “demasiadamente esperto” de Narbone.[34]
Viúvo do primeiro casamento, mas mantendo segundo vínculo conjugal com Felippa Maria da Conceição, Narbone deixou expressivo patrimônio para os herdeiros: Fortunata Narbone; Rachel Esther Narbone; Maria Narbone; Anna Narbone; Clara Esther Narbone[35] e Luís Napoleão Narbone.[36]
Bastante adoentado, “há longos meses prostrado no leito da dor”, sob o peso dos 65 anos de idade, o judeu argelino faleceu no dia 27 de outubro de 1876; e foi sepultado “na tarde de 28”, quatro meses depois de fazer seu inventário.[37] Ele sofria do que se denominava à época de “anasarca” - inchação geral no corpo ou hidropisia do tecido celular.[38]
José Narbone (1911-1876) residiu em Sergipe por “mais de 30 anos”. Apesar de viver numa província de poucos recursos, ele foi um homem próspero. Chegou jovem ao Brasil; trabalhou no comércio, como soe ocorrer com um judeu imigrante; levantou considerável patrimônio; conquistou títulos; fez parte de uma elite socioeconômica; de etnia hebraica, mas adotou o protestantismo; foi maçom, prestando serviços filantrópicos; “sempre considerado por suas boas qualidades e por seu caráter sincero”, conforme seu necrológio; foi um dos protagonistas para o sucesso da nova capital de Sergipe; conheceu duas mulheres, constituindo uma grande família.[39] Certamente, foi um homem feliz.
Enfim, por mais de três décadas, a interessante saga deste singular argelino esteve umbilicalmente ligada a Sergipe.
Amâncio Cardoso é professor de História, IFS-Campus Aracaju
[1] Em alguns documentos aparece grafado “Narboni” ou “Narbony”, mas usaremos “Narbone” como na maioria das fontes.
[2] Por equívoco, o pesquisador Luiz Antônio Barreto datou o nascimento de Narbone em 1806. Mas a historiadora Bruna Morrana acessou o registro de óbito do argelino, onde consta que ele morreu em 1876, com 65 anos, ou seja, Narbone nascera em 1811. O que confirmamos acessando a mesma base de dados da plataforma do site www.familysearch.org; conf. SANTOS, Bruna Morrana. Riqueza e Sociedade na Comarca de Aracaju: um estudo sobre a dinâmica familiar da primeira elite de Aracaju (1855-1889). São Cristóvão-SE, UFS/PPGH, 2018. p. 39. (Dissertação de História). Quanto a sua nacionalidade, é por demais sabido que Narbone era de Argel. Mas José Sebrão de Carvalho Sobrinho (1898-1973) escreveu que ele era “italiano”, mas não apresenta provas documentais. SEBRÃO SOBRINHO. Laudas da História de Aracaju. Aracaju: Prefeitura Municipal, 1955. p. 129.
[3] PEDRO II, D. Diário do Imperador na sua visita a Sergipe. Revista do IHGSE, Aracaju, v. 21, 1965, nº 26a, p. 69.
[4] A União Liberal. São Cristóvão, 11 de julho de 1854, n. 130, p. 04.
[5] Jornal de Aracaju, 01 de novembro de 1876, nº 745, p. 02.
[6] Correio Mercantil. Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1855, nº 359, p. 01.
[7] Correio Sergipense. Aracaju, 29 de dezembro de 1855, nº 61. p. 02.
[8] PEDRO II, Dom. Diário do Imperador na sua visita a Sergipe. Revista do IHGSE, Aracaju, v. 21, 1965, nº 26a, p. 69.
[9] BRASIL. Bahia, Salvador. Relações de passageiros e imigrantes, Livro 52, 29 de novembro de 1875. In Disponível em: https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QS7-89N5-K25M?cc=1928179. Acesso em: 27/07/2023.
[10] BRASIL. Sergipe, Aracaju. Paróquia N. Sra. da Conceição. Certidão de óbito de José Narboni. Livro de Óbitos nº 03 (manuscrito digitalizado), período 1874-1877, registro nº 2881, folha 84. Disponível em: https://www.familysearch.org/. Acesso em: 27/07/2023.
[11] Ver, entre outros jornais, Correio Sergipense. Aracaju, 04 de julho de 1855, nº 33, p. 02.
[12] Correio Sergipense. Aracaju, 03 de setembro de 1856, nº 47, p. 04. Ao empresário Antonio Pedroso d’Albuquerque fora concedido privilégio por 20 (vinte) anos para a “navegação por vapor entre o porto da cidade da Bahia até Maceió”, passando pelos portos de Sergipe (Rio Real, Sergipe e Cotinguiba), para isso recebendo dos cofres da província uma importância de “12 (doze) contos de réis anuais”. SÁ e BENEVIDES, Salvador Correia de. Relatório com que foi aberta a Assembleia Provincial de Sergipe, em 02 de julho de 1856. Bahia: Typographia de Carlos Poggetti, 1856. p. 19-20.
[13] Correio Sergipense. Aracaju, 23 de maio de 1855, nº 22. p. 03.
[14] Correio Sergipense. Aracaju, 17 de outubro de 1855, nº 47, p. 02.
[15] MAROIM, Barão de. Relatório com que foi entregue a administração da Província. Aracaju: Typ. Provincial de Sergipe, 27 de fevereiro de 1856. p. 19.
[16] Ofício do juiz municipal e delegado, Pedro Leão Velloso, ao Barão de Maroim. São Cristóvão, 29 de outubro de 1855. Manuscrito-APES, fundo CM3, v. 17.
[17] Antiga aldeia de Nossa Senhora da Fé, a aldeia de Água Azeda localizava-se próxima à cidade de São Cristóvão, entre os rios Vaza Barris e Poxim. Conf. DANTAS, Beatriz Góis. Índios e brancos em conflito pela posse da terra: Aldeia de Água Azeda, século XIX. In: Anais do VIII Simpósio Nacional de Professores Universitários de História, (Aracaju, setembro de 1975), São Paulo-SP, 1976. p. 421-452; PINTO, Carine Santos. O extinto aldeamento de Água Azeda e suas relações de conflitos com a Fazenda Escurial–SE (1933-1934). Crítica Histórica. Ano VIII, nº 15, julho de 2017. p. 185-207.
[18] Correio Sergipense. Aracaju, 22 de dezembro de 1855, nº 60, p. 03; Correio Sergipense. Aracaju, 09 de janeiro de 1856, nº 02. p. 03.
[19] No hospital montado em São Cristóvão pela Comissão foram atendidos “mais de 100 doentes”. Correio Sergipense. Aracaju, 05 de janeiro de 1856, nº 01. p. 04.
[20] Correio Sergipense. Aracaju, 29 de dezembro de 1855, nº 61. p. 03.
[21] MAROIM, Barão de. Relatório com que foi entregue a administração da Província. Aracaju: Typ. Provincial de Sergipe, 27 de fevereiro de 1856. p. 18-20.
[22] Jornal do Commercio. Rio de Janeiro, 02 de dezembro de 1858, nº 331, p. 05.
[23] SILVA, Clodomir. Álbum de Sergipe. Aracaju: Governo do Estado de Sergipe, 1920. p. 122.
[24] Correio Sergipense. Aracaju, 02 de agosto de 1856, nº 40, p. 04.
[25] Correio Sergipense. Aracaju, 03 de setembro de 1856, nº 47, p. 02.
[26] Jornal do Aracaju, 16 de setembro de 1876, nº 732, p. 04.
[27] Jornal do Aracaju, 26 de outubro de 1872, nº 320, p. 04.
[28] Correio Sergipense. Aracaju, 08 de outubro de 1859, nº 65. p. 04.
[29] Sobre a Casa de exportação A. Schramm & Cia., ver: ALMEIDA, Maria da Glória Santa de. Sergipe: fundamentos de uma economia dependente. Petrópolis-RJ: Vozes, 1984. p. 180-187.
[30] O vice-consulado exercido por Narbone era de representação comercial dos dois países em Sergipe, na falta de uma Embaixada na província. Conf. Almanck administrativo, mercantil e industrial. Rio de Janeiro, Ministério dos Estrangeiros, p. 174. O vice-consulado uruguaio de Narbone foi suspenso durante os seis meses da guerra do Brasil com a República Oriental, entre agosto de 1864 a fevereiro de 1865.
[31] GALVÃO, Manuel da Cunha. Viagem Imperial à Província de Sergipe. Salvador-BA: Typographia do Diário, 1860. p. 16 e 28.
[32] Correio Mercantil. Rio de Janeiro, 14 de março de 1860, nº 74. p. 01.
[33] Ver anúncios de fuga de escravos dos seguintes exemplares: Correio Sergipense. São Cristóvão, 24 de janeiro de 1849, nº 06, p. 04; Correio Sergipense. São Cristóvão, 14 de julho 1849, nº 49, p. 04; Correio Sergipense. São Cristóvão, 21 de novembro de 1849, nº 82, p. 04; Correio Sergipense. São Cristóvão, 11 de maio de 1853, nº 29, p. 04; Correio Sergipense. Aracaju, 07 de dezembro de 1858, nº 60, p. 04.
[34] Jornal do Aracaju, novembro de 1873, nº 429, p. 04 e outros vários números. Os jornaleiros, ou escravos de ganho, ou escravos ao ganho, ou ainda ganhadores eram cativos urbanos que realizavam trabalhos diversos: artesãos, barbeiros, quitandeiras, quituteiras, carregadores, etc. Muitas vezes os ganhadores não moravam na mesma casa de seu senhor, não tinham feitor, podendo circular mais livremente pelas ruas e praticar ofício que lhe garantisse sustento e alguma renda. No entanto, apesar da aparente liberdade, o escravo jornaleiro devia a seu senhor uma diária, que era para ele fonte de renda importante. Caso o escravo não conseguisse pagá-la, poderia perder o “benefício” do ganho e sofrer castigos. O que sobrasse do seu jornal, ou seja, da renda obtida no dia de trabalho, ele deveria usar na sua alimentação, moradia e outras despesas, o que desonerava bastante o senhor, que economizava nos gastos com a sobrevivência do escravo. Com ajuda das diárias, alguns cativos conseguiram acumular quantia necessária para comprar suas alforrias. Disponível em: http://historialuso.arquivonacional.gov.br/. Acesso em: 19/08/2023.
[35] Clara Esther Narbone casou-se no Rio de Janeiro, em 1885, com o português de Viseu, Joaquim Rodrigues Cardoso, na presença de sua mãe “legítima” Felippa da Conceição. BRASIL. Registros de casamentos [manuscritos] da Igreja Católica. Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 1885 (Manuscrito em imagem digital). Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:6X8N-2W2Q. Acesso em: 21 de agosto de 2023.
[36] SANTOS, Bruna Morrana. Riqueza e Sociedade na Comarca de Aracaju: um estudo sobre a dinâmica familiar da primeira elite de Aracaju (1855-1889). São Cristóvão-SE, UFS/PPGH, 2018. p. 43. (Dissertação de História).
[37] Jornal de Aracaju. 01 de novembro de 1876, nº 745, p. 02.
[38] BRASIL. Sergipe, Aracaju. Paróquia N. Sra. da Conceição. Certidão de óbito de José Narboni. Livro de Óbitos nº 03. Manuscrito em imagem digital, 1874-1877, registro nº 2881, folha 84. Disponível em: https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QS7-899T-J9F8-T?i=85&cc=2177298&cat=1482836. Acesso em: 27/07/2023. Os nomes dos pais de Narbone eram “incógnitos”, ou desconhecidos, como também o de sua primeira esposa, segundo sua certidão de óbito. Sobre a etiologia, sintomas e tratamento “anasarca” no século XIX, ver: CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão. Dicionário de medicina popular e das ciências acessórias para uso das famílias. 6ª ed. Paris: A. Roger & F. Chernoviz, 1890. p. 151-152. v. 01.
[39] Jornal de Aracaju. 01 de novembro de 1876, nº 745, p. 02.





