Juiz liga homicídios registrados em São Cristovão às drogas
Cotidiano 15/04/2012 12h00 |Por Mirella Mattos
O juiz Manoel Costa Neto, da Comarca de São Cristóvão, concedeu entrevista ao portal F5 News e, entre outros temas, comentou o problema das drogas no município. Costa Neto fala sobre o trabalho que vinha realizando na cidade em prol da recuperação de adictos, mas que teve que ser interrompido devido a problemas administrativos.
F5 News - O que motivou o senhor a trabalhar ativamente com a recuperação de jovens usuários de drogas? E por que desenvolver esse trabalho em São Cristovão?
Manoel Costa Neto – Primeiramente, o sentimento humano de ver tantos e tantos jovens mortos, tornados deficientes mentais ou condenados. Depois, o fato de ser juiz da Infância e Juventude, constatando que metade dos homicídios acontecidos no Município decorre das drogas; que jovens são levados à mercância de drogas, à prostituição, à prática de furtos, roubos e até homicídios, tudo por conta das drogas, tornando reféns das drogas todos os integrantes das famílias.
F5 News - O senhor possui estatísticas, quanto ao percentual de usuários de drogas em São Cristóvão? Quais os entorpecentes mais utilizados?
Costa Neto - Ninguém, nem mesmo os órgãos públicos de Saúde em todos os níveis (Ministério, Secretaria Estadual e Municipal), tem condições de aferir tal quantidade. A estatística se prende apenas a aqueles que buscam atendimento, seja nos órgãos de saúde, seja no Ministério Público, seja no Judiciário. É triste, mas sempre aplico a velha sabedoria popular aprendida na infância: quando avistarmos uma barata ou um rato, conclua que há dez outros escondidos. Não é comparação do drogadito com baratas ou ratos, mas, toda vez que algum deles procura ajuda em entidades públicas, é porque existem dez outros silentes, que ainda não chegaram no “fundo do poço” para virem pedir ajuda. Os entorpecentes utilizados em São Cristóvão são maconha, cocaína e crack. Não se pode esquecer que álcool também é droga, embora lícita, mas é a porta de entrada daquelas outras.
F5 News - Em 2010, o senhor criou o grupo jovem de narcóticos anônimos. Mas, infelizmente, esse trabalho teve de ser interrompido. Quando foi interrompido? Quais as razões que ocasionaram esse fechamento?
Costa Neto - O grupo chegou a ser instalado, com espaço próprio, pessoal técnico, etc. Entretanto, não se pode ir em frente, face a problemas administrativos. Precisaríamos de uma parceria efetiva do Município, através das Secretarias de Saúde, da Ação Social, e, principalmente de psicólogos, pedagogos e assistentes sociais, para acompanhamentos pessoais dos drogaditos, de suas famílias etc. O drogadito precisa ser continuamente esclarecido com atendimento pessoal e palestras semanais; sua família precisa ser reciclada, a fim de enfrentar a situação de uma nova maneira. As pessoas inicialmente designadas foram demitidas do Município há um ano e meio. A pessoa da Administração Municipal mais entusiasmada com o grupo era o secretário Geral Valdione Sá, que também foi demitido. Ficou dificílimo continuar.
F5 News - O que seria necessário para que o trabalho fosse retomado? O senhor tem a intenção de buscar esse propósito?
Costa Neto - Diante da situação administrativa municipal atual é quase impossível, embora não careça de muitos recursos para implementação.
F5 News - Quantos jovens em São Cristóvão participaram e foram ajudados pelo grupo? Desde o fechamento do grupo houve algum tipo de acompanhamento a esses jovens? O senhor teme que eles voltem a ser usuários de drogas?
Costa Neto - Foram mais de 20 encaminhados para o grupo. Tivemos seis jovens acompanhados até o fim, o que é muito pouco para o objetivo. Os demais foram interrompidos. Um viciado em geral, alcoólatra ou drogadito, nunca se torna “ex”, deve ser acompanhado pari passu, pois, do contrário, volta a reincidir; é compulsivo, diante da angústia interior que o impele a fugir da insuportável realidade. O acompanhamento que tem sido feito é nacionalmente ineficaz, que é ambulatorial através do CAPs AD. Como paliativo, instalamos os passos do Nar Anon do EBAL (Centro Espírita), que fica na Rodovia João Bebe Água, e estaremos instalando no próximo mês de maio, no Centro Esperança de Jesus, na Colônia Miranda.
Foto: Diógenes Di


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