Em entrevista concedida à TV Atalaia, a mãe da menina de quatro anos agredida pelo padrasto, em São Cristóvão (SE), contou detalhes do momento em que descobriu as agressões e do desespero ao perceber a gravidade do caso. Abalada, ela preferiu não ser identificada.

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Segundo o relato, o homem se ofereceu para levar a criança à escola na manhã do crime, enquanto ela se preparava para uma consulta médica. “Pedi que ele a levasse porque eu não teria tempo. Ele disse que levaria, e eu confiei”, contou.

A mulher disse que começou a desconfiar quando o padrasto demorou mais do que o habitual para voltar. “A escola é muito próxima. Ele costumava chegar por volta das sete e cinco, mas dessa vez demorou. Quando ele apareceu, veio com ela chorando, toda machucada. Disse que um cachorro teria se jogado na moto e derrubado os dois”, relatou.

De acordo com a mãe, o homem manteve a versão de que a menina havia se ferido em um acidente com um cachorro. “No hospital, o médico disse que ela tinha levado uma pancada forte. Ela precisou levar dois pontos na cabeça. Depois começou a vomitar. Mesmo assim, eu ainda achava que podia ter sido o cachorro”, afirmou.

Mais tarde, ao conversar com uma amiga, ela começou a desconfiar da história. “Algo me dizia que aquilo não estava certo. Ele saiu dizendo que ia trabalhar, mas quando voltei pra casa, ele já tinha fugido. Levou metade das roupas dele”, contou.

Pouco depois, a mulher soube da verdade. “Começaram a chegar mensagens no meu celular e vídeos nas redes sociais mostrando o que ele tinha feito. Quando vi, comecei a passar mal. Não acreditei que ele tinha mentido pra mim”, disse emocionada.

A mãe revelou ainda que a filha tem autismo e estava em processo de acompanhamento médico. “Ela é uma criança especial, sensível. Eu sempre cuidei dela com todo amor e jamais imaginei que ele pudesse fazer isso”, lamentou.

A mulher afirmou que o suspeito, que também frequentava uma igreja, se mostrou frio e sem arrependimento. “Ele foi comigo ao hospital, como se nada tivesse acontecido. Depois, ligou apenas para pedir perdão. Disse que tinha feito uma besteira. Eu perguntei por que ele não se matou junto, porque destruiu a nossa vida”, desabafou.

Por fim, a mãe fez um apelo para que casos de violência sejam denunciados. “Quero que as pessoas não se calem. Que denunciem, porque nenhuma criança merece passar por isso”, concluiu.

A Polícia Civil também revelou que mãe de criança agredida também era vítima do padrasto.

Entenda o caso

Um vídeo que mostra um homem agredindo uma criança de quatro anos no Conjunto Eduardo Gomes, em São Cristóvão, circulou nas redes sociais e gerou grande comoção. O agressor foi identificado como o padrasto da vítima.

A Polícia Civil de Sergipe informou que o caso é investigado pela Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) do município. Testemunhas já foram ouvidas, e as roupas da vítima, com vestígios de sangue, foram encaminhadas ao Instituto de Criminalística.

A criança passou por exames no Instituto Médico Legal (IML) e está sob os cuidados de familiares em ambiente seguro. As buscas pelo suspeito continuam.

A polícia reforça o pedido de colaboração da população. Informações que possam ajudar na localização do agressor podem ser repassadas anonimamente pelo Disque-Denúncia 181, com garantia de sigilo absoluto.