Nos últimos meses, a imprensa tem noticiado diversos casos de jovens que apresentavam um mal súbito enquanto desenvolviam atividades, seja na academia ou no ambiente de trabalho. No cenário atual da saúde cardiovascular, dados alarmantes revelam um crescimento significativo nas internações por infarto agudo do miocárdio ao longo dos últimos anos.

Para entender melhor essa tendência e suas implicações, o F5 News conversou com o cardiologista Antonio Carlos Sobral Sousa, professor titular do departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS), coordenador da cardiologia de um hospital particular em Aracaju e membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação.

Antonio Sousa cita um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia, que evidencia o aumento de internações por infarto agudo do miocárdio em mais de 150% nos últimos quinze anos, conforme também noticiou o F5 News.

No entanto, o cardiologista enfatiza a importância de analisar a taxa de incidência em uma faixa etária da população, para uma compreensão mais completa. 

Segundo o especialista, diversos fatores de risco para a aterosclerose — obstrução das artérias coronárias, geralmente associada ao acúmulo de gordura — contribuem para o aumento do infarto entre os jovens. "Os quatro principais são a hipertensão, o colesterol alto, o diabetes e o tabagismo", afirma Sobral ao F5 News. Além desses, a obesidade, o sedentarismo e o estresse também desempenham papéis cruciais.

"Cada vez mais estudos mostram que esses fatores, quando controlados, podem reduzir significativamente o risco de infarto, chegando a mais de sessenta por cento, e em alguns casos até noventa por cento”, acrescentou.

O cardiologista Antonio Sousa observa que mudanças no estilo de vida, como o consumo de alimentos ultraprocessados e o sedentarismo, estão contribuindo para o aumento dos fatores de risco entre os jovens. "A obesidade, alimentação inadequada e o uso de cigarros eletrônicos estão se tornando cada vez mais comuns, especialmente entre os adolescentes", disse ao portal. 

Sintomas

Vale ressaltar que é importante diferenciar o infarto do miocárdio da morte súbita, segundo o especialista. "O infarto é uma morte de uma parte do tecido vivo de um órgão, causada pela obstrução de uma artéria coronária. Já a morte súbita pode ser causada por diversas condições, muitas delas congênitas", explica Sousa ao F5 News.

Diante dos sintomas de infarto, como dor no peito, palidez, sudorese e dor que pode irradiar para o braço esquerdo, o cardiologista destaca a importância de procurar atendimento médico imediatamente. "A conduta mais importante é chegar ao hospital o mais rápido possível, pois a desobstrução da artéria coronária pode ser realizada com sucesso com medicamentos ou cateterismo cardíaco", explica o também professor.

"Prevenir o infarto é prevenir a principal causa de morte no mundo", ressalta Sousa, descartando uma suposta relação entre vacinas e o aumento das internações por infarto. Ao contrário, o cardiologista enfatiza que as vacinas são fundamentais para a saúde pública e contribuem significativamente para a longevidade da população.