Dia do Psicólogo: entenda a regulação emocional dos profissionais da área
Brasil tem alto índice de transtornos mentais e o maior universo mundial de ansiosos Cotidiano | Por F5 News 27/08/2023 07h30 |Uma sala, duas cadeiras— geralmente poltronas —, duas pessoas: uma disposta a falar e a outra a escutar. No ar, paira o sentimento de acolhimento, nas palavras a sinceridade, ao menos em tese. Um encontro que gera transformações e que transcende as particularidades humanas.
Esse cenário descreve resumidamente as sessões de terapia e, neste domingo, 27 de agosto, é celebrado o Dia do Psicólogo, profissão responsável por mediar a evolução pessoal do ser humano.
Por mais que a imagem corriqueira seja a de profissionais atuando como no exemplo acima, em terapia direta com pacientes, o trabalho também se desdobra nas políticas públicas, na assistência social, no sistema de justiça, na segurança pública, nos esportes, nas escolas, isto é, em todos os contextos humanos.
A Psicologia chegou ao Brasil no século passado, mas só foi regulamentada como profissão em agosto de 1962, com a Lei nº 4.119, assinada pelo ex-presidente João Goulart. Em 1971, seriam implementados os Conselho Federal e Regionais de Psicologia, órgãos que atendem as necessidades da categoria.
Muitos profissionais que hoje são graduados sempre desejaram atuar na área. Esse é o caso de Israel Jairo, psicólogo formado há dez anos. Antes de iniciar na área, Jairo começou uma graduação em História, mesmo sabendo que não iria seguir essa carreira no futuro. “A psicologia é uma profissão gratificante, que traz um uma sensação muito boa de que o seu trabalho é necessário e funcional para o ajustamento de outras pessoas”, disse ao F5 News. A psicóloga Thais Lopes comunga da mesma paixão pela profissão. Ela atua sob a perspectiva da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), atende adolescentes, adultos e idosos, com foco em avaliações psicológicas para cirurgias bariátricas e metabólicas.
Para ela, onde há relações humanas, há espaço e demandas por trabalhos emocionais e sociocognitivos, mesmo que ainda tenha resistência. “Enfrentamos tabus, mitos sociais e muitas pessoas não buscam o seu tratamento psicológico e/ou psiquiátrico por preconceito, por desconhecimento de como pode ser beneficiado em sua saúde física e mental”, disse Thais ao F5 News.
Atuam em todo o Brasil mais de 440 mil profissionais da área, fazendo do país o líder mundial nesse universo, segundo o Conselho Federal de Psicologia.
Essa circunstância pode ser atribuída, em parte, ao alto índice de transtornos mentais. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) levantou que, comparado a outros países, o Brasil apresentava o maior percentual de pessoas ansiosas, com 9,3% da população.
Um levantamento feito pela Vittude - plataforma que conecta pacientes a psicólogos das mais diversas linhas de abordagem terapêutica -, divulgado também em 2019, mostrou que 86% dos brasileiros sofriam algum tipo de transtorno mental, como ansiedade e depressão, divulgou na ocasião a revista Veja.
A amostra foi significativa - 492.790 pessoas por todo o país. Os dados coletados pela plataforma consideraram sensações e sentimentos vividos nos setes dias que antecederam a pesquisa, realizada entre outubro de 2016 e abril de 2019.
Os profissionais da mente não estão imunes a desenvolver transtornos emocionais, por esse motivo, suas atividades se associam a mecanismos de cuidado com as próprias questões internas - a chamada regulação emocional -, de modo a melhor lidar com o sofrimento dos pacientes.
Quando questionado sobre essa necessidade, Israel Jairo reforçou a relevância de praticar a regulação emocional. “Nós fazemos uma atividade chamada de supervisão, isto é, o psicólogo sempre está em processo de terapia, e esse processo é supervisionado por outros para que a gente consiga ajustar e regular melhor as nossas emoções Também procuramos ter uma vida saudável, com atividades que sejam prazerosas e que possam dar algum ganho emocional para a nossa experiência profissional”, disse ele ao F5 News.
Thais Lopes explicou ao portal suas estratégias para manter o equilíbrio emocional: “Faço minha psicoterapia semanalmente, com supervisão clínica sempre que necessário. Além disso, gosto de estar em contato com a natureza, ir à praia, fazer exercícios, curtir o silêncio e o descanso, encontros com familiares e amigos, e amo viajar”.
“Todo profissional precisa de tempo de qualidade para se cuidar e descansar. Os que trabalham na área da saúde precisam também estar bem para cuidar do outro”, completa.





