Por Fernanda Araujo

Sergipanos opinam sobre o aborto de fetos anencéfalos

A anencefalia é uma má formação do tubo neural, que caracteriza a ausência parcial do encéfalo ou da calota craniana. Bebês com anencefalia têm expectativa de vida muito curta. Motivo de várias polêmicas em todo o mundo, o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro irá se reunir e possivelmente decidir nesta quinta-feira (12), a partir das 14h, a autorização ou não de que grávidas de fetos anencéfalos interrompam a gestação. Até ontem, o Supremo já tinha cinco votos a favor do aborto nestes casos.

O F5 News realizou uma enquete com sete pessoas que opinaram sobre o aborto de fetos anencéfalos. Confira.

Grazielle Valéria de Lima, estudante de Administração.  “É um crime e não deixa de ser uma vida. Sou totalmente contra e apesar de todo o sofrimento, a criança não vai deixar de ser filho para uma mãe. Vai cuidar com todo o carinho, tanto quanto fosse uma criança normal. A filha de uma amiga minha não nasceu assim, mas nasceu com o cérebro menor e pra fora do crânio, os médicos deram de dois a três meses de vida, hoje a menina está com um ano e dois meses. Então, eu acredito em milagres”.

Alisson Dias, publicitário.“Eu sou a favor, eu me baseio naquela frase ‘Penso, logo existo’. Logo uma criança que não tem cérebro não existe”.

Filipe Moura, estudante de Gestão de Tecnologia da Informação.“Neste caso sou a favor sim. Se fosse meu filho eu apoiaria o aborto, porque eu não seria feliz de ter um filho que nasceu sem cérebro. É a mesma coisa uma pessoa que está em coma pra sempre, é melhor desligar os aparelhos”.

Tâmara Melo, gestora de RH e psicóloga.“Eu sou a favor, não existe um ser, é um feto que tem pouca ou quase nenhuma chance de vida. Você cria uma expectativa de vida que os pais não têm controle. Os pais se sentem na obrigação de cuidar, desenvolver, mas sem o cérebro a pessoa não sobrevive. Talvez os pais tenham amor, carinho, mas vai ser algo frustrante, porque mexe com o emocional e com toda estrutura familiar”.

Elaine Melo, técnica em Análises Clínicas.“Sou a favor, quando se trata dessa situação, de serem anencéfalos, pois os bebês anencéfalos não têm uma vida, não existe a capacidade de raciocinar, sentir, se locomover entre outras habilidades que um ser humano possui. Serão eternos dependentes de outras pessoas, isso quando sobrevive por um tempo maior do que a medicina supõe. É bem diferente de uma pessoa com Síndrome de Down, má formação genética, entre outras anormalidades que possam ocorrer em uma gestação”.

Jennifer Tavares, recepcionista.“Sou contra completamente. Sabemos que na visão humana não tem solução pra esses casos, é ma formação, porém, eu acredito que é crime, é um ser humano que foi gerado e infelizmente nasceu com um problema sério. Já pensou se todos os bebês que nascem com defeito fossem abortados? Não existiria ninguém no mundo. Todos têm defeitos, acho que deve viver e com certeza vai acontecer o que tiver que acontecer. Sem contar que se olharmos pelo lado da fé, Deus pode fazer maravilhas. Ele faz coisas que nem imaginamos, então, entre o aborto por qualquer motivo que seja e a fé, eu escolho a fé”.

João Camilo, estudante de Jornalismo.“A favor, porque é praticamente uma gestação funeral. O fator psicológico é muito grande, o fato de você saber que ao nascer ela irá morrer é muito impactante. Não é questão de não ser 'a favor da vida', é muito fácil pensar que se está 'matando alguém'. A dor da mãe que carrega um filho que já nascerá morto é gritante, além de todos os danos físicos causados ao corpo de uma mulher que carrega um filho por nove meses, e depois não terá para onde (quem, no caso) direcionar aquele resultado corporal (o leite que ela produziu durante esse período, por exemplo). Outra coisa que vale ressaltar, caso o aborto de fetos anencéfalos se torne algo permissível, evita-se que clínicas clandestinas continuem atuando por aí. Já que é algo autorizado para esses casos, não teria porque as pessoas irem atrás de algo ilegal -não que isso fosse extinguir essas clínicas, até porque os preços seriam menores, mas já reduziria em muito a quantidade delas”.

Foto: Humberto Alves