Sergipe possui apenas 5,50% de remanescente de Mata Atlântica
Matas do Junco e Crasto são as principais áreas protegidas do Estado Cotidiano 07/07/2012 10h13 |Por Sílvio Oliveira
Dos poucos mais de 1 milhão de hectares de Mata Atlântica existentes na época da colonização de Sergipe, apenas 65 mil hectares sobrevivem no estado hoje, ou seja, 5,50% ainda remanescem dos 54% desse bioma que cobria toda a faixa litorânea sergipana. Os dados são do Ministério do Meio Ambiente, catalogados em 2010. A especulação imobiliária, a monocultura e carcinicultura são apontadas como os principais agentes causadores da extinção da Mata Atlântica no menor estado da federação.
A situação é ainda mais grave quando se comparam os índices com os outros sete estados nordestinos que apresentam esse tipo de bioma. Sergipe (5,50%) está no topo do ranking, configurando-se como o estado de menor índice de Mata Atlântica, seguido por Pernambuco (5,55%), Alagoas (10,4%) e pela Paraíba (16%).
Lizaldo Vieira, diretor do Movimento Popular Ecológico (Mopec) (foto ao lado), alerta para essa negativa estatística, já que, conforme o ambientalista, a situação pode ser ainda mais grave se retirados desse contexto os ecossistemas associados à Mata Atlântica, a exemplo de mangues, lagoas, restingas e regiões de dunas. “Estima-se que no Estado tenha apenas 1% de remanescente da Mata e o pior, o maior PIB do Estado está dentro do domínio de Mata Atlântica. A especulação imobiliária é muito grande nas áreas urbanas e a monocultura devasta o que resta no interior”, explica.
Em Sergipe, dos 5,50% que apontam o Ministério do Meio Ambiente, apenas 1,39% está protegido por unidades de conservação federais e estaduais. A Mata do Junco, no município de Capela, e o Crasto, no município de Santa Luzia do Itanhi, estão entre as principais reservas protegidas, perfazendo mais de 1.500 hectares.
Em Aracaju, o Morro do Urubu, situado no bairro Industria, é uma área de Mata, porém, considerada antrópica, ou seja, que passa por processos de mudança gerados pelo homem. A região das lagoas da Zona de Expansão também é considerada um ecossistema associado, além dos manguezais bastante ameaçados na área litorânea, que vão desde a foz do São Francisco até a divisa com a Bahia, no povoado de Mangue Seco.
Lizaldo Vieira lembra de uma situação bastante peculiar ao estado de Sergipe: a área de catação da mangaba. Segundo ele, as catadoras do fruto estão passando por problemas, pois as mangabeiras nativas estão sendo devastadas para dar lugar a condomínios residenciais, empreendimentos turísticos e lotes para monocultura. “É um problema que já está chamando atenção das autoridades, pois está acabando com as mangabeiras nativas de Sergipe”, aponta.
Preservação e água
No refúgio de vida silvestre da Mata do Junco, o macaco Guigó é um símbolo, con
siderado o último primata descoberto na Mata Atlântica do país. O macaco foi descoberto, mas já é reconhecido como umas das espécies de primatas mais ameaçadas de todo o continente americano. Endêmico de Sergipe e da Bahia, o Guigó é um símbolo de que a Mata necessita de maior atenção.O ambientalista Lizaldo Vieira destaca que, nos lugares onde se preserva a Mata Atlântica, percebe-se literalmente o clima ameno, o ar puro e a ventilação natural. “Em áreas de Mata, a ação do sol é amenizada pelas árvores. E o mais importante, há pesquisas que confirmam o bioma de Mata Atlântica como mais importante em valores de biodiversidade da fauna e da flora do que o Amazônico. É o mais rico do planeta em infinidade de espécies. Cada metro que se preserva é bastante significativo “, alerta.
Para se ter uma ideia, as áreas remanescentes de Mata Atlântica de Sergipe são provedoras de água. É das nascentes na Mata do Junco, em Capela, que a cidade é abastecida. Há remanescentes perto da estação de tratamento do Imbura e também em Estância. “A população de Capela já entendeu que tem que preservar”, afirma Lizaldo, completando que quando se preserva há benefícios também que refletem no estado de espírito. “O canto com a natureza descansa a mente. É um refúgio natural”, avalia.
Frente Parlamentar
O desafio de preservar o que ainda resta será um dos principais objetivos da Frente Parlamentar de Defesa do Meio Ambiente, lançada na quinta-feira (28/ 06), na Assembleia Legislativa de Sergipe. A proposta é ser um espaço de debate sobre projetos de lei que envolvam o desenvolvimento sustentável, a qualidade de vida e a preservação dos ecossistemas.
Nos próximos dias o coordenador da ONG Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, estará em Sergipe para observar a região da foz do São Francisco, seus ecossistemas e povoados.
Lizaldo Vieira avalia que o lançamento da Frente Parlamentar vai impulsionar a criação de leis que busquem maior conscientização ecológica. “É um espaço de diálogo entre os parlamentares e a sociedade, através de ONGs, sindicatos e terá uma interface para buscar projetos de leis”, diz.
A Frente de Defesa do Meio Ambiente poderá ser mais um dos componentes da rede de proteção que terá à frente grandes desafios numa sociedade onde morar perto da praia é um ideal.
Manguezais e restigas fazem parte dos ecossistemas associados da Mata Atlântica
Fotos: Sílvio Oliveira


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