Por Will Rodriguez e Carolina Sousa

O cenário de instabilidade econômica vivido nos últimos anos pelo Brasil tem provocado uma mudança de comportamento entre os jovens. A procura pelo primeiro emprego tem sido antecipada por muitas pessoas que antes pensavam em esperar pela conclusão da graduação para ingressar no mercado.

É uma geração que já não quer mais depender dos pais e sabe que para alcançar a tão sonhada independência precisa corresponder às expectativas de um mercado em intensa transformação e sempre exigente.

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O estudante de Engenharia Civil, Vinicius Andrade, está no 8º período do curso e mesmo faltando um ano para ter o diploma em mãos já se preocupa com seu futuro profissional porque, segundo ele, até o acesso a estágios para a sua área está restrito. “Se a gente não está conseguindo estágio que é primário, imagina um emprego”, diz.

A preocupação do Vinicius tem fundamento. Os jovens têm sido os mais prejudicados com o desemprego. Em 12 meses o mercado de trabalho demitiu mais de 2 milhões de trabalhadores de até 24 anos. Para o universitário, a falta de experiência dos profissionais recém-formados é determinante nessa conjuntura.

“O profissional que está saindo agora da faculdade tem capacidade, mas não tem a experiência. Entre contratar alguém com ou sem experiência você acha que a empresa fica com quem?! Ainda mais no meu curso que, para adquirir a experiência, precisa estar fora da academia por que a gente lida com projetos, obras, não fica só na teoria”, opina José.

O Vinicius e outras centenas de jovens que também tentam uma colocação no mercado participam nesta quinta-feira (20) da Feira de Estágio e Empregabilidade, que acontece no campus Farolândia da Universidade Tiradentes (Unit), na zona sul de Aracaju.

O evento reúne empresas de vários segmentos e instituições de fomento ao trabalho, como explica a coordenadora do Unit Carreiras, Janaina Machado. “A universidade é uma formadora de talentos e precisa pensar no mercado que vai absorver esses profissionais. Nessa primeira edição fizemos questão de convidar a sociedade e várias empresas para que este fosse uma oportunidade do aluno estar mais próximo ao mercado de trabalho”, afirma.

Além das palestras e orientações sobre os desafios do mercado de trabalho, os participantes podem retirar a Carteira de Trabalho. Foi o que aconteceu com o estudante Esmeraldo Gurgel, que aos 17 anos e mesmo estando no ensino médio, já quer ter o documento em mãos. “Me cadastrei para uma vaga de jovem aprendiz e eles pedem que tenha a carteira. Caso me chamem na seleção, já quero estar com a minha”, justifica.

O que as empresas esperam?

A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC) divulgada pelo IBGE revelou um crescimento de 40% na taxa de desocupação em Aracaju. Segundo o levantamento, existem 74 mil pessoas sem uma ocupação formal na capital sergipana.

Este ano, mais de 14 mil vagas de emprego com carteira assinada já foram perdidas em todo estado, mas ainda assim os especialistas afirmam que há sim postos de trabalho disponíveis, inclusive para aqueles que têm pouca ou nenhuma experiência. “É na crise que a gente cresce e inova, e a inovação vem desses jovens”, destaca Janaína. 

Mas se há vagas, por que o desemprego não desacelera? Na ótica da consultora em RH, Claudia Barreto, falta preparo comportamental daqueles que concorrem a uma vaga de emprego, o que pode ser decisivo na hora da contratação.

“Muitas vezes eles não vão preparados para o processo, falta interesse, falta conhecer mais sua área. A habilidade técnica é muito importante, claro, o candidato vai passar por testes, afinal, ele é chamado para entrevista por conta da formação, mas, na avaliação inicial procuramos alguém que tenha interesse, saiba por que está ali e tenha brilho nos olhos”, comenta.

Programação

A Feira acontece até às 22 horas. Na programação, a consultora Claudia Barreto, ministra uma palestra sobre estratégias para ser bem sucedido numa entrevista de emprego a partir das 20 horas no bloco F. Veja a programação completa aqui.