Copa antes da Copa: a febre dos álbuns de figurinhas
Paixão move colecionadores a completar álbum que é lançado desde a Copa de 1990 Esporte | Por Emerson Esteves 18/09/2022 12h30 - Atualizado em 18/09/2022 13h00 |Antes mesmo da bola entrar em campo, do show da abertura da Copa do Mundo e do espetáculo que os grandes jogadores das 32 seleções proporcionam, nos meses que antecedem o maior evento de futebol do mundo acontece um fenômeno que movimenta multidões e gerações: o momento de preencher o álbum da Copa.
“Minha relação com a Copa é de acompanhar todos os jogos, gosto muito do momento festivo e do clima no país. Acho que preencher o álbum nesses meses que antecedem fazem com que a expectativa vá crescendo e deixando a gente ansioso para o evento”, disse ao F5 News a pesquisadora e jornalista Gabriella Ferreira, de 24 anos.
No Brasil, o álbum é publicado a cada quatro anos desde a Copa de 1990, pela empresa italiana Panini, sempre previamente à realização do evento.
A tradição de mais de 30 anos coloca em jogo a paixão de colecionadores e fanáticos por futebol, sejam eles crianças, ou até mesmo adultos que somente conseguem realizar o sonho de tentar preencher o álbum nesta fase da vida.
A estudante de engenharia civil Roberta Souza, de 26 anos, comenta a experiência de entrar na brincadeira na fase adulta: “É muito massa porque é um momento, é um acontecimento. Estou aproveitando uma memória de infância na vida adulta, como se fosse a primeira vez, como se fosse algo novo", disse ela ao F5 News.
"É muito massa a sensação de marcar pra trocar figurinha, ver quantas figurinhas estão faltando, quem o outro tirou e você não tirou, acho que isso aí é uma das melhores coisas”, completa.
Já para Gabriella Ferreira, o maior prazer no momento de preencher o álbum é a possibilidade de compartilhar essa experiência com seu irmão mais novo, de 11 anos.
“É uma troca muito legal e é uma sensação muito divertida ver meu irmão mais novo nessa euforia que eu também sentia na idade dele. Como ele é fã de futebol, ele se anima quando pega algum jogador que gosta. Vejo que ele consegue interagir com vários colegas da escola para fazer a troca e também expressando mais a comunicação dele com outras pessoas quando vamos em locais que fazem essas trocas, como shoppings”, contou a jornalista ao F5 News.
Nem tudo são alegrias na febre do álbum da Copa do Mundo do Qatar no Brasil. No início de setembro, o Procon-SP notificou a Panini devido a diversas reclamações de consumidores que estavam com os prazos de entrega dos álbuns e das figurinhas atrasados.
Na plataforma Reclame Aqui, o número de reclamações passou de 556 no dia 1º de agosto para uma média de 10 mil por dia entre 22 e 29 do mesmo mês.
Além da entrega dos produtos, uma outra reclamação que tomou o público foi o preço das figurinhas. Na Copa da Rússia, em 2018, cada pacotinho estava sendo comercializado por R$ 2. Agora, os aficcionados pelo álbum da Copa que estão tentando completar as 80 páginas terão que desembolsar o dobro, R$ 4 por cada pacotinho com 5 figurinhas cada.
“Segue a linha do que a gente está vivenciando. Tudo quanto é tipo de compra está tudo muito mais caro. Inclusive brinco bastante que no momento que eu virei adulta as coisas passaram a ser extremamente caras. Torna um pouco mais difícil também reservar uma graninha para comprar as figurinhas, mas estamos tentando”, afirmou a universitária Roberta Souza, ao comentar o desafio de tentar preencher o álbum tendo que gastar mais.
Uma alternativa que se consolidou como uma das mais benéficas ao bolso dos aficionados pelo álbum tem sido os esquemas de trocas de figurinhas realizados formalmente em pontos nos shoppings de Aracaju e de forma informal com amigos, no intervalo da escola e faculdade, em grupos de Whatsapp etc.
“Por isso estou fazendo meio que uma "regra". Só compro novos pacotinhos quando troco todas as repetidas que tenho. Acho que além do álbum - comprei o de brochura, o mais simples -, devo ter gastado por volta de 100/150 reais até então e já preenchi 60% do álbum”, declarou a pesquisadora Gabriella.
Durante as andanças pelos postos de trocas, ela destaca as experiências com pessoas de diferentes idades e o quão único é esse momento prévio à Copa do Mundo.
“Conheci pessoas de diferentes estilos, crianças e suas mães, adultos mais velhos que são fãs de futebol, pessoas da minha idade que curtem colecionar. É um momento muito divertido, de interação e em todas as vezes que fui tudo ocorreu bem tranquilo e de forma respeitosa”, disse ao portal.
Para elas, e outros tantos brasileiros que adquiriram o álbum - o número preciso de vendas não foi divulgado pela Panini -, a Copa já começou.
Pontos de troca de figurinhas em Aracaju
Nos shoppings RioMar e Jardins, em Aracaju, a parceria das livrarias Escariz e Leitura proporciona aos colecionadores um ponto para se encontrar e trocar figurinhas. O espaço de troca está aberto todos os dias. Os encontros oficiais acontecem aos sábados, das 10h às 13h e às quintas-feiras, das 18h às 21h.
A Panini lançou um guia para facilitar as trocas e deixá-las mais justas. Você pode conferir clicando aqui.
Novidades do álbum em 2022
Uma das novidades desta edição do álbum da Copa foram as figurinhas "Legends", que possuem colorações brilhantes e são mais raras. Outra novidade foi o lançamento do álbum virtual, disponível na versão web ou como aplicativo para Android.
Lucros Panini
Na Copa de 2018, o faturamento do Grupo Panini foi de, aproximadamente, 1,14 bilhão de euros, de acordo com Antonio Allegra, diretor de Mercado da companhia. Para 2022, mesmo com um cenário de recuperação econômica pós pandemia, estima-se que a empresa seja capaz de até dobrar essa receita.





