Por F5 News

André Moura diz que base parlamentar está unida com Temer

O deputado André Moura (PSC), líder do governo Temer no Congresso Nacional, quebrou o silêncio sobre a crise provocada pela delação do empresário Joesley Batista apontando uma série de crimes que teriam sido cometidos pelo presidente Michel Temer. Em sua primeira entrevista desde a divulgação dos diálogos entre Joesley e Temer, publicada na edição desta segunda-feira (22) do semanário Cinform, o parlamentar sergipano assegura que, apesar da instabilidade, a base aliada deve se manter leal ao governo.

Com um total de 411 governistas no Congresso, André Moura diz que, após a liberação dos áudios da conversa entre Temer e Joesley, o clima de tranquilidade começou a se estabelecer em Brasília e aliados estão desistindo de abandonar o barco. “A base parlamentar está unida em torno do presidente. Fizemos um trabalho muito forte nesses dois dias. E a união está acontecendo”, afirmou.

Depois do encontro na noite deste domingo (21), que reuniu 17 ministros, 23 deputados e seis senadores de diversos partidos no Palácio da Alvorada, alguns partidos aliados afastaram o risco de debandada da base aliada, a exemplo do PSDB, DEM e PPS.

Preocupado com a repercussão negativa das declarações dos donos da JBS, ao Cinform, André Moura também tratou de afastar a possibilidade de ter recebido recursos, ainda que de forma legal, do grupo empresarial, cujas doações beneficiaram mais de 1.800 políticos na campanha de 2014, quatro deles sergipanos. “A mim eles nunca doaram nada”, disse.

Numa avaliação sobre a turbulência desencadeada pelas acusações dos irmãos Batista, Moura vê extremismos e faz uma crítica severa ao empresário da JBS, no mesmo tom adotado pelo presidente em seu pronunciamento no último sábado.

“Ninguém poderia imaginar que ele (Joesley) seria tão irresponsável com o Brasil... Tudo que aconteceu na semana passada só serviu para o vagabundo do Joesley especular e ganhar muito dinheiro do povo brasileiro”, ajuíza. E completa: “Nós seguiremos trabalhando para superar essa situação, uma vez que a nossa economia está diretamente ligada à situação política”, conclui André Moura.

Desdobramentos

Apesar dessas declarações, há dissidentes dentro da base que devem continuar pressionando pela saída do governo.

Um dos desdobramentos mais aguardados é o resultado da perícia que está sendo feita pela Polícia Federal para detectar se houve ou não edição na gravação divulgada da conversa entre Temer e o dono da JBS, Joesley Batista.

Neste domingo, a PF disse que não há prazo para concluir a perícia e solicitou ao ministro do STF Edson Fachin acesso ao gravador usado por Batista. Segundo a polícia, a análise do equipamento é fundamental para que se possa avaliar a integridade do áudio.

Já na quarta-feira, o plenário do Supremo analisa o pedido da defesa de Temer para que o inquérito autorizado por Fachin contra o presidente seja suspenso até que a Polícia Federal conclua a perícia.

*Com BBC
Foto: André Dusek