Prefeito vai decretar Situação de Emergência Financeira em Canindé
Política 26/04/2016 14h56 |Por Fernanda Araujo
O prefeito de Canindé do São Francisco, Heleno Silva (PRB), vai decretar, até sexta-feira (29), Situação de Emergência Financeira no município. O prefeito alega que Canindé não tem recursos para manter a Prefeitura servindo à população, devido à queda de arrecadação para R$ 6 milhões no Fundo de Participação Municipal (FPM), mas principalmente no ICMS, que teve baixa para R$ 1,5 milhão.
Na ótica do prefeito, Canindé do São Francisco está vivendo a pior situação entre os demais municípios brasileiros. O município perdeu 50% das receitas que vêm do FPM, ICMS e dos royalties, os dois últimos sendo os maiores problemas, segundo Heleno Silva. Do ICMS do Estado, a cidade recebia entre 14 e 15%, o que dava um valor de R$ 5 a 6 milhões por mês. “Estamos recebendo agora só 4%”, diz. Os royalties do uso da água da hidrelétrica de Xingó também sofreram queda. Devido à seca do rio São Francisco o uso da água diminuiu para 800 m³ a vazão. “Canindé tem perdido 800 mil reais por mês, desde julho de 2015”, afirma.
Para o prefeito, a receita este mês não deve chegar a R$ 5 milhões. Ele aponta a folha de pagamento dos 1.200 servidores efetivos com um dos gargalos que colocam as contas do município em risco. “A estrutura administrativa de Canindé é muito grande, ela foi montada no tempo em que Canindé era uma cidade rica, a folha de efetivos já passam dos R$ 4 milhões”, conta, ressaltando que ano passado foi aprovada lei com aumento de salário e incorporações que chegam a R$ 12 mil.
Há gastos ainda em contratos com médicos, professores, dentistas, agentes de saúde que, segundo ele, chegam a R$ 700 mil. Custos ainda com merenda escolar, combustível, água, transporte escolar, limpeza pública, compra de remédios e equipamentos hospitalares passam de R$ 1 milhão. Para o prefeito os recursos recebidos atualmente não dão para manter o município dignamente. “Vamos rediscutir. Quero que o sindicato discuta com a gente, acho que tenho obrigação de falar, as pessoas não sabem o que está acontecendo em Canindé, enquanto isso fica a população achando que o prefeito é que é ruim”, lamenta.
Em janeiro de 2013, a arrecadação foi R$ 10.400 milhões, no mesmo período deste ano caiu para R$ 6,5 milhões (mesmo com a inflação acumulada em quase 20%), quando deveriam receber R$ 12 milhões, alega o prefeito. E esse problema afetou também a continuação dos programas sociais do município. “Tínhamos o programa Bolsa Canindé, para ajudar 2.500 famílias extremamente pobres, bolsa para alunos de universidades públicas, transporte de graça para 500 universitários, o programa Mamãe e Bebê que ajudava gestantes com alimentação e doação de enxovais. A perda esse ano vai ser de R$ 45 milhões, o ano passado foi R$ 19 milhões. Qual gestão, qual município que suporta uma perca em dois anos de R$ 64 milhões?”, questiona.
Medidas
O prefeito alerta que pode demitir médicos, prejudicando a qualidade do serviço de atendimento à população, para tentar aliviar a situação. “As medidas eu já fiz, vou ver o que dá para fazer mais. Imagine ter que parar programas sociais e de saúde relevantes. Por outro lado, o governo federal atrasa os repasses para os programas. É difícil. Se me perguntar o que vai dar, eu não sei”.
O decreto vai permitir ao prefeito rever contratos e fornecedores, adequar os gastos e pagamentos de acordo com a realidade do município. “Vamos ver se consegue rever algumas leis. A solução é só uma: refazer o município administrativamente, diminuir a folha de efetivos. Mas a culpa não foi minha, foi de gestões passadas”, afirma.


Em discurso no Acre, presidente criticou motim de parlamentares

Pacote de ajuda considerará variações dentro de um setor

Com apoio de 41 senadores, oposição protocola medida no Senado e pressiona Davi Alcolumbre a dar andamento ao processo contra ministro do STF

Número de assinaturas dentro do pedido é apenas simbólico

Motim no plenário tentou impedir julgamento de Bolsonaro no STF