Por Will Rodrigues

O presidente da Câmara Municipal de Aracaju (CMA), o vereador Vinícius Porto (DEM),  decidiu se posicionar sobre a polêmica envolvendo os seus pares Lucimara Passos (PcdoB) e Agamenon Sobral (PP), na semana passada, envolvendo a suposta notícia de que uma mulher tentou casar sem calcinha, em Maceió (AL), mas foi impedida pelo padre. Agamenon disse que ela deveria levar uma surra e provocou o protesto de Lucimara, que exibiu uma calcinha na tribuna da Casa. O presidente da CMA ocupou a tribuna, nesta terça-feira (2), para lamentar a postura dos envolvidos e apresentou uma advertência verbal aos vereadores, que foi entregue posteriormente por escrito.

Justificando sua atitude como uma resposta às criticas que recebeu pelos fatos protagonizados naquela casa, Vinícius disse ter ficado “entristecido” porque num determinado momento a CMA foi utilizada para prática de “um ato que não faz parte do perfil que o cidadão brasileiro espera, pois no ano passado, a população foi às ruas cobrando moral, ética e responsabilidade dos políticos”, ponderou.

O presidente da Câmara relembrou as falas de Agamenon e Lucimara e considerou que houve excesso no posicionamento de ambos. Ele revelou que tentou conversar com os parlamentares. “Tentei convencer que houve excesso, mas eles discordam. A  resposta de Lucimara  por exemplo foi de que ‘quem cuida da minha imagem sou eu’. Mas, cuida da imagem desta casa somos todos nós”, alegou Vinícius.

Com base nos artigos 95 do Regimento interno e 98 da Lei Orgânica, que estabelece como incompatível com decoro, usar expressões impróprias contra outro ou fazer acusações levianas e abuso das prerrogativas asseguradas ao vereador, respectivamente, o presidente da Câmara apresentou uma advertência contra Lucimara e Agamenon.

“Todos se sentiram ofendidos com as manifestações e eu não poderia ficar calado diante de tantos questionamentos, provocados por aqueles a quem devemos dar satisfação. Adverti por achar que que houve excesso”, justificou Vinícius pedindo compreensão.

Os vereadores citados podem entrar com recurso que precisa ser votado em plenário para que a advertência seja retirada.

Repercussão

O vereador Agamenon Sobral disse discordar com a medida, pois segundo ele, não estaria "incluído nessa situação”. Em seguida, declarou que vai entrar com recurso e preferiu não comentar mais o assunto.

Já a vereadora Lucimara Passos, manifestou sua indignação diante da atitude. “Considero essa medida, uma injustiça muito grande, mas que revela muito da nossa sociedade. Cada vereador representa o pensamento de uma parcela da sociedade que foi criada a partir de uma cultura machista e que enxerga a mulher como uma extensão do homem, secundaria, colocando-a numa situação de submissão, apesar da nossa luta por libertação”, protestou emocionada.

A parlamentar ainda acusou o presidente da Câmara de omissão. “Assistimos a um circo de atitudes machistas que defendem moral acima da integridade física de uma mulher.  Esse crime equivale a minha atitude.  O senhor presidente se omitiu em penalizar Agamenon Sobral. Hoje eu me considero uma vitima do machismo, do interesse político acima de qualquer coisa. Se fosse da base aliada não estaria sendo punida da mesma forma”, sentenciou.

Vários vereadores manifestaram apoio a decisão da mesa diretora, com a ressalva de que houve uma demora para que fosse tomado um posicionamento mais efetivo.

Fotos: Arquivo F5 News