Aposentados falam sobre as dificuldades enfrentadas
Cotidiano 24/01/2013 14h54 |Por Fernanda Araujo
Os cabelos prateados e as mãos enrugadas marcam uma vida de trabalho e dedicação, desses homens e mulheres que tentam desfrutar da tão sonhada aposentadoria. Vendo-os sentados em um banco da praça ou no calçadão do centro, jogando dama ou marcando os números da loteria, quase não se imagina as dificuldades que enfrentam.
Segundo a maioria dos aposentados, o trabalho por eles desenvolvido ao longo dos anos não é tão valorizado como teoricamente aparenta. No Brasil, as dificuldades da vida de um inativo continuam as mesmas, há anos.
Na data em que celebra o Dia do Aposentado, 24 de janeiro, Leonilda Martins de 57 anos, ex-funcionária de uma empresa particular, conta que o mais difícil é conseguir comprar os inúmeros remédios com o valor que recebe. “O que eu recebo de todo o esforço que dei nesses 40 anos de serviço não é nada”, afirma. Alguns ainda na ativa por necessidade, como é o caso do seu Joaquim Barbosa, de 62 anos, enfrentam a dura realidade da desvalorização e dos direitos negados. Para ele não há o que comemorar.
Há apenas dois meses aposentado, José Humberto dos Santos, de 66 anos, já começa a sentir o peso do descaso. “Estou recebendo dois salários mínimos e não dá quase pra nada. Já estou acostumado a passar fome com o dinheiro que ganho, que é pouco demais”.
Discretamente marcando a lotomania no calçadão da Rua João Pessoa, Francisco Alves dos Santos, 75 anos, está há 22 anos aposentado do Estado e na teoria deveria receber R$ 4 mil de aposentadoria. Relembrando os bons tempos de 1956 em que serviu ao Exército e à Companhia Nacional de Navegação do Rio de Janeiro, ele demonstra insatisfação com os dias atuais. “Você trabalha, tem o dinheiro para receber e não recebe. Fica de governo para governo e nada resolve. Para nós que demos a vida ao trabalho ficamos tristes com a falta de valorização. Enquanto a gente fica triste dentro dos nossos direitos, o Estado não reconhece. Inclusive na idade em que eu estou. Eu queria 100 vezes o tempo antigo”, relata.
Seu Francisco ainda questiona: – Eu sou um velho, o que estava em minhas mãos não se vê mais. O que mais dói é saber que tenho direitos, mas, não é a mim dado. Pagamos impostos, planos de saúde e ainda somos faltados com o respeito e com o direito. Chegamos a algum lugar e não somos bem recebidos. Onde ficou o respeito e a moral?
No entanto, no meio de todo esse dilema, um aposentado consegue ver pontos positivos. “Me sinto valorizado da mesma forma como era antigamente, acho que estou aproveitando aquilo o que trabalhei, aproveitando a vida. Nós só temos uma vida e temos que aproveitar e saber que aposentadoria é pra você viver e aproveitar aquilo que você trabalhou”, avalia Fernando Macedo, aposentado há 10 anos como Juiz (foto ao lado).
Mas, para muitos, entre decisões e indecisões na Constituição, pagamento de tributos e o fator previdenciário, que reduz em até 40% do valor da aposentadoria, fica somente as lembranças de uma vida muitas vezes injustiçada pelo Estado e marcada pela indiferença dos legisladores.
Foto principal: Eduardo Metroviche


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